Bancos revelam os golpes que mais fazem os clientes perderem dinheiro
Segundo Febraban, tentativa de fraude via WhatsApp e vendas falsas estão entre os principais recursos usados por criminosos
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Do celular ao cartão de crédito, passando por falsas ofertas na internet. Com um número expressivo de vítimas, bancos alertam para os golpes mais registrados.
Dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) apontam que, no ano passado, os golpes do WhatsApp, as vendas falsas e os falsos funcionários de banco lideraram as tentativas de fraude relatadas por clientes.
Segundo a Federação, os bancos não têm poupado esforços e, sobretudo, investimentos, no combate a crimes. “Temos investido constantemente e de maneira massiva em campanhas de conscientização”, afirmou Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços da Febraban.
O consultor especialista em segurança privada Emir Pinho destacou que, nos últimos anos, as fraudes financeiras evoluíram de forma acelerada.
“O avanço tecnológico — aliado ao uso de inteligência artificial e engenharia social — elevou o nível de sofisticação dos golpes, tornando-os mais convincentes e difíceis de identificar”.
Ele citou que a inteligência artificial, por exemplo, tem permitido usar vozes clonadas, deepfakes e disparos automáticos, tornando as abordagens mais realistas.
Além disso, citou a personalização de ataques, com dados vazados ou extraídos de redes sociais. “Isso permite golpes sob medida”.
Outro fator que tem dado sofisticação aos golpes é o aprimoramento da engenharia social.
“O foco deixou de ser apenas 'invadir sistemas' e passou a manipular emoções, induzindo decisões rápidas”.
O coordenador dos cursos de Sistema de Informação da Faculdade UCL, João Paulo Chamon, relatou que os golpes mais comuns hoje estão relacionados a transferências por Pix.
Para ele, para se proteger, as pessoas precisam desconfiar de contatos feitos em nome de bancos e instituições financeiras.
“O banco não liga para o cliente. Na dúvida, vá até uma agência. De maneira nenhuma faça qualquer transferência sem checar as informações”.
Para ele, o alto número de registros desse tipo de golpe ainda está atrelado à falta de punição para esses criminosos. Além disso, aponta a falta de medidas mais rigorosas pelas empresas de telecom para “barrar” esses contatos de centrais telefônicas com as vítimas.
Saiba mais
Golpes mais aplicados em 2024 no País
1º Golpe do WhatsApp - 153 mil
2º Falsa Venda - 150 mil
3º Falsa Central/funcionário - 105 mil
4º Phishing - 33 mil
5º Falso Investimento - 31 mil
6º Troca de Cartão - 19 mil
7º Falso Boleto - 14 mil
8º Devolução de empréstimo - 8 mil
9º Mão Fantasma - 5 mil
10º Falso Motoboy - 5 mil
Os principais golpes
1 - Golpe do WhatsApp
Como é
O golpista descobre o número do celular e o nome da vítima de quem pretende clonar a conta de WhatsApp. Com essas informações, tenta cadastrar o WhatsApp da vítima em seu aparelho.
Para concluir a operação, é preciso inserir o código de segurança que o aplicativo envia por SMS sempre que é instalado em novo dispositivo.
Os fraudadores enviam uma mensagem pelo WhatsApp fingindo ser do Serviço de Atendimento ao Cliente de site de vendas ou de empresa que a vítima tem cadastro. Eles solicitam o código de segurança, afirmando se tratar de uma atualização/protocolo, manutenção ou confirmação de cadastro.
Como evitar
Uma medida simples para evitar que o WhatsApp seja clonado é habilitar, no aplicativo, a opção “Verificação em duas etapas”.
Dessa forma, é possível cadastrar uma senha que será solicitada periodicamente pelo app.
2 - Golpe da falsa venda
Como é
Criminosos criam páginas falsas que simulam e-commerce, enviam promoções inexistentes por e-mails, SMS e mensagens de WhatsApp e investem na criação de perfis falsos de lojas em redes sociais.
Como evitar
Sempre fique atento a preços muito abaixo do mercado. Há fotos e vídeos de antes e depois de produtos com resultados mirabolantes? A loja oferece poucas opções de pagamento? O e-commerce é recém-criado em rede social? Pare, pense e desconfie.
3 - Golpe da falsa central telefônica/falso funcionário
Como é
O fraudador entra em contato com a vítima se passando por funcionário do banco ou empresa com a qual o cliente tem relacionamento ativo.
O criminoso informa que há irregularidades na conta ou que os dados cadastrados estão incorretos. A partir daí, solicita os dados pessoais e financeiros da vítima e orienta que ela realize transferências, alegando a necessidade de regularizar problemas na conta ou no cartão.
Como evitar
O cliente deve sempre verificar a origem das ligações e mensagens recebidas contendo solicitações de dados.
Os bancos podem entrar em contato com clientes para confirmar transações suspeitas, mas nunca solicitam dados pessoais, senhas, atualizações de sistemas, chaves de segurança ou, ainda, que o cliente realize transferências ou pagamentos.
4 - Phishing (pescaria digital)
Como é
É uma fraude eletrônica que visa obter dados pessoais do usuário. A forma mais comum de um ataque de phishing é por mensagens e e-mails falsos que induzem o usuário a clicar em links suspeitos. Também existem páginas falsas na internet que induzem a pessoa a revelar dados pessoais.
Como evitar
Nunca clique em links recebidos por mensagens. Mantenha seu sistema operacional e antivírus sempre atualizados.
5 - Golpe do falso investimento
Como é
Falsos grupos criam sites de empresas de fachada e perfis em redes sociais para atrair as vítimas e convencê-las a fazerem investimentos altamente lucrativos e rápidos.
Para isso, usam vários artifícios para enganar os interessados: fornecem informações falsas da suposta empresa, mostram depoimentos inexistentes de pessoas que foram bem-sucedidas com o investimento, entre outros.
Como evitar
Desconfie de promessas de rendimentos ou retornos muito acima daqueles praticados no mercado. Pesquise e verifique se a instituição é autorizada a operar no mercado e procure informações sobre sua atuação.
Desconfie se houver insistência para fechar rapidamente algum negócio com a alegação de que irá perder uma oportunidade.
6 - Golpe da troca de cartão
Como é
Golpistas que trabalham como vendedores prestam atenção quando você digita sua senha na maquininha de compra e depois trocam o cartão na hora de devolvê-lo. Com seu cartão e senha, fazem compras usando o seu dinheiro.
Como evitar
Ao comprar com cartão físico, lembre-se de sempre checar o valor na tela da maquininha, de conferir se o cartão é o mesmo e de passar pessoalmente o cartão na maquininha.
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