X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

ASSINE
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
ASSINE
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Polícia

O roubo de meio milhão de reais no Ceasa: o lado da polícia e o lado dos suspeitos

Advogada de empresário considerado mentor do crime diz que tudo não passa de mal entendido


Ouvir

Escute essa reportagem

Matéria do Brasil Urgente

O Brasil Urgente, da TV Tribuna/Band, teve acesso com exclusividade, nesta sexta-feira (14), ao inquérito da investigação policial sobre o assalto de mais de meio milhão de reais realizado no Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa).  O roubo cinematográfico na cidade do Recife ocorreu na última segunda-feira (11).

O crime gerou tiroteio entre policiais e bandidos entre dois bairros da cidade, Jardim São Paulo e Curado. Também causou a morte de um suspeito, rendimento e o roubo de um carro de motorista de aplicativo em frente ao Hospital da Mulher. Nenhum policial se feriu.

O inquérito policial revela os nomes e papéis de quatro suspeitos que foram soltos pela Justiça e agora estão com tornozeleira eletrônica. Também cita outras pessoas. Dos quatro homens presos e soltos um dia depois, uma soltura The Flash, três não estiveram envolvidos diretamente na ação, mas na logística. Ainda há três criminosos foragidos, justamente os que cometeram o assalto e trocaram tiros com a polícia.

Durante a abordagem policial, José Roberto Arcino da Silva (apelidado de "Xuxa") , ex-presidiário com histórico de roubo de carga, foi morto durante a fuga em um confronto com a polícia.

Veja também A Justiça explica: por que os suspeitos do roubo no Ceasa foram soltos?

Os quatro suspeitos soltos e monitorados por tornozeleira eletrônica

José Eder de Lima Alves, 42 anos – Empresário apontado pela Polícia Civil como o mentor do assalto. Ele teria organizado o esquema de locação de um imóvel para reuniões da quadrilha e ajudado na logística do crime. Segundo depoimentos, receberia R$ 20 mil pelo serviço. Jailson Rodrigues de Melo, ex-presidiário, foi contratado pelo empresário para cobrar dívidas.

Pedro Henrique Alves de Santana, 27 anos – Envolvido na logística do crime, auxiliava na movimentação e no suporte operacional da quadrilha. Foi o motorista do assalto, segundo a polícia.

Jailson Faustino da Silva (conhecido como "Cia") – Suspeito de atuar no planejamento e suporte do assalto.

Lucas Bento Barros, 39 anos – Responsável por guardar os veículos usados pela quadrilha e pelo controle de entrada e saída dos integrantes do imóvel. Era o Porteiro. Cuidava dos carros e da casa.

Os foragidos

Jailson Rodrigues de Melo (conhecido como "Segurança" ou "Gijo") – Ex-presidiário, responsável pelas cobranças ilegais e articulação da quadrilha. Está foragido.

Euris Cosme dos Santos – Suspeito de integrar a quadrilha, auxiliando na fuga e suporte logístico. Está foragido.

Jailson Mago Sinha – Envolvido no crime e na fuga da quadrilha. Está foragido.

Outros envolvidos

José Roberto Arcino da Silva (apelidado de "Xuxa") – Ex-presidiário com histórico de roubo de carga, foi morto durante a fuga em um confronto com a polícia.

Luiz Carlos Leão da Silva – Proprietário do imóvel usado como base da quadrilha. Cedeu o local para reuniões e abrigo dos criminosos.

O crime e a fuga

No dia 10 de fevereiro, quatro homens armados invadiram o CEASA e renderam dois funcionários, levando R$ 538.213 armazenados em caixas de papelão, dos quais R$ 31 mil foram recuperados.

Durante a fuga, o grupo trocou tiros com a polícia entre os bairros de Jardim São Paulo e Curado. A polícia tem imagens fortes dessa troca de tiros. Um dos criminosos, José Roberto "Xuxa", foi baleado e morreu no confronto.

Os assaltantes foram confrontados quando tentaram trocar de veículo. Eles saíram de um Kwid no bairro do Curado, trocando para um polo branco, abandonaram o veículo atingido por 20 tiros em frente ao Hospital da Mulher. Em seguida, renderam um motorista de aplicativo e fugiram com um Onix.

Soltura dos suspeitos e repercussão

Apesar das provas mostradas pela polícia em coletiva, incluindo vídeos, armamento pesado e parte do dinheiro recuperado, o Tribunal de Justiça de Pernambuco determinou a soltura dos suspeitos por falta de elementos suficientes para a prisão preventiva. O Ministério Público também deu parecer favorável ao relaxamento das prisões.

A Polícia Civil segue com a investigação para capturar os foragidos e desarticular completamente a quadrilha. Apenas R$ 31 mil dos mais de meio milhão roubados foram recuperados até agora.

