Trabalhador morre ao cair do 5º andar de edifício na Avenida Boa Viagem
Samuel José da Silva, de 31 anos de idade, fazia a manutenção de um ar-condicionado de um apartamento quando caiu
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Atualizada às 14h34

Um técnico em refrigeração morreu na manhã desta quinta-feira (24) após cair do 5º andar de um prédio residencial na Avenida Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. A vítima, identificada como Samuel José da Silva, de 31 anos, fazia a manutenção de um aparelho de ar-condicionado no Edifício Sirius, quando despencou de uma altura de aproximadamente 20 metros. Segundo a perícia, ele não utilizava equipamento de proteção individual (EPI) no momento da queda.
Estrutura pode ter desprendido
De acordo com a perita criminal Magda Pedrosa, responsável pela análise inicial no local, Samuel estava em cima da estrutura metálica onde ficam instaladas as condensadoras dos aparelhos. A chapa de aço que sustenta os equipamentos apresentou pontos de oxidação e pode ter se desprendido, provocando o acidente. O item foi recolhido pela equipe de perícia para análise detalhada.
“Houve o desprendimento dessa chapa e a gente está levando para análise. Ela é a superfície, onde ficam tanto apoiadas as condensadoras, como também os funcionários que estavam lá realizando o serviço. A gente analisou direitinho o local, mas a gente observa o ponto de oxidação. Ele estava sem equipamento proteção”, informou.
Testemunhas e familiares denunciam falta de segurança
Familiares de Samuel afirmaram que ele prestava serviço para uma empresa de refrigeração, mas também aceitava trabalhos de forma autônoma. Segundo o irmão, Silas José da Silva, e um primo que estava no local, o técnico não usava cinto de segurança, corda de ancoragem nem qualquer outro item de proteção coletiva ou individual.
“Ele caiu sem nenhum equipamento, sem lança, sem nada. Se tivesse segurança, talvez isso não tivesse acontecido”, disse o primo.
O irmão reforçou a denúncia e contou que Samuel havia saído de casa pela manhã para mais um dia de trabalho, como fazia há pelo menos cinco anos. É importante destacar, no entanto, que muitos trabalhadores deixam de usar equipamentos de segurança, ao arrepio de sua própria proteção, porque acham desconfortáveis.
“Ele era um trabalhador. Sempre postava os serviços nas redes sociais. Estava tentando crescer com o próprio esforço”, relatou Silas, ainda em estado de choque.
Outro trabalhador teria se ferido levemente
A família informou que um segundo técnico, colega de Samuel, também teria caído da mesma estrutura, mas conseguiu se salvar.
A Polícia Científica e o Instituto de Medicina Legal (IML) estiveram no local para recolher o corpo e coletar mais informações. O caso será investigado pela Polícia Civil e pelos órgãos responsáveis pela fiscalização das condições de trabalho.
Queda foi ouvida por comerciantes da orla
A movimentação intensa de curiosos e familiares chamou atenção de quem trabalha na orla de Boa Viagem. Um barraqueiro que tem ponto fixo em frente ao prédio disse que ouviu um barulho forte no momento da queda.
“A gente tinha acabado de abrir o comércio. Escutamos o estrondo, mas não deu tempo de socorrer. Quando chegaram lá, ele já estava sem vida”, contou o comerciante, que preferiu não se identificar.
Investigação e responsabilidades
O laudo da perícia será fundamental para determinar as causas exatas da queda e eventuais responsabilidades. O Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Superintendência Regional do Trabalho (SRT-PE) devem ser acionados para avaliar se houve negligência por parte da empresa ou descumprimento de normas de segurança.
Samuel José da Silva deixa esposa e familiares consternados. O corpo será liberado após os trâmites legais do IML. Samuel trabalhava para uma empresa sem carteira assinada, segundo informações da família.
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