Trote que vira crime: 10 pessoas respondem por 8 mil ligações falsas em Pernambuco
Somente uma mulher fez 1.500 ligações, atrapalhando a prestação de serviços de emergência
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A Polícia Civil cumpriu, nesta terça-feira (29), sete mandados de busca e apreensão domiciliar expedidos pelo Juízo da 17ª Vara Criminal da Comarca de Recife. A Operação denominada “Trotes” investiga 10 pessoas que estavam fazendo ligações falsas para serviços de atendimento da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e do Samu.
Juntas, esses investigados fizeram quase 8 mil ligações, prejudicando tarefas de servidores públicos, como policiais, e prestação de serviços à população.
Chama a atenção, por exemplo, o fato de várias ligações serem feitas por pessoas chamadas “carentes” em busca de conexão. O trote, no entanto, prejudica outras vítimas de ocorrências policiais e de saúde em situação de emergência.
Somente uma das pessoas, uma mulher de nome não identificado pela Polícia Civil, fez 1.500 ligações entre janeiro e março do ano passado. A informação foi divulgada nesta terça-feira (29). Os investigados são cinco mulheres e cinco homens com idades que vão de 36 anos a 70 anos, de acordo com o delegado Eronides Menezes.
O levantamento foi feito pelo Centro Integrado de Operações de Defesa Social, que elaborou um relatório dos números que mais telefonaram nos três meses em 2023. Foram identificadas mais de 7.800 ligações.
“Identificamos os proprietários. Então, representei pela busca e apreensão na residência, para a gente identificar, confirmar a linha telefônica, o chip, o e-mail do aparelho daquelas pessoas para elas serem intimadas e ouvidas para poder responder ao inquérito policial”, disse o delegado.
Segundo Eronides Meneses, o perfil de pessoas que passa trote é amplo, algumas trabalham ou estão desempregadas. Muitas são carentes.
Homem ocupou a linha de emergência para chamar atendente para beber
“Eles têm entre 36 e 70 anos. São pessoas de todo tipo. Um deles, por exemplo, ligou para um atendente e a chamou para beber, parecia estar alcoolizado. Outros pareciam que estavam com carência. Então, tinha realmente gente de todo tipo. Agora, chamou a atenção que uma mulher fez mais de 1.500 ligações em apenas três meses. Outro número fez 1.040 ligações, outro 900, outro 500”, destacou.
De acordo com o delegado, esse tipo de crime atrapalha a prestação de serviços, porque um atendente deixa de realmente ajudar uma pessoa que precisa de socorro para receber um trote.
“A gente vai analisar o áudio para cada situação. Se a pessoa interromper serviço telefônico, telegráfico de utilidade pública, a pena é maior, podendo ir de seis meses até 3 anos, além de multa”.
O Ciodes recebe 200 mil ligações por mês e cerca de 9,5 mil são trotes, uma média de 316 por dia
De acordo com o gerente geral do Ciodes, coronel Alexandre Tavares, ao fazer uma chamada com uma notícia falsa, ela já ocupa um atendente que está ali pronto para receber uma chamada de emergência.
“Se o atendente não conseguir filtrar que a chamada é falsa, ele ainda vai demandar para uma viatura, seja da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil, da Polícia Científica, para fazer alguma atividade na qual a chamada já é falsa. Então a gente tem toda uma perda de energia, todo um gasto de recurso desnecessário para atender a uma chamada que não existiu”, destacou.
Alexandre Tavares disse que os serviços de emergência recebem 200 mil ligações por mês. Do total, 9.500 mil são trotes. Então é inestimável prejuízo que esse tipo de prática delituosa causa”.
“Essa prática causa um prejuízo muito grande para o sistema de segurança pública e para o cidadão. Na verdade é uma prática que só causa transtornos para todos, inclusive para o cidadão que precisa do serviço de emergência à disposição”.
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