Caso Íris Rocha: acusado de matar enfermeira grávida no ES vai a júri popular hoje
Cleilton Santana dos Santos será julgado pelo assassinato de sua ex-namorada, Íris Rocha, que estava grávida de oito meses
O júri sobre o assassinato da enfermeira Íris Rocha de Souza, morta a tiros em Alfredo Chaves, Região Serrana do Espírito Santo, será realizado nesta segunda-feira (01), a partir das 9h, no município.
Íris estava grávida de oito meses, de uma menina, que se chamaria Rebeca. Ela foi assassinada no dia 11 de janeiro de 2024, aos 30 anos, e o acusado é seu ex-namorado e pai da criança, Cleilton Santana dos Santos, de 27 anos. Ele está preso.
Na última sexta-feira (28), em entrevista para a reportagem de A Tribuna, a aposentada Márcia Rocha, 62 anos, mãe de Íris, disse esperar que Cleilton confesse o crime e seja condenado a pena máxima.
“Acredito que, pelo menos das últimas vezes, ele não tinha confessado o crime, nem esboçado nenhuma emoção. Gostaria e espero que ele se arrependa, mas que ele confesse o crime, assuma a responsabilidade, já que ele nunca assumiu antes. Eu só quero que ele pegue a pena máxima e a Justiça de Deus, porque essa nunca falha”.
O advogado Fábio Marçal, assistente de acusação, disse esperar uma condenação justa, para que a pena tenha caráter de reprovação pelo crime e também pedagógico.
“Para desestimular a prática do crime e visando que quem praticar vai saber que ficará atrás das grades, fora do convívio em sociedade. A Justiça tem sido muito célere em casos semelhantes e espero que o júri seja finalizado no mesmo dia”, afirmou Fábio Marçal.
A delegada titular da Delegacia de Alfredo Chaves, Maria da Glória Pessotti, disse que um ponto-chave na investigação foi o cartão bancário encontrado com o corpo, pois Íris estava sem documentos.
“Jogamos no sistema e tinha cinco pessoas com o mesmo nome de Íris, porque o nome no cartão de crédito fica abreviado. Fizemos buscas até encontrar a família. Também ficou comprovado que a mesma arma encontrada na casa dele foi a arma que ele usou para matá-la, pela perícia”.
Procurada, a defesa de Cleilton afirmou que o habeas corpus impetrado no Superior Tribunal de Justiça continua pendente de análise. “Ainda assim, o andamento desse pedido não interfere na realização do julgamento”, informou.
Segundo a defesa, a expectativa é de um júri técnico, conduzido de forma tranquila e direta, respeitando o ritmo do procedimento.
RELEMBRE O CASO
Crime
A enfermeira Íris Rocha de Souza, 30 anos, foi morta a tiros em Alfredo Chaves, Região Serrana do Estado, no dia 11 de janeiro de 2024.
O corpo foi encontrado pela polícia às margens de uma estrada rural coberto com cal.
Íris estava grávida de 8 meses de uma menina que se chamaria Rebeca.
Ela tinha outro filho de 8 anos e morava em Jacaraípe, na Serra.
Investigação
Segundo a delegada titular da Delegacia de Alfredo Chaves, Maria da Glória Pessotti, o corpo foi deixado a cerca de 1 metro abaixo da estrada de chão.
A polícia diz que a intenção de Cleilton Santana dos Santos, de 27 anos, ex-namorado da vítima, era de que o corpo rolasse morro abaixo.
“Talvez, ela nunca fosse encontrada. Como o corpo ficou entre árvores, ele jogou cal, para ocultação do cadáver”, disse a delegada.
As cápsulas encontradas no local do crime têm o mesmo número de série das munições que foram encontradas no cofre, na casa de Cleilton.
Imagens
Câmeras registraram suspeito e vítima de mãos dadas, na pracinha de Domingos Martins, na noite do crime.
“Ele fez várias viagens à Região Serrana, na tentativa de achar um local que ele considerava adequado para se livrar do corpo, depois que cometesse o crime”, diz a delegada.
Prisão
Cleilton foi preso sete dias após o crime. Segundo as investigações, o motivo seria a desconfiança dele quanto à paternidade da menina.
Exames de DNA, no entanto, confirmaram que ele era o pai.
Cleilton está no Centro de Detenção Provisória de Vila Velha, desde 18 de janeiro de 2024.
Julgamento
Cleilton irá a júri popular em 1º de dezembro, em Alfredo Chaves, na Região Serrana do Estado.
A decisão é do juiz Arion Mergar, da Vara Única de Anchieta, responsável pelo processo.
Na sentença de pronúncia, que encaminha o réu ao Tribunal do Júri, o magistrado destacou que “os indícios de autoria restaram corroborados pela farta prova testemunhal produzida na instrução”.
Penas
Advogados estimam que Cleilton, caso seja condenado por quatro crimes, pode ter uma pena em torno de 40 anos de reclusão, uma vez que ele não tem condenação anterior.
Eles afiram que, na prática, é muito difícil ver a aplicação de penas máximas e isto certamente não ocorrerá em réus primários.
Os advogados observam que os cálculos são simulativos, pois cada juiz pode fixar patamares diferentes.
Considerando as penas máximas, elas podem chegar a 73 anos de reclusão: homicídio qualificado até 30 anos; feminicídio até 30 anos; ocultação de cadáver até 3 anos; aborto até 10 anos.
Cumprimento
Mesmo que a soma ultrapasse 50 anos, o cumprimento máximo no Brasil é de 40 anos.
Se condenado, ele continua preso, embora possa recorrer e o tempo que está preso até o julgamento conta no tempo que deve cumprir.
Fonte: Especialistas, delegada Maria da Glória Pessotti e pesquisa/AT.
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