Polícia Civil conclui inquérito de naufrágio que resultou em morte de advogada
Naufrágio aconteceu em junho deste ano na Praia de Suape. Advogada estava em companhia do namorado, que sobreviveu
Cinco meses após o naufrágio de um veleiro que vitimou a advogada Maria Eduarda Carvalho de Medeiros e sua cadela de estimação, Belinha, na praia de Suape, a Polícia Civil de Pernambuco concluiu o inquérito e pediu o arquivamento do caso para o noivo da vítima. Contudo, no relatório final da investigação, a polícia registra o que chama de falhas graves e possível omissão por parte do Corpo de Bombeiros e da Marinha.
O delegado Ney Luiz Rodrigues, responsável pelo inquérito, solicitou a abertura de processos disciplinares para apurar a conduta dos militares envolvidos no atendimento da ocorrência. O documento foi remetido ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para análise.
Atraso no resgate e falha operacional
O documento policial critica a demora no acionamento das equipes de salvamento, citando que as equipes de resgate aéreo (GTA) só foram acionadas por volta das 22h, aproximadamente seis horas após o registro inicial do acidente às 17h08. O inquérito destaca ainda que, no período entre o naufrágio e o acionamento tardio, o salvamento ainda seria possível.
Segundo a polícia, houve falha de comunicação e de resposta operacional por parte de militares lotados no Centro Integrado de Operações de Defesa Social (CIODS). A investigação também cita demora nas tentativas de contato com a Capitania dos Portos de Pernambuco e a falta de integração com o Corpo de Bombeiros e o Salva-Mar de Ipojuca, o que teria comprometido a efetividade do resgate.
O relatório solicita que a Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social, o Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar e a Marinha do Brasil (em relação aos militares da Capitania dos Portos) adotem providências disciplinares, administrativas e penais.
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Acidente marítimo e pedido de arquivamento
O acidente ocorreu na tarde de 21 de junho, no Cabo de Santo Agostinho. O veleiro, pilotado pelo médico Serafico Pereira Cabral Júnior, noivo da vítima, acabou afundando. A Polícia Civil classificou o naufrágio como um "acidente marítimo involuntário" e pediu o arquivamento do caso para o médico, não encontrando indício de culpa em sua conduta.
O inquérito apontou que o médico era habilitado, as condições meteorológicas eram favoráveis no início do passeio, e não houve ingestão de álcool,e concluiu que o uso de coletes não teria evitado o desfecho fatal devido ao tempo de permanência no mar, às condições de correnteza e à exaustão das vítimas, que nadaram por horas após o naufrágio.
Caberá ao MPPE decidir se o inquérito será arquivado, conforme solicitado pela polícia, ou se novas investigações serão necessárias.
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