37 cidades do ES estão há mais de 100 dias sem homicídios
Ponto Belo, na Região Norte, não tem registro de assassinato há cerca de sete anos, segundo Observatório da Segurança Pública
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Na maioria dos casos, ligados à disputa por venda de drogas, os homicídios têm se tornado um problema frequente em muitos municípios capixabas, principalmente na zona urbana. Mas ainda é possível encontrar cidades onde esse tipo de ocorrência não é vista há meses ou até anos.
Dados do Observatório da Segurança Pública da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) revelam que 37 cidades capixabas estão há mais de 100 dias sem um registro de assassinato. Os números estão atualizados até o dia 24 de setembro.
Um desses municípios, que se destaca pelo período em que esse tipo de crime não acontece, é Ponto Belo, que fica no Norte do Estado. Por lá, não ocorre um assassinato há quase sete anos.
“Ela é a recordista, está desde 2017 sem registro de homicídios”, afirmou o secretário de Estado da Segurança Pública (Sesp), coronel Alexandre Ramalho.
Ele diz que o resultado se deve à própria característica da cidade, que possui uma comunidade rural. Além disso, Ramalho lembrou que o município ainda não foi totalmente atingido por facções criminosas ligadas ao tráfico de drogas.
“Quando começa a ter essa questão de disputa por venda de drogas, sempre vemos casos de homicídios, uma coisa liga à outra”, disse o secretário.
Outro município que está há anos sem registar assassinatos é Apiacá, no Sul do Estado. A cidade está há pouco mais de três anos sem registrar homicídios, o equivalente a 1.213 dias.
Para o especialista em Segurança Pública e Privada, Emir Pinho, a sociedade em si vive um momento em que a criminalidade e a insegurança estão presentes em todas as regiões do País. “Não se trata mais de pensarmos em 'como irá acontecer', mas sim em 'quando irá acontecer', disse.
Ele acredita que os dados apresentados pelo Observatório não devem ser comemorados, uma vez que, com o crescimento dos processos de urbanização das pequenas cidades, tanto os benefícios quanto os malefícios também surgem nas mesmas proporções.
“Portanto, cidades que há 30 anos sofriam apenas com o furto de galinhas, hoje penam em meio às guerras do tráfico”, disse.
União entre polícias e prefeituras
Além das próprias características das cidades que estão há mais de 100 dias sem homicídios, uma outra ação contribuiu para a redução deste tipo de crime foi a união das polícias e das prefeituras de cada cidade.
É o que acredita o secretário de Estado da Segurança Pública (Sesp), coronel Alexandre Ramalho.
“A integração auxilia em todas as cidades com registros ou não, mas não podemos deixar de falar dos municípios onde tínhamos antes um aumento nos casos, como a Serra, por exemplo, e agora já não temos. Devemos isso à união das polícias, prefeituras e Justiça”, disse Ramalho.
Ele também lembrou do resultado obtido pelo Estado em relação à série histórica de homicídios. “Nós estamos com o menor número da série histórica desde 1996. Hoje temos o melhor resultado em números de homicídios, principalmente quando pegamos as cidades de Serra, Cariacica, Vila Velha e Vitória, onde conseguimos reduzir números expressivos”.
O secretário também fez questão de mencionar o trabalho realizado no município de Pinheiros, que está há 191 dias sem registros.
“Construímos uma companhia independente da Polícia Militar, colocando no comando um major, um oficial já experiente que, em parceria com o prefeito da cidade, conseguiu atender as demandas da segurança pública, o que ajudou bastante nos números apresentados”, explicou o secretário de Segurança.
Cinco cidades têm 51% dos crimes
Se por um lado 37 cidades capixabas apresentaram bons números referentes aos casos de homicídios, outras cinco são responsáveis por 51% dos assassinatos de todo o Estado. São elas: Vila Velha, Cariacica, Serra, Vitória e Linhares.
Para Emir Pinho, especialista em Segurança Pública e Privada, cabe aos poderes públicos criarem políticas efetivas de segurança e investirem em situações que dificultem a ação de bandidos.
“É necessário investir em ações que dificultem ações de quadrilhas e organizações, na expectativa de devolver à sociedade o respeito e a confiança nos poderes públicos, nas forças de segurança e nas instituições. Menos discursos e mais ações”, disse.
Secretário de Estado da Segurança Pública (Sesp), coronel Alexandre Ramalho disse que o trabalho frente ao combate de homicídios continua em todos os municípios capixabas, independente dos números.
“Vamos continuar trabalhando, cada vez mais integrados com o Poder Judiciário, o Ministério Público, o poder municipal e o poder legislativo estadual e municipal”.
Tempo sem assassinato por município
Ponto Belo: 2.374 dias
Apiacá: 1.213 dias
São José do Calçado: 973 dias
Marilândia: 889 dias
Muqui: 802 dias
Divino de São Lourenço: 777 dias
Mucurici: 619 dias
Ibiraçu: 510 dias
Dores do Rio Preto: 497 dias
Afonso Cláudio: 436 dias
Conceição do Castelo: 403 dias
João Neiva: 356 dias
Águia Branca: 354 dias
Muniz Freire: 344 dias
Bom Jesus do Norte: 340 dias
Anchieta: 293 dias
Iconha: 282 dias
Rio Novo do Sul: 261 dias
Rio Bananal: 257 dias
Domingos Martins: 204 dias
Alto Rio Novo: 198 dias
Pinheiros: 191 dias
Governador Lindenberg: 175 dias
Ibitirama: 168 dias
Marechal Floriano: 167 dias
Santa Leopoldina: 162 dias
Alegre: 157 dias
Água Doce do Norte: 154 dias
Presidente Kennedy: 150 dias
Irupi: 147 dias
Brejetuba:146 dias
Boa Esperança: 121 dias
Guaçuí: 116 dias
Itaguaçu: 112 dias
Alfredo Chaves: 111 dias
Fundão: 103 dias
Viana:100 dias
Fonte: Sesp.
Análise
"Estruturação das forças policiais"
“A redução da criminalidade violenta deve ser um dos principais objetivos dos gestores brasileiros, em todas as instâncias.
Esses índices são analisados para mensurar o nível de violência ou segurança do Estado. Passa por um esforço conjunto entre União, estados e municípios. Vários são os fatores que podem ser apontados para a redução da criminalidade violenta, principalmente os homicídios.
O aumento do efetivo policial, por si só, não garante redução da criminalidade. A implementação de políticas públicas de estado – e não de governo – pode contribuir.
Devem ser implementadas políticas que visam estruturar as forças de segurança, tanto no pessoal quanto na estrutura, com armas, viaturas e coletes balísticos.
Em outra vertente, deve-se pensar a longo prazo em fortalecimento da educação e oportunidades sociais para os jovens, com qualificação profissional, pois eles estão sempre presentes nas estatísticas, sejam como autores ou vítimas”.
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