Defesa de Georgeval pede dispensa de testemunha por conta de entrevista
A Justiça, porém, não acatou o pedido e o tenente-coronel Benício Ferrari, do Corpo de Bombeiros, iniciou depoimento
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O primeiro dia de julgamento de Georgeval Alves Gonçalves foi retomado no início da tarde, desta terça-feira (18), após uma pausa de cerca de 40 minutos para o almoço. A segunda testemunha convocada pelo Ministério Público do Espírito Santo para ser ouvido é o tenente-coronel Benício Ferrari, que na época da morte de Kauã e Joaquim era comandante do 2º Batalhão do Corpo de Bombeiros, em Linhares.
A defesa do ex-pastor pediu a dispensa da testemunha, alegando que ele deu uma entrevista e chamou o réu de "monstro". No entanto, o juiz Tiago Faváro Camata, que comanda o júri popular, não atendeu ao pedido e determinou que o bombeiro seja ouvido no julgamento.
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Também durante entrevista ao jornal A Tribuna e ao Tribuna Online, o tenente-coronel afirmou que Georgeval parecia frio e até comentou isso com o delegado Romel Pio, que investigou a morte dos irmãos, além aparentemente forçar o choro. "Minha sensação foi: 'eu estou diante de um monstro, um psicopata'. Aquele que não tem emoção associada às ações mais absurdas”. Nessa hora, eu gelei!", declarou Ferrari na entrevista
Durante o depoimento, o tenente-coronel reforçou que a entrevista só foi concedida depois que as investigações foram concluídas pelo Corpo de Bombeiros.
"Antes disso, a gente é até proibido de falar com a imprensa. Não houve contato com a imprensa antes de ser concluído esse laudo. Uma vez concluído o laudo, cheguei a conclusões usando o método científico, sou atrelado a conclusões que cheguei. Não viu ser parcial porque tenho a certeza científica daquilo que conclui", afirmou Ferrari.
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O tenente-coronel endossou o depoimento do delegado Romel Pio, dizendo que acusado só pediu socorro depois que saiu da casa e revelou que o ex-pastor não ligou para o Corpo de Bombeiros.
"Assistindo a câmera de segurança voltada para a casa, chamou a atenção que o Georgeval, aparentemente, só pediu ajuda depois que o primeiro carro chegou na casa. Antes disso, ele poderia ter pedido ter ajuda, poderia ter telefonado para o Quartel do Corpo de Bombeiros. O quartel fica muito perto, cerca de 200 a 250 metros do local. Não buscou ajuda e isso chamou a atenção do que ele estava fazendo no quintal. Ele não estava fazendo nada. Depois que o primeiro carro chegou, ele saiu correndo desesperado com a mão na cabeça", disse.
Antes do tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, o delegado Romel Pio, que foi responsável pelo inquérito que apurou a morte de Kauã e Joaquim, foi a primeira testemunha arrolada pelo Ministério Público do Espírito Santo.
Crianças estavam vivas quando incêndio começou
Em depoimento durante o julgamento, o tenente-coronel Benício Ferrari, do Corpo de Bombeiros, deu detalhes da conclusão dos laudos da corporação sobre o incêndio no quarto que resultou na morte dos irmãos Kauã e Joaquim. Uma das conclusões, com base nas análises técnicas e científicas, foi de que as crianças estavam vivas no momento em que as chamas começaram.
"No laudo cadavérico, deu a informação de que as crianças tinham fuligem nas vias aéreas superiores. Quer dizer, elas aspiraram fumaça durante o incêndio, elas estavam vivas quando começou a pegar fogo", disse o bombeiro
Segundo Ferrari, os laudos apontaram ainda que o índice de carboxiemoglobina - indicador da exposição ao monóxido de carbono e ao diclorometano - no sangue dos irmãos estava muito baixo.
"Isso quer dizer elas respiraram monóxido, mas foi por muito pouco tempo. Quando uma pessoa está exposta a um ambiente de incêndio em um cômodo fechado, o índice de carboxiemoglobina tende a subir rápido, é o que a literatura mostra. A única situação em que a carboxiemoglobina aparece no sangue, mas aparece muito baixa, é em um incêndio muito rápido. Em uma das crianças o índice de carboxiemoglobina era tão baixo quanto de um fumante passivo", explicou o bombeiro.
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