Lula volta à Refinaria Abreu e Lima e diz que expansão da obra é orgulho do Brasil

A ampliação da refinaria, afirmou o presidente Lula, é o tipo de decisão que define gerações — porque uma nação que refina o próprio combustível é uma nação que dirige o próprio destino |  Foto: Reprodução do Canal Gov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou nesta terça-feira (2) à Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Ipojuca, para marcar o início das obras do Trem 2, segundo conjunto de unidades industriais que vai dobrar a capacidade de refino em Pernambuco até 2029.

Logo no início do discurso, Lula disse que a refinaria simboliza a soberania do país e lembrou os anos em que a obra foi tratada como símbolo de corrupção.

Lula também ressaltou que a retomada da Refinaria Abreu e Lima simboliza a reconstrução da confiança do país na Petrobras. Ele lembrou que, por anos, o empreendimento foi atacado, tratado como desperdício e alvo de acusações que desestimularam investimentos e machucaram a imagem dos trabalhadores.

Reparação de uma injustiça

O presidente reforçou que concluir o Trem 2 (entenda mais abaixo) é reparar uma injustiça, reafirmar o papel estratégico da estatal e mostrar ao Brasil que grandes obras públicas geram empregos, ciência, tecnologia e autonomia energética. Para ele, fortalecer a refinaria é devolver ao Nordeste o protagonismo que lhe foi negado durante o período em que projetos foram paralisados.

“Fazer isso aqui é apenas a demonstração de que este país é soberano, e este país tem na Petrobras a sua mais importante empresa. (…) Investimento significa emprego, emprego significa salário, e salário significa dignidade do povo brasileiro”, afirmou.

O presidente também lembrou que muitos trabalhadores da Petrobras sofreram preconceito ao usar o uniforme da empresa. “Eles conseguiram criar como se fosse uma peste nas pessoas da Petrobras, dizendo que havia corrupção”, disse ele, ressaltando que a história colocará os fatos no lugar.

O que é o Trem 2 — e por que ele importa

A RNEST funciona hoje com o Trem 1, modernizado em 2025.

• Agora, a Petrobras iniciou a construção do Trem 2, um conjunto de unidades industriais que:
• vai aumentar em 130 mil barris por dia a capacidade de processamento;
• ampliar a produção de diesel S-10, gasolina, GLP e nafta;
• reduzir a importação de combustíveis;
• tornar o Brasil superavitário em GLP (gás de cozinha) nos próximos anos.
• Na prática, o Trem 2 é como uma segunda refinaria dentro da refinaria.
• Um novo “caminho” por onde o petróleo passa e é transformado em combustíveis.

A perspectiva futura: Petrobras como empresa de energia, não só de petróleo

Ao falar do futuro, Lula defendeu que a Petrobras não deve ser vista apenas como produtora de petróleo, mas como uma empresa de energia capaz de liderar a transição para fontes renováveis. Ele citou os altos índices brasileiros de energia limpa e afirmou que a estatal tem condições de se tornar uma das maiores do mundo também nesse novo cenário. Para o presidente, investir na RNEST é preparar o país para um período em que o petróleo terá papel menor, mas a energia continuará sendo central.

Legado e soberania: RNEST como reparação histórica

Em tom histórico, Lula disse que apenas dois presidentes compreenderam profundamente o papel da estatal: Getúlio Vargas, que a criou, e ele próprio, que afirmou ter “ressuscitado” a Petrobras após anos de fragilização institucional. Para o presidente, a conclusão do Trem 2 é mais que um investimento — é a reparação de um projeto interrompido, a retomada do desenvolvimento regional e a reafirmação de que o Brasil precisa dominar toda a cadeia de produção de energia para não voltar a depender de importações.

Gesto de reconciliação com o país e cada trabalhador

Foto retirada com os trabalhadores da Rnest |  Foto: © Ricardo Stuckert

Lula também disse que concluir a Refinaria Abreu e Lima é um gesto de reconciliação do país consigo mesmo. Para ele, cada tubo, cada torre e cada trabalhador de capacete naquele pátio é a prova de que o Brasil não precisa ser pequeno.

