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Caso Kauã e Joaquim

Em depoimento, ex-pastor Georgeval pediu pausa para lanchar

Um dia depois da morte das crianças, o ex-pastor agiu de forma estranha, durante seu depoimento prestado em delegacia


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Imagem ilustrativa da imagem Em depoimento, ex-pastor Georgeval pediu pausa para lanchar
Georgeval Alves, durante interrogatório na CPI dos Maus-tratos, em Vitória, mostrou o pé sem queimaduras, mas com uma bolha, que teria sido causada pelo incêndio, que ocorreu em sua casa, em Linhares. |  Foto: Rodrigo Gavini

O comportamento do ex-pastor Georgeval Alves Gonçalves durante as investigações que apuraram as mortes do filho dele, Joaquim Salles Alves Gonçalves, 3 anos,  e de seu enteado, Kauã Butkovsky, 6 anos, foi essencial para que a Polícia Civil mudasse o rumo da investigação. 

Segundo o responsável pelas investigações na época do crime, delegado Romel Pio de Abreu Junior, além de acompanhar o trabalho da perícia  por uma das janelas do quarto onde aconteceu o incêndio, um dia depois da morte das crianças, o ex-pastor agiu de forma estranha, durante seu depoimento prestado em delegacia.

“Durante as oitivas, contando um cenário de tristeza e que seria o pior momento da vida dele, ele pediu uma pausa para lanchar. Quando eu perguntei  se ele tinha alguma lesão, ele colocou os pés em cima da mesa para mostrar a bolha no pé”, revelou o delegado. 

Romel  disse que o nível de frieza apresentado por Georgeval assustou toda a equipe que atuava naquele dia, acompanhando o depoimento do acusado. 

“A gente acompanhou toda essa frieza. Se eu contasse uma piada, era capaz de ele sorrir. É claro que eu estou só dando um exemplo por conta do comportamento estranho. Ele quis a todo momento controlar a oitiva e ali a gente percebeu”, afirmou. 

As atitudes de Georgeval durante o depoimento foram suficientes para que os delegados, que até então já tinham criado uma força-tarefa para apurar o caso, pedissem exames complementares que comprovariam os crimes praticados por ele mais tarde, segundo a polícia. 

“Nós começamos a ter certeza dos fatos à medida que fomos ouvindo testemunhas, e a versão dele não batia com as delas, além dos laudos periciais. À medida que recebíamos os laudos, nós tínhamos certeza de que a versão dele não se  sustentava. No final, nós concluímos que ele havia violentado as crianças e incendiado a casa com as crianças dentro”, revela. 

Leia mais em:

Polícia segue em busca de motorista de carro encontrado em Vitória

Júri de ex-pastor acusado de matar filhos deve durar 3 dias


O QUE O DELEGADO DIZ SOBRE


“Eu me emocionava todos os dias”

Imagem ilustrativa da imagem Em depoimento, ex-pastor Georgeval pediu pausa para lanchar
o delegado Romel Pio de Abreu Junior disse que nível de frieza apresentado por Georgeval assustou a equipe. |  Foto: Antonio Moreira

Veja alguns trechos da entrevista com o  responsável pelas investigações na época do crime, delegado  Romel Pio de Abreu Junior.

Emoção

“Em vários momentos eu me emocionei durante a investigação. Meu  filho mais velho tinha na  época 1 ano e pouco. Sempre que eu chegava em casa depois do trabalho e abraçava meu filho eu me emocionava”. 

“Não era só isso. Toda a equipe estava comovida: durante as investigações, a cada resultado que evidenciava que o evento havia sido criminoso, aquilo ia causando mais emoção em toda a equipe”. 

Abuso sexual

“Um episódio que eu me recordo foi o dia em  que se constatou o PSA (exame que detecta sêmen) no organismo das crianças”.

“Isso e mais outros elementos, que demonstraram a violência no corpo delas, o encontro de sangue no banheiro, mas esse resultado que encontrou PSA demonstrou que elas não haviam sido só vítimas de um homicídio, mas que elas haviam sido  abusadas sexualmente”.

Equipe

“Quero frisar que todo esse trabalho só foi possível pela equipe que montamos, com o doutor André Costa, responsável pela Delegacia de Homicídios,  Suzana Garcia, pela DPCA, além de  André Jaretta. Eles  foram profissionais que contribuíram bastante para as investigações”.

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