Violência contra a mulher em Itamaracá: feminicídio revela realidade cruel na ilha
Daniella Lima morreu após companheiro agredi-la com objeto perfurante
Uma mulher identificada como Daniella Lima, de 35 anos, foi brutalmente assassinada na noite da última sexta-feira (31), na comunidade de Socorro, na Ilha de Itamaracá, no Grande Recife. O principal suspeito do crime é o companheiro da vítima, um homem de 39 anos, conhecido como Galego, que foi preso em flagrante por feminicídio.
De acordo com a Polícia Civil, o crime ocorreu por volta das 22h, quando a vítima foi encontrada sem vida em uma área de mata próxima à sua residência. A jovem apresentava diversas perfurações no lado esquerdo do pescoço, indicando a ação violenta do agressor.
Após tomar conhecimento do crime, a Polícia Militar mobilizou equipes do 26º Batalhão para realizar buscas pelo suspeito. Galego foi localizado pouco tempo depois e, no momento da prisão, confessou o crime e indicou aos policiais o local onde havia escondido a arma utilizada no assassinato. A faca foi apreendida e será periciada pela Polícia Civil.
O corpo de Daniella Lima foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML), no Recife, para exames periciais. A Polícia Civil informou que o caso foi registrado pela Força-Tarefa de Homicídios Região Metropolitana Norte e que o suspeito foi autuado em flagrante por feminicídio.
O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) foi contatado para saber o resultado da audiência de custódia, mas, até o momento da publicação, a reportagem não obteve respostas.
Ainda não há detalhes de quanto tempo a vítima teria convivido com o companheiro ou se ela já vinha sofrendo algum tipo de violência.
Uma ilha de beleza e dores para as mulheres: a cada 100, uma sofreu violência
Entre os números de mortes violentas divulgados pela Secretaria de Defesa Social mensalmente, não há dados destacados especificamente sobre os feminicídios nas cidades pernambucanas.
No entanto, segundo a Rede de Observatórios da Segurança, em 2023, Pernambuco foi o estado do Nordeste que contabilizou mais feminicídios. A ilha, que chegou ao auge do turismo nos anos 80 e 90, não foge deste cenário.
Considerada como um dos principais balneários de Pernambuco, a Ilha de Itamaracá enfrenta contrastes entre beleza e violência de gênero.
A SDS não divulga um recorte público de Itamaracá, especificamente em relação aos dados de feminicídio. Mas os números de violência são abertos e ainda não estão sendo devidamente analisados para se transformarem em políticas públicas efetivas.
No início da série histórica, em 2012, a ilha registrou 80 casos de violência de gênero. Já em todo o ano de 2023, em termos quantitativos, Itamaracá ocupou a 34ª posição, cravando 245 casos
Agora, observe. Levando em conta que a população da ilha, que é de 24.540 pessoas, é possível colocar uma lupa nos números: a cada 100 mulheres de Itamaracá, uma sofreu violência. Ainda este ano, o delegado de Itamaracá, Gilmar Rodrigues, chegou a dizer que 60% dos boletins de ocorrência dizem respeito à violência.
Em 2024, o município de Itamaracá já ocupa a 49ª posição no ranking de violência, em termos quantitativos, contra a mulher em Pernambuco, com um total de 76 vítimas reportadas de janeiro a abril passado.
Até o fechamento desta matéria, a reportagem não conseguiu localizar uma fonte na gestão municipal para falar sobre o assunto.
Veja, abaixo, o ranking dos 15 municípios onde mais se comete violência contra a mulher, de acordo com estatísticas da SDS (De janeiro a abril de 2024).
Cidades - Vítimas
Recife - 3.516 vítimas
Jaboatão dos Guararapes - 1.485 vítimas
Paulista - 1.243 vítimas
Olinda - 1.099 vítimas
Caruaru - 935 vítimas
Petrolina - 905 vítimas
Cabo de Santo Agostinho - 412 vítimas
Garanhuns - 349 vítimas
Camaragibe - 267 vítimas
Vitória de Santo Antão - 260 vítimas
Igarassu - 258 vítimas
Abreu e Lima - 228 vítimas
Salgueiro - 229 vítimas
Araripina - 216 vítimas
Arcoverde - 240 vítimas
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