Os suspeitos que foram soltos alegaram que sofreram tortura policial, o que é negado pelo delegado que conduziu o inquérito. O caso gerou uma repercussão muito negativa na sociedade. Os advogados de Lucas Bento não quiseram se pronunciar. A advogada de Pedro Henrique estava viajando e não pôde conversar com a reportagem. Já a advogada de empresário suspeito de ser o mentor do crime defende o cliente.

Tudo não passa de “mal entendido”, diz advogada de empresário suspeito de ser mentor do crime

Imagem ilustrativa da imagem O roubo de meio milhão de reais no Ceasa: o lado da polícia e o lado dos suspeitos
Simone em entrevista a advogada Amanda Barbalho |  Foto: Divulgação

Em entrevista exclusiva dada à repórter Simone Santos, exibida no Brasil Urgente, a advogada Amanda Barbalho fala sobre o assalto do Ceasa e diz que tudo não passou de coincidências ou "mal entendido" que envolveu seu cliente, o empresário José Éder.

SIMONE - Quando foi que a senhora tomou conhecimento do caso? A informação que chegou para gente inicialmente é que o empresário seria o mandante. Como é que você está acompanhando caso?

ADVOGADA - Houve, de fato, um mal entendido na situação. O meu cliente foi considerado envolvido exclusivamente porque ele frequentava um imóvel onde os outros suspeitos também estavam frequentando.

Acontece que esse imóvel já era utilizado pelo meu cliente há anos, porque ele é um empresário, é um homem extremamente trabalhador, e utilizava aquele imóvel pAra armazenar alguns materiais que ele vendia. E aí o que aconteceu? Ele tinha um funcionário que trabalhava para a empresa dele como vendedor, e esse funcionário indicou um amigo para também se tornar funcionário da empresa. E aí esses dois funcionários passaram a frequentar o mesmo imóvel por conta das atividades da empresa do meu cliente.

Só que a polícia, quando começou a investigar, não conseguia entender muito bem qual era o envolvimento de todos ali, e acabou havendo uma presunção de que todo mundo que frequentava o imóvel estava envolvido no crime.

Mas veja, de fato, não conseguiram efetuar a prisão de nenhum dos assaltantes, né? Mas alguns dos suspeitos, eles de fato frequentavam aquele local porque eram funcionários da empresa.

E o ambiente era utilizado para a empresa muito antes desses suspeitos passarem a frequentar lá. Então, houve de fato um mal entendido.

SIMONE - Então, o seu cliente, o empresário, teria dito em depoimento que a nossa equipe de reportagem que teve acesso ao inquérito e à investigação que ele teria meio que confessado a participação, que conhecia essas outras pessoas envolvidas nesse crime. Então, o que aconteceu? Ele teria confessado?

ADVOGADA - O que houve, mais uma vez, é uma má interpretação da situação. Porque quando você diz assim, ah, ele confessou, confessou o quê? Ele confessou que ele frequentava o imóvel, ele confessou que conhecia os rapazes, ele confessou que essas pessoas estavam lá, mas disso, para dizer que ele confessou, que fez parte de uma associação criminosa e que fez parte de um planejamento para um assalto, isso não existe.

Isso não é verdadeiro e vai ser devidamente esclarecido durante o processo. Tanto é que eles foram soltos porque a prisão foi considerada ilegal. Não é porque foi considerado desnecessário mantê-los presos, é porque a prisão foi ilegal por ausência de flagrante.

Porque ele foi preso fora do contexto do assalto, em outro momento e sem estar nem próximo dos envolvidos, nem próximo do carro, nem próximo do dinheiro, esse dinheiro nem chegou perto dele. Então, qual é o flagrante dele?

SIMONE - Doutora Amanda, a polícia diz, estou só lhe contestando o que tem em depoimento, a polícia diz que ele foi preso quando saía do imóvel, que servia de quartel-general para o bando e que ele teria falado de um valor que seria de R$ 20 mil, que teria sido combinado, R$ 10 mil ficaria para ele, R$ 5 mil seria dividido para dois participantes. O que é que a senhora tem a dizer sobre isso?

ADVOGADA - Bem, essa questão do valor vai ser devidamente esclarecida, eu não posso falar muito nesse momento, por questões de defesa mesmo, de sigilo, mas posso lhe dizer que meu cliente, ele vive financeiramente bem e esse valor de r$ 20 mil não faz nem sentido, não é crível que ele fosse se envolver num assalto desse porte, colocar a vida dele em risco por causa de um valor que para ele, considerando a condição financeira dele, não seria relevante.

Então a gente vai esclarecer isso corretamente com todos os extratos, as movimentações bancárias e a gente vai mostrar que não tem nem sentido esse valor ter sido o alvo da participação dele.

