Criminosos extorquiam vítimas após fingirem ser mulheres em apps; mais de 30 caíram
Mandados foram cumpridos em Pernambuco contra suspeitos de se passarem por mulheres e exigirem dinheiro sob ameaças de facção criminosa
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Uma operação conjunta entre a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) desarticulou um grupo criminoso acusado de extorquir ao menos 32 vítimas no DF a partir de perfis falsos criados em aplicativos de relacionamento. A ofensiva, batizada de Operação Igarassu, teve como foco criminosos atuando de dentro e fora do sistema prisional em Pernambuco — três deles já estavam presos no Presídio de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife.
Dos 10 mandados de prisão expedidos pela Vara Criminal do DF, nove foram cumpridos nesta quarta-feira (7), além de 14 mandados de busca e apreensão. Os alvos estavam em cidades de Pernambuco, incluindo detentos do sistema prisional.
Golpe emocional com ameaça de morte

Segundo a Polícia Civil, os criminosos criaram perfis com fotos de mulheres atraentes para atrair vítimas em sites e redes sociais. Quando o contato era estabelecido, os suspeitos simulavam o envolvimento da vítima com uma suposta namorada de um integrante de facção criminosa do DF. Em seguida, diziam que o "tribunal do crime" havia decretado a morte da vítima — a menos que ela realizasse transferências bancárias como forma de “indenização”.
“Eles diziam: ‘você está se relacionando com uma mulher que é namorada de um membro de facção’. Em razão disso, o tribunal do crime decretou a sua morte. A vítima ficava com medo, porque eles tinham informações pessoais, e acreditavam na ameaça. A partir daí, começaram a exigir dinheiro”, explicou o delegado Renato Lourenço, da Polícia Civil do Distrito Federal.
As investigações revelaram que os criminosos operavam majoritariamente de Pernambuco. "Dos 10 mandados de prisão, conseguimos cumprir nove. Seis pessoas estavam em liberdade e foram presas, e três já estavam no presídio de Igarassu. Esses também participaram da empreitada criminosa", disse o delegado.
Segundo ele, o grupo obteve mais de R$ 100 mil das vítimas, com valores que variaram de R$ 1 mil a R$ 30 mil por pessoa. A estimativa é que existam mais vítimas em outros estados, além das já identificadas no Distrito Federal. “Acreditamos que sim. Inclusive, uma das presas citou valores que não constavam nas nossas investigações”, afirmou, em entrevista a Carlos Simões, exibida no JT1, apresentado por Artur Tigre.
Organização com diferentes funções
A Polícia Civil ainda apura o papel de cada integrante na organização criminosa. “Alguns eram beneficiários diretos do dinheiro. Ainda vamos apurar quem criava os perfis, quem fazia o contato, quem recebia os valores”, acrescentou Renato Lourenço. Quatro mulheres estão entre os presos.
Os 14 mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Foram recolhidos celulares e outros dispositivos que agora serão analisados. Um dos investigados, com antecedentes criminais, segue foragido.
Alerta da Polícia de Pernambuco

A operação teve apoio logístico e operacional da Polícia Civil de Pernambuco, que também participou das diligências. O delegado Paulo Berenguer, gestor do Depatri em Afogados, no Recife, reforçou o alerta à população e orientou possíveis vítimas a denunciarem.
“A orientação é procurar imediatamente a Polícia Civil do seu estado, a delegacia mais próxima da sua residência ou um departamento especializado. Registrando o boletim de ocorrência, a polícia é obrigada a atuar, investigar e identificar os responsáveis”, explicou Berenguer.
Ele destacou ainda que, com a denúncia, há chances reais de recuperação dos valores subtraídos. “Com essa operação, conseguimos tirar criminosos de circulação e dar às vítimas a sensação de justiça.”
Investigação começou em maio
De acordo com o delegado Renato Lourenço, a investigação começou em maio deste ano, após o registro dos primeiros boletins de ocorrência no Distrito Federal. A 3ª Delegacia de Polícia da PCDF liderou a apuração, com cooperação da PCPE.
O caso continua em investigação, e a polícia segue apurando a abrangência interestadual da quadrilha.
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