Coveiro e esposa presos por enterrar jovem viva durante ritual macabro em Sanharó
Vítima de 22 anos sobreviveu ao ataque, usa seis pinos na perna, sente dores fortes e rompe o silêncio após a prisão do casal
A prisão de um casal, no município de Sanharó, reacendeu um dos casos mais cruéis já registrados na cidade localizada no Agreste de Pernambuco, com uma população estimada em 18.812 habitantes. Eles foram detidos no dia 28 de novembro por enterrar viva uma jovem de 22 anos dentro do cemitério municipal e tentar matá-la. A Polícia Civil confirmou no caso nesta quarta-feira ao Tribuna Online PE.
O ataque aconteceu em 2024, mas só agora — com a prisão dos dois — a vítima conseguiu detalhar o que sofreu.
Segundo a investigação, Tiago, de 38 anos, e Luciene, de 41, chamaram a jovem para beber na residência deles, que eram conhecidos. Esses “conhecidos” eram o coveiro e a esposa dele.
Horas depois de beberem juntos, contudo, a jovem pediu para tirar um cochilo. Por volta das 22h, quando acordou, não havia ninguém em casa e ela estranhou. Foi quando ela decidiu pular o muro da casa, que ficava atrás do cemitério. Mas ela caiu diretamente no local onde poderia ter perdido a vida.
A vítima relatou aos policiais que tentou correr no cemitério, mas foi atingida por uma pá na cabeça e na nuca, o que a fez desfalecer. Pelas apurações iniciais, inclusive, o marido dela tinha interesse sexual na jovem.
Filme de terror
“Senti uma paulada na nuca e outra na cabeça. Quando vi, me arrastaram para o final do terreno e me jogaram numa cova”, contou. Ela citou que os dois estavam envolvidos no crime.
A jovem relata que, enquanto lutava para respirar, a mulher tomava uma bebida dentro de um crânio. E ele começou a jogar terra em cima dela.
“Eles jogaram terra até os meus seios. Eu só pensava nos meus filhos”, disse, emocionada.
Os policiais que acompanharam o caso contaram que, no local, havia velas pretas e vermelhas, além de galinhas mortas. “Macabro demais”, lamentou o delegado Walkis Pacheco. “Ela é envolvida em rituais macabros”, acrescentou ao se referir à mulher do coveiro.
Golpes na perna
A vítima também levou golpes de pá e picareta na perna. Um deles abriu um grave ferimento, o que a fez começar a gritar e afugentar o casal. O ferimento foi tão profundo que ela precisou de cirurgia e hoje usa seis pinos para conseguir andar. As dores são diárias. Fortes. Limitantes. Ela só resolveu denunciar por insistência da mãe.
“Acordei cerca de 40 minutos depois, me arrastei até o portão e o vigia noturno me salvou”, relembra. Ela disse que os ferimentos foram tão graves que precisou ser levada ao hospital de Arcoverde, uma cidade polo do Sertão pernambucano onde existe atendimento de alta complexidade. Ficou internada lá durante 23 dias.
Além da violