Morte de Darik, do Sport, teve despreparo e negligência policial, dizem familiares
Durante sepultamento, pai acusa ação polícial de ser despreparada e desastrosa
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O enterro do adolescente Darik Sampaio da Silva, 13 anos, ocorreu nesta segunda-feira (18), marcado por revolta e tristeza dos amigos e familiares. O menino levou dois tiros durante uma perseguição policial a um carro roubado na Professora Arcelina Câmara, no bairro do Jordão, Zona Sul do Recife. A família acredita que os disparos que tiraram a vida da criança vieram da Polícia.
O sepultamento de Darik foi realizado no Cemitério de Santo Amaro, no bairro de mesmo nome, no Centro do Recife.
“Nunca mais vou ver meu filho. Eu acho que estou num pesadelo e vou acordar. Ele estava apenas sentado, conversando com duas coleguinhas e eles (os policiais) fizeram essa ação desastrosa, atirando na rua, de tudo que é lado. Tinha um caminhão lá cheio de balas, meu Deus. É um despreparo total da polícia”, disse Davison José da Silva, pai de Darik.
Em outro momento, o pai desabafou: "Foi um total despreparo. A polícia está na rua para matar inocentes? Valeu a pena recuperar o carro e matar um inocente?"
Davison José, pai de Darik, estava inconformado pela forma como foi tratado pelos policiais e pela forma como viu o adolescente jogado no camburão, sem qualquer cuidado. Darik, segundo o pai, chegou ao hospital do Ibura sem vida, no sábado à noite.
O último áudio de Darik
Antes de morrer, o adolescente enviou um áudio para mãe, explicando que estava conversando com as amigas e voltaria para casa em breve. “Oi mainha, aí eu tô sem internet, mas eu tô aqui conversando com uma amiga minha no meio das ruas. Daqui a pouco eu vou para casa. (Estou) aqui mãe, atrás da academia, o FIT”, disse ele, dando satisfações à família de onde estava por meio de áudio, enviado à TV TV Tribuna PE (canal 4/Band)
As balas atingiram Darik por volta das 19h30, quando duas viaturas perseguiram um carro que havia sido roubado em Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes. Há várias marcas dos disparos na fachada da casa. Um dos tiros fatais perfurou o celular que estava na cintura do garoto e o abdômen, outro atingiu a perna.
O tio do adolescente contou que pessoas da comunidade pediram socorro e os policiais demoraram a socorrer.
“O policial faz o juramento, onde a vida é primordial. Então, eles negligenciaram o socorro. Posteriormente, veio uma terceira viatura e foi quando a população estava aglomerando e parou uma viatura para que socorresse. Pegaram o meu sobrinho de maneira brusca e jogaram na mala da viatura”, afirmou o tio Everton Ramos.
A Polícia Militar informou que, durante a perseguição ao suspeito, houve troca de tiros com o efetivo, mas o pai acredita que as balas vieram da polícia. O chão ficou repleto de cartuchos, que não eram de pistola.
Para o pai, o calibre da arma não bate com o equipamento usado pelos bandidos. Outro fato que a família conta é que o veículo roubado estava transitando no lugar com os vidros fechados.
O menino de 13 anos jogava futsal sub-14 do Sport Club do Recife e sonhava em ser jogador de futebol. O pai lembra que ele era dedicado aos estudos, o melhor da classe, organizado e carinhoso. “Acabaram com o sonho do meu filho”.
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