SIMONE - Com relação ao veículo que a polícia identifica como sendo do seu cliente, um Onix Prata, que além de estar sempre na casa, com frequência, também teria sido registrado junto com os carros dos bandidos que cometeram o assalto no Ceasa. A polícia tem fotos, inclusive. O que o seu cliente explicou com relação a isso?

ADVOGADA - Veja, o carro foi fotografado perto do Ceasa, mas não dá para ver quem está dentro do veículo. Meu cliente não foi fotografado dentro desse veículo próximo ao Ceasa, isso não aconteceu.

O carro, bem, frequenta o imóvel, isso está claro, o imóvel fazia parte de onde ele armazenava os materiais para a empresa dele, o carro dele obviamente estaria lá e os rapazes, alguns de sua espécie, são funcionários dele.

SIMONE - Coincidência?

ADVOGADA - Não sei, isso ainda vai ser esclarecido, não tive a oportunidade de conversar com ele exatamente sobre esse detalhe, mas podia ser qualquer pessoa, inclusive um funcionário da empresa usando o carro dele para fins da empresa e depois desviado, sem ele saber, enfim. Fato é: não há registro dele dentro desse veículo próximo ao Ceasa.

SIMONE - Doutora, com relação ao seu cliente ter informado em depoimento que reconhecia o Jailson Gijo, que é um ex-presidiário que teria trabalhado até para a empresa dele como segurança. Em depoimento, o seu cliente teria dito que ele fazia as cobranças da empresa. Ele chegou a relatar que tipo de cobrança seria essa, já que se trata do Jaison Gijo, de um ex-presidiário?

ADVOGADA - Sim, ex-presidiário tem direito à ressocialização e à oportunidade. Então, meu cliente, como eu já havia dito, ele já tinha um funcionário que era amigo desse rapaz, e como ele precisou de uma pessoa para fazer a parte de cobrança, o rapaz, que era um funcionário antigo, que já estava se dando bem na empresa, disse, olha, eu tenho um colega que pode fazer bem serviço.

Foi uma indicação. Então, independente de ser presidiário ou não, ele foi ex-presidiário, ele deu a oportunidade para ele fazer o trabalho. A cobrança era simplesmente, de fato, chegar, porque eles têm vendas da empresa e vendas externas.

Então, tem pessoas que não vão até a empresa para adquirir a mercadoria. Então, é preciso ir até essas pessoas. Então, havia alguém que chegava: olha, vocês estão devendo tanto, a proposta de acordo, o pagamento é assim, assado, enfim. Então, ele fazia esse papel. Era isso que ele estava, inclusive, há pouquíssimo tempo na empresa. Fazia pouco tempo.

A própria investigação relata que a presença desse inspecionador foi constatada no imóvel a partir de janeiro, de janeiro para cá, enquanto o meu cliente frequenta esse imóvel há anos para fins profissionais.

SIMONE - Doutora Amanda, ainda uma pergunta. Tudo com base no depoimento da polícia, que a polícia recebeu, o documento que a gente teve acesso. Nesse documento, em depoimento, inclusive nos registros de investigação policial, que se deu mais de um mês aí, constam de que o seu cliente era visto indo, inclusive, nas reuniões das segundas-feiras, que seriam reuniões com todos do grupo. O que a senhora tem a dizer sobre isso?

ADVOGADA - Veja, o meu cliente frequentava esse imóvel para além das segundas-feiras. Ele usava o imóvel para fins profissionais.

Os funcionários também frequentavam esse imóvel para além das segundas-feiras, porque eram funcionários da empresa. E, eventualmente, poderiam receber outras pessoas. Fica como se fosse um imóvel muito livre de circulação, entende?

Várias pessoas ficavam naquela zona, né? Então, não necessariamente o que um grupinho que está dentro daquela residência conversou, outro grupo que está fazendo outro serviço também está ouvindo.

Então, não tem como a polícia dizer que lá dentro ele participou das reuniões, até porque a polícia não viu o que aconteceu lá dentro. Eles ficavam do lado de fora, observando a movimentação de entrada e de saída.

Então, repito, houve uma grande má interpretação das circunstâncias, mas a gente tem bastante elementos para provar a inocência de José Éber.

SIMONE - Para a senhora, já está resolvido o caso do seu cliente? Já está explicado?

ADVOGADA - Bem, a gente não pode dizer que está resolvido, porque a investigação é enviada para o Ministério Público, para que o Ministério Público decida se vai oferecer denúncia ou se vai solicitar mais medidas investigativas à polícia. Então, no momento, o que a gente tem a fazer é aguardar o movimento do Ministério Público para depois traçar quais vão ser os caminhos que a defesa vai percorrer.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: