Inquérito da PM aponta Alex como autor do tiro que matou grávida em Camaragibe
Tenente-coronel Demetrios Cavalcanti detalha investigação e diz que tiro foi pelas costas
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O tenente-coronel Demétrios Cavalcanti, responsável pelo inquérito militar sobre os homicídios ocorridos em Camaragibe, no dia 14 de setembro do ano passado, disse que, pelas provas, quem efetuou o tiro responsável pela morte da grávida Ana Letícia Carias da Silva, 18 anos, foi Alex da Silva Barbosa, que era motorista de caminhão.
O tenente-coronel falou sobre o assunto durante a primeira reconstituição da cena do crime, que foi feita nesta quinta-feira, no mesmo local onde parte dos fatos ocorreram, no bairro de Tabatinga. Mais de 30 policiais e testemunhas participaram da simulação.
A reportagem foi feita por Marwyn Barbosa e divulgada na 1ª e 2ª edições do Jornal da Tribuna PE (canal 4.1/Band).
A jovem estava grávida de sete meses e faleceu no dia 21 de outubro, cerca de um mês e meio depois de ser baleada. Durante a hospitalização, em coma, Ana Letícia teve uma filha que está sob a guarda dos avós.
Ana Letícia é uma das vítimas de uma sucessão de fatos que ocorreu quando, de acordo com testemunhos à polícia, dois policiais abordaram Alex. O motorista teria fugido porque portava arma de uso restrito e com laser.
Os dois policiais perseguiram Alex até que ele invadiu a casa da grávida, que estava acompanhada de um primo de 14 anos. Nesta ocasião, Alex fez a jovem de refém e matou os dois policiais que o perseguiam: o soldado Eduardo Roque Barbosa e o cabo Rodolfo José da Silva.
Até então, um dos principais mistérios do caso era a autoria do tiro efetuado contra a grávida, se tinha partido dos policiais ou do próprio Alex. “O inquérito policial militar, que eu represento, está restrito aos fatos do dia 14 de setembro, onde a gente tem ali a fatalidade, a perda dos nossos dois bravos policiais militares”, disse o tenente-coronel.
Em seguida, ao ser indagado sobre quem tinha atirado na jovem, ele respondeu: “Até este momento, o que nós temos de prova apenas corrobora no sentido de que o disparo foi feito pelo Alex. Não existe nenhuma prova que indique outro sentido. Na época dos fatos, se falou que o disparo poderia ter atingido o globo ocular da Ana Letícia, mas isso não é verdade. Na verdade, o disparo (na jovem) foi feito de trás para frente”, destacou, lembrando que ela foi feita como escudo humano pelo motorista.
A reconstituição foi coordenada pelo Instituto de Criminalística e acompanhada por representantes do Ministério Público. O pai de Ana Letícia participou detalhando, dando informações aos peritos. Outras testemunhas também participaram.
Para o tenente-coronel, Alex teria saído da mata, onde costumava praticar tiros, quando foi abordado.
“Notícias que nós conseguimos captar para o processo revelam que, sim, Alex tinha um costume de, regularmente, ir à mata e efetuar alguns disparos de arma de fogo. Isso, inclusive, revela a sua habilidade, a sua destreza, que acabou levando ao desfecho daquele dia 14 de setembro”, pontuou.
A simulação dos fatos foi necessária em virtude de várias versões sobre o caso que chocou Pernambuco e teve repercussões no Brasil. Após a morte dos dois policiais na casa de Ana Letícia, outros policiais saíram para uma verdadeira caçada contra o criminoso. Mas não só para capturá-lo e levá-lo à Justiça.
Durante as buscas, eles executaram Alex, mataram a mulher, a mãe e os três irmãos. De acordo com a acusação feita pelo Ministério Público, a vingança contou com aval de dois importantes comandantes da Polícia Militar. No total, segundo a acusação, 12 policiais teriam participado da chacina. O MPPE já ofereceu denúncia e a juíza Marília Falcone derrubou o sigilo dos autos.
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