O presidente falou que a RNEST voltou a pulsar porque o Estado voltou a acreditar que o povo tem direito a obra grande, projeto grande e futuro grande. E que quando uma obra como essa renasce, para ele, renasce também a autoestima de milhares de famílias que dependem da Petrobras para viver com dignidade.

A ampliação da refinaria, afirmou ele, é o tipo de decisão que define gerações — porque uma nação que refina o próprio combustível é uma nação que dirige o próprio destino.

“Fazer isso aqui é apenas a demonstração de que este país é soberano, e este país tem na Petrobras a sua mais importante empresa, e o dinheiro que a Petrobras consegue produzir neste país tem que ser transformado em benefício para o povo brasileiro, e benefício significa investimento, investimento significa emprego, emprego significa salário, e salário significa dignidade do povo brasileiro.”

Meio ambiente

O presidente aproveitou o evento para falar da COP30, da transição energética e da necessidade de reduzir combustíveis fósseis, lembrando que o Brasil já opera com 53% de energia renovável, índice maior que o planejado por países ricos para 2050. “A Petrobras pode ser a maior empresa do mundo em energia renovável”, disse.

Empregos e investimentos

A construção já tem 5.700 trabalhadores mobilizados e deve gerar até 15 mil postos de trabalho ao longo do projeto, segundo Lula |  Foto: © Ricardo Stuckert

A Petrobras estima R$ 12 bilhões em investimentos para concluir o Trem 2 e manter o Trem 1. Segundo Lula, a obra é um exemplo de como o setor público puxa o crescimento: “Eu sou possivelmente o presidente que mais visitei as obras da Petrobras. (…) É preciso que o povo brasileiro aprenda o significado dessa empresa”, disse. 

A construção já tem 5.700 trabalhadores mobilizados e deve gerar até 15 mil postos de trabalho ao longo do projeto. O ministro Alexandre Silveira, por sua vez, citou números ainda maiores ao considerar toda a cadeia de serviços: “A previsão é termos 30 mil novos postos de trabalho até 2029”, afirmou.

Rui Costa: “O Brasil decidiu não parar obras nunca mais”

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, reforçou que a retomada do Trem 2 representa uma mudança permanente na forma como o país lida com infraestrutura.

Ele disse que o país precisa deixar para trás a lógica de interromper obras. “Esse país resolveu, e eu espero que definitivamente, deixar pra trás escrito na página da sua história, que não quer mais presidentes que parem obras, que parem investimentos, que fechem fábricas”, afirmou.

Rui Costa também citou exemplos recentes de obras retomadas, como barragens abandonadas após a saída de Dilma Rousseff e a Transnordestina: “O presidente concluirá as cinco barragens iniciadas pela presidenta Dilma”, disse.

Ao falar de conquistas econômicas, o ministro celebrou: “Será a primeira vez com a menor inflação que o presidente já teve. Com o menor nível de desemprego da história do Brasil”, afirmou.

Silveira: Trem 2 transforma Pernambuco em potência energética

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que a expansão da RNEST aumenta a segurança energética do país.

“A Rnest faz parte dessa trajetória de investimentos, o que se traduz em mais segurança energética e menor dependência da importação de combustíveis”, declarou.

Ele também apresentou resultados da política social ligada ao setor:

• Gás do Povo: botijão gratuito já entregue em 10 capitais;
• Em Recife, 100 mil famílias já recebem;
• Em Pernambuco, serão 1,1 milhão de famílias até 2026.

E reforçou o impacto da refinaria no emprego:

“Já mobilizamos 5.300 trabalhadores no Trem 2. (…) Quando o Trem 2 estiver operando, vamos dobrar a capacidade de refino”, afirmou.

Educação e cursos técnicos

A Petrobras mantém cursos gratuitos nas áreas de mecânica, eletricidade, construção civil e metalurgia para moradores da região. Até agora, 777 alunos já concluíram as formações. A estatal também apoia 28 projetos culturais em Pernambuco, com R$ 6,8 milhões via Programa Rouanet Nordeste.