Pista irregular de aeromodelos no Recife é interditada após crimes ambientais
Proprietário responde por cinco infrações e estrutura só será liberada após licenciamento e inspeção
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Uma pista irregular de aeromodelos localizada em uma área de proteção ambiental na Guabiraba, Zona Norte do Recife, foi interditada. Seu proprietário, Bruno Ferraz Teixeira, responderá administrativamente por cinco infrações ambientais, conforme informou a Prefeitura do Recife.
A estrutura foi descoberta durante uma operação conjunta que investigava denúncias de danos ambientais na Guabiraba.
A denúncia foi feita pela Polícia Federal, segundo o delegado Ademar Cândido, e está em fase conclusiva para ser emitido ao Ministério Público.
A Operação Licet Semita, realizada em 29 de junho, revelou detalhes sobre a pista durante uma entrevista coletiva concedida por delegados responsáveis pelas apurações.
De acordo com a perita criminal Laura Pinto, engenheira ambiental, as aeronaves eram remotamente pilotadas, não eram tripulada, funcionavam por controle remoto, combustão ou por eletricidade.
Segundo ela, a pista de pouso descoberta tem 187 metros de comprimento e 17 metros de largura.
O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Oscar Barreto, afirmou que o proprietário já foi autuado com base no decreto 30.324/2017, por violações nos artigos quatro, seis e sete.
Segundo a Prefeitura, Bruno Ferraz Teixeira enfrentará as seguintes infrações:
- Lançamento de efluente sanitário e/ou águas servidas sem tratamento;
- Movimentação de terra;
- Descarte irregular de resíduos sólidos ou rejeitos;
- Erradicação de árvores;
- Danos ou lesão por poda de árvores.
A pista será interditada até ser licenciada oficialmente, exigindo uma inspeção ambiental no local. No âmbito policial, o inquérito ainda está aberto.
O delegado Paulo Dias, gestor adjunto da Diretoria Integrada Especializada, explicou que ainda são necessários laudos e outras informações para tipificar os crimes cometidos.
O delegado Ademar Cândido, da Delegacia de Polícia do Meio Ambiente (Depoma), informou que a pista foi construída após o fechamento do antigo Aeroclube, situado onde hoje fica o Compaz Lêda Alves, no Pina.
Desde 2013, proprietários de pequenos aviões e aeromodelistas utilizam a área na Guabiraba para substituir o Aeroclube.
Sete aeromodelistas ouvidos pela polícia afirmaram que nunca houve pouso de aeronaves tripuladas no local.
A Agência Nacional de Aviação (ANAC) será responsável por analisar o funcionamento da pista para aeromodelos, devido à proximidade da estrutura ao Aeroporto Internacional do Recife/Gilberto Freyre/Guararapes, localizado a menos de 30 quilômetros de distância, representando um risco para decolagens e pousos de aeronaves comerciais.
O desmatamento na área totaliza cerca de mil metros quadrados, incluindo a pista e o acesso. A Polícia Civil também investiga se houve movimentação ilegal, como drogas e armas, além das práticas com aeronaves. Os suspeitos foram ouvidos e liberados para instrução do inquérito policial.
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