Bruno chegou a revidar após primeiro tiro, e arma não foi encontrada, diz PF
Polícia acredita que a pistola de Bruno possivelmente caiu no rio
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O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Eduardo Fontes, disse que os relatos colhidos nas investigações indicam que o indigenista Bruno Pereira, 41, chegou a realizar cinco disparos após ser atingido pelo primeiro tiro.
Bruno e o jornalista britânico Dom Phillips foram mortos na região do Vale do Javari (AM), num crime que jogou pressão sobre o governo Jair Bolsonaro (PL) por evidenciar o cenário de conflito ambiental na Amazônia e de insegurança de lideranças que atuam na defesa de indígenas.
Em entrevista à rádio Gaúcha veiculada nesta terça-feira (21), Fontes afirmou que, a partir do momento em que Bruno recebeu o segundo disparo, a lancha em que viajava com Dom ficou desgovernada. Com isso, a pistola de Bruno possivelmente caiu no rio.
"Quando [Bruno] leva o segundo tiro, a embarcação se perde. Ele avança no barranco com muita força e nesse momento, provavelmente, a arma foi para o rio, porque ela não foi encontrada", disse Fontes na entrevista.
"As armas [dos executores] foram jogadas ao rio, segundo eles [suspeitos]. E o Bruno também tinha uma pistola, a vítima tinha porte de armas. Ela chegou a disparar, segundo eles, cinco vezes em direção a eles depois que ele [Bruno] leva o primeiro tiro", disse Fontes, em outro trecho da entrevista.
De acordo com o delegado da PF, as informações foram colhidas nos depoimentos de suspeitos de participação no crime.
Ele não detalhou quais foram os suspeitos que fizeram esse relato, mas a PF já informou anteriormente que Amarildo Oliveira, conhecido como Pelado, disse em depoimento que Bruno respondeu aos disparos.
Amarildo é um dos suspeitos que, segundo a polícia, confessou participação no duplo homicídio. Jefferson da Silva Lima, conhecido como Pelado da Dinha, também admitiu ser um dos executores.
O terceiro suspeito de envolvimento direto nas mortes, Oseney Oliveira (o Dos Santos), nega. Apesar disso, investigadores dizem que uma testemunha o colocou na cena do crime.
Além dos três detidos por suspeita de envolvimento nos assassinatos, outras cinco pessoas já foram identificadas por terem auxiliado na ocultação dos cadáveres. Elas prestaram depoimento e, segundo Fontes afirmou na entrevista, confessaram participação no crime de ocultação.
De acordo com a perícia feita pela Polícia Federal, Bruno e Dom foram mortos com armas de caça. O indigenista foi atingido por três tiros, enquanto o jornalista foi morto com um disparo.
O exame, realizado pelos peritos da PF, indica que a morte de Dom foi causada por "traumatismo toracoabdominal por disparo de arma de fogo com munição típica de caça, com múltiplos balins [chumbinhos presentes em cartuchos de espingarda], ocasionando lesões principalmente sediadas na região abdominal e torácica".
Já a morte de Bruno foi "causada por traumatismo toracoabdominal e craniano por disparos de arma de fogo com munição típica de caça, com múltiplos balins".
A PF diz ainda que, segundo a perícia, o indigenista foi atingido por dois tiros no tórax/abdômen e um outro tiro na face/crânio. Os exames ocorrem em Brasília, e a expectativa das autoridades é que os corpos sejam liberados até quarta-feira (22).
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