Justiça por Mirelly: feminicida condenado a 22 anos em Abreu e Lima
A decisão unânime do conselho de sentença reconheceu a autoria do crime
Escute essa reportagem
Na tarde de quarta-feira (13), o Tribunal do Júri de Abreu e Lima condenou Edvaldo de Moura Oliveira a 22 anos e 2 meses de reclusão pelo feminicídio de sua ex-companheira, Mirelly dos Santos Oliveira.
A decisão unânime do conselho de sentença reconheceu a autoria do crime, qualificado por motivo torpe, emprego de meio cruel e feminicídio.
Segundo as investigações, o crime aconteceu no dia 8 de novembro de 2017. Edvaldo, na época separado de Mirelly há cerca de dois meses, dirigiu-se à casa da vítima com o pretexto de visitar o filho.
Lá, ele a agrediu com uma barra de ferro, derramou gasolina sobre ela e ateou fogo em seu corpo. A jovem, com apenas 22 anos, sofreu queimaduras graves e faleceu 15 dias depois no Hospital da Restauração.
A mãe de Mirelly, Miramir dos Santos Oliveira, presenciou o ataque brutal e relatou o sofrimento da filha em seu depoimento. O promotor de Justiça José Edivaldo da Silva, por sua vez, destacou a premeditação do crime e o desprezo do réu pela condição de mulher da vítima.
"Ele é um perigo para a sociedade e para qualquer mulher que passe na vida dele. Ele tocou fogo nela, jogou gasolina e tacou na minha única filha. Ele já tinha esfaqueado a primeira mulher e tocou fogo na minha filha”, disse a mãe ao longo do dia, muito abatida.
O juiz Felipe Arthur Monteiro Leal presidiu o júri. O julgamento contou apenas com uma testemunha de acusação, a mãe de Mirelly, além do interrogatório do acusado e das alegações tanto da acusação quanto da defesa de Edvaldo. Ela depôs sem a presença do réu.
Segundo o Promotor de Justiça José Edivaldo da Silva, responsável pela acusação, o condenado mostrava desprezo pela condição de mulher da vítima.
“O homem precisa respeitar a mulher. Abreu e Lima não aceita o assassinato cruel de uma jovem na frente de um garoto de quatro anos de idade”, comentou ele, acrescentando que o homem também demonstrou ódio e misogenia no crime.
O réu negou que tivesse premeditado o crime, mas confessou o assassinato. Disse que tinha cometido o feminicídio por ciúmes, uma reação a um caso extraconjugal. A tese foi rebatida pela promotoria.
O promotor apontou para os jurados que o réu já não morava junto com Mirelly e que, no seu entendimento, a ida de Edvaldo de Moura Oliveira para o local do crime com combustível e uma barra de ferro seria um indício de planejamento prévio.
No mesmo dia da morte da vítima, a Justiça decretou a prisão preventiva do acusado, que foi capturado em 28 de novembro de 2017 pela Polícia Civil. Desde então, o réu encontra-se preso.
Comentários