Preso suspeito de fazer parte de quadrilha que roubou apartamento em Boa Viagem
Homem preso em flagrante tinha em sua casa roupas parecidas com as da Polícia Civil
Escute essa reportagem
Uma quadrilha que usava roupas de policiais civis para cometer crimes em municípios de Pernambuco começou ser desarticulada.
Dos cinco homens que invadiram um apartamento em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, usando vestimentas e utensílios policiais, um deles foi preso em flagrante no município de Igarassu, localizado na Região Metropolitana do Recife.
Com o criminoso, de 42 anos, foram apreendidos distintivos falsos e uniformes que se assemelhavam aos usados pela polícia, como roupas pretas, luvas e bonés.
Somente neste caso, apresentado à imprensa nesta terça-feira (4), foi possível perceber teias estendidas pela associação criminosa em três municípios de Pernambuco, na Paraíba e no Rio Grande do Norte.
Os equipamentos e vestimentas foram utilizados durante a invasão do imóvel de dois irmãos de nacionalidade chinesa. Toda ação foi filmada por câmeras de segurança do prédio e da vizinhança.
O crime ocorreu no dia 17 de maio passado e os bandidos disfarçados de policiais utilizaram de violência para render as vítimas, utilizando coronhadas e uso de facas. O valor roubado é estimado em R$ 200 mil.
Também estavam em posse do homem detido em flagrante parte das joias roubadas dos estrangeiros e relógios. Ainda não se sabe se todas as joias encontradas são dos irmãos.
O indivíduo também portava duas armas, sendo um revólver e uma pistola, bem como um veículo subtraído de outra pessoa no dia 15 de maio, no município de Paudalho, na Mata Norte.
Segundo a Polícia Civil, fazia parte do modo de atuar da quadrilha roubar carros, clonar placas e praticar assaltos.
Uma das armas foi roubada de um policial militar da Paraíba, mas há um registro de que este equipamento também tenha sido usado em roubo ocorrido no Rio Grande do Norte.
O homem vinha sendo monitorado pela Delegacia de Roubos e Furtos. A prisão foi realizada nesta última segunda-feira (3).
“Na casa dele foi encontrado todo esse material, dando provas da sua efetiva participação, inclusive com jóias já reconhecidas pela pela mulher, como sendo as mesmas que foram roubadas no referido dia”, destacou o delegado Cláudio Castro, em entrevista ao repórter Carlos Simões, da TV Tribuna PE.
Segundo o delegado, o carro utilizado no roubo do dia 17, em Boa Viagem, era um carro com a placa clonada, diferente do que estava com o criminoso. “Esse carro ainda não conseguimos localizar".
Indagado sobre como os homens teriam conseguido os equipamentos da Polícia Civil, o delegado explicou que tudo era falso. O homem, no entanto, teria confessado que era uma espécie de hobby.
“Ele se manteve na maior parte do depoimento em silêncio, usando o direito constitucional de permanecer calado”, pontuou o delegado.
O criminoso já havia sido condenado a 28 anos por homicídio, mas estava solto desde julho do ano passado. Era líder de uma facção no Recife, de nome não revelado.
“Nada impede que, na continuidade da investigação, nós possamos identificar outros crimes praticados, não somente por ele, mas como por seus comparsas”, declarou o delegado.
Cláudio Castro acredita que os cinco homens invadiram o apartamento após receberem informações privilegiadas. Eles esperaram a empregada da residência chegar, por volta das 5h, entraram vestidos de policiais, renderam a mulher e o porteiro, mantendo este último em cárcere.
“A gente já está identificando os demais integrantes dessa organização criminosa. Na ação, identificou-se cinco homens, mas havia outra pessoa que passou a informação privilegiada, que também cometeu o crime. Talvez possamos identificar outras pessoas que não estavam na cena do crime, mas participaram”, destacou.
Indagado se a pessoa que fez a réplica das vestimentas e distintivos da polícia pode responder por algum crime, o delegado disse que sim.
“No curso da investigação, a gente vai tentar identificar onde essas camisas foram confeccionadas e responsabilizar quem as fez, porque é um crime previsto no Código Penal, cuja pena não é branda, é uma pena de seis anos. Apenas um agente público devidamente autorizado pode utilizar esse material”, observou Cláudio Castro.
De acordo com o delegado, a polícia acionou o instituto criminalista para coleta de vestígios, tanto das digitais, com apoio do Instituto Tavares Buril.
Estão atrás de material genético que, porventura, tenha sido deixado pelo criminoso. Essas roupas que nós encontramos serão submetidas à perícia para que possamos, de repente, encontrar algum material genético para futuramente fazer uma comparação”, acrescentou Cláudio Castro.
A matéria pode ser vista na 1ª edição do Jornal da Tribuna, com a entrevista completa do delegado Carlos Castro e no Brasil Urgente, anexada abaixo.
O criminoso foi indiciado por crimes como receptação (de arma roubada), subtração de veículo automotor, falsa identidade e roubo a mão armada. Ele foi encaminhado à Justiça.
Comentários