Mulher é assassinada dentro de casa em Paulista; suspeito foi preso em Goiana
Vítima foi morta com uma faca cravada no pescoço; autor confessou o crime e foi autuado por feminicídio
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Sônia Cecília da Silva, de 61 anos, foi encontrada morta dentro do banheiro de sua casa, no bairro de Jardim Paulista, em Paulista, Região Metropolitana do Recife.
O corpo foi localizado por vizinhos na madrugada de sábado (24), após perceberem a porta do imóvel entreaberta e sinais de desordem no interior da residência.
A vítima morava sozinha. A cena encontrada chocou os moradores da área: o ambiente estava revirado e Sônia foi encontrada com uma faca cravada no pescoço.
A principal linha de investigação aponta que ela foi morta após uma discussão com um amigo, identificado como Luiz Carlos Bezerra de Melo, de 41 anos, popularmente chamado de “Carlinhos”.
SUSPEITO FOI DETIDO PELA GUARDA MUNICIPAL
Após o assassinato, Luiz Carlos fugiu do local. Há duas versões a partir daí. Uma diz que ele se entregou aos guardas municipais no município de Goiana, na Zona da Mata Norte do Estado. Outra, que foi capturado pelos guardas.
Em seguida, foi conduzido ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Recife, onde foi autuado em flagrante por feminicídio. Testemunho de familiares dizem que ele não tinha relação amorosa com a mãe.
Porém, o fato de estarem bebendo dentro de casa sugere uma relação de afeto. No caso de um homem que mata uma amiga, o crime também é considerado feminicídio.
A Polícia Civil de Pernambuco confirmou que a prisão foi realizada pela Força-Tarefa de Homicídios da Região Metropolitana Norte.
Segundo o boletim oficial, o crime foi cometido com arma branca, dentro da casa da vítima. A polícia também trata o caso como feminicídio e não confirma a história do suspeito, que disse estar "em cárcere privado".
DISCUSSÃO ANTERIOR À MORTE
Testemunhas relataram que vítima e suspeito estavam ingerindo bebida alcoólica juntos no momento em que iniciaram uma discussão.
Durante o interrogatório informal na saída do DHPP para realização de exame de corpo de delito, o suspeito demonstrou confusão ao tentar explicar o que teria motivado o ataque.
Questionado por repórteres, Luiz Carlos admitiu ter se arrependido do crime, mas deu declarações desconexas. Mas o rosto dele estava sem sinais de remorço (confira a foto).
“Ela me manteve em casa sem privado”, disse, sem explicar porque, então, estava bebendo com sua algoz, quando tinha tamanho maior do que ela, podendo reagir. Ele também negou ter qualquer relação amorosa com a vítima. “Namorava com ela? Não, não”, respondeu.
VÍTIMA ERA CONHECIDA PELA SIMPLICIDADE E BOM HUMOR

Sônia, chamada carinhosamente de “Dona Sônia” pelos vizinhos, era considerada uma mulher alegre e batalhadora.
Segundo informações extraoficiais, era natural do município de Panelas, no Agreste. Trabalhou por muitos anos como servente de pedreiro, além de recolher latinhas nas ruas para complementar a renda. Ela deixa duas filhas.
Moradores da vizinhança relataram que a vítima costumava ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade e não demonstrava medo de acolher conhecidos em sua casa.
“Ela era uma mulher do bem, nunca fez mal a ninguém. Isso foi uma crueldade”, afirmou uma moradora que preferiu não se identificar.
AUTOR FICARÁ À DISPOSIÇÃO DA JUSTIÇA
Depois de ser autuado em flagrante, Luiz Carlos foi encaminhado para realização de exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML), e, conforme o trâmite legal, será apresentado em audiência de custódia. A Assessoria do Tribunal de Justiça ainda não informou se ele responderia ao crime em liberdade ou em cumprirá prisão preventiva;.
A Polícia Civil informou que segue investigando os detalhes do caso para entender melhor a motivação do crime. Tratou o caso como feminicídio consumado.
Os dois não tinham relação amorosa, segundo testemunhas próximas, porém, se conheciam desde a infância e havia uma relação de afeto entre ambos, o que também caracteriza feminicídio.
FEMINICÍDIO AINDA É ALTO EM PERNAMBUCO
O caso reacende o alerta para o índice de feminicídios em Pernambuco. De acordo com dados da Secretaria de Defesa Social (SDS), o estado registrou aumento de assassinatos de mulheres motivados por questões de gênero nos últimos anos.
De acordo com dados revelados em audiência pública na Assembleia Legislativa, entre janeiro e abril deste ano, 35 mulheres foram assassinadas em virtude do gênero em Pernambuco. No mesmo período de 2024, haviam sido 27.
A maioria dos casos ocorre dentro de casa, tendo como autor alguém próximo à vítima. O crime cometido contra Sônia Cecília integra essa estatística trágica.
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