6 mil casos de estupro em cinco anos no Estado
Somente neste ano foram registrados 1.379 casos de estupro no Estado
Todos os dias, pelo menos, quatro mulheres, adolescentes e crianças são vítimas de estupro no Estado. É o que revelam os dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), que já contabilizou 1.379 casos desse tipo este ano.
Se forem somados os quatro últimos anos, os números aumentam quase cinco vezes: 6.261 casos. O equivalente a quase cinco ocorrências por dia.
Delegada-chefe da Divisão Especializada de Atendimento à Mulher, Cláudia Dematté afirma que a violência sexual ainda faz parte da realidade diária das mulheres brasileiras e do mundo todo.
Para ela, o delito é uma das mais graves violências que este público pode sofrer.
“A mulher tem sua dignidade, liberdade sexual e seu corpo violados. São crimes repugnantes que devem ser punidos com todo o rigor. Por isso, a mulher que for vítima desse tipo de crime contra a dignidade sexual não deve se calar, tem de denunciar”, disse a delegada.
Com uma vasta experiência em casos de violência doméstica, a delegada aposentada e agora escritora Maria Aparecida Rasseli Sfalsini diz que os dados chamam a atenção.
Ela lembra que boa parte dos casos são cometidos contra crianças e que a maioria deles, muitas das vezes, não chegam para a polícia.
“Chama muito a atenção porque é um crime que choca a todos, principalmente os cometidos contra crianças e adolescentes, que em parte dos casos sofrem em silêncio. Infelizmente, nós acreditamos que esses números sejam ainda maiores, uma vez que muitas vítimas não denunciam, seja por vergonha ou medo”, apontou.
Sofrimento
Sobre os crimes cometidos contra mulheres adultas, Ariane Rasseli Sfalsini, advogada criminalista, acredita também existir subnotificação dos casos.
“As mulheres se sentem até culpadas, não denunciam e ficam sofrendo o resto da vida delas. Isso causa um trauma muito grande porque afeta muito o lado psicológico. É algo que afeta a vida da vítima para sempre. Por isso, elas devem tomar atitude e denunciar os casos, indo à delegacia”, disse a especialista.
Inocentado por falta de provas
Dois anos após um episódio que ganhou grande repercussão nacional, a influenciadora digital e modelo Mariana Ferrer, de 25 anos, continua colhendo maus frutos do que viveu em dezembro de 2018, em um clube de Florianópolis, Santa Catarina.
É o que afirma o seu advogado, Júlio César Ferreira da Fonseca. Segundo ele, a jovem ficou muito abalada, após as acusações, feitas pela defesa do empresário e principalmente pelo que alega ter vivido em 2018.
“Hoje é uma menina que vegeta dentro de casa. Ela sofre de depressão, síndrome do pânico, fobia e não sai mais de casa e só consegue se manifestar por meio do Instagram. Hoje, é uma moça que tem o psicológico destruído”, disse o advogado.
Entenda
A jovem acusa o empresário André de Camargo Aranha de tê-la dopado em uma festa na boate e depois de ter tirado sua virgindade enquanto ela estava vulnerável, sem capacidade de resistir, em 2018.
O caso ganhou atenção a partir dos relatos da própria vítima em seu perfil no Instagram.
André acabou inocentado por falta de provas em setembro de 2020. Mariana recorreu da decisão, mas a absolvição de André foi confirmada, por unanimidade, na segunda instância, o que, segundo a defesa da modelo, será recorrido novamente.
“A defesa vai entrar com recursos em Brasília, pedindo a invalidade da audiência e, consequentemente, a sentença da audiência”, disse o advogado.
Ele também falou sobre o episódio que aconteceu durante audiência, em que o advogado do empresário teria feito acusações de caráter misógino contra a vítima. “Isso foi terrível, ela ficou completamente indefesa e prejudicou e muito o depoimento dela”, ressaltou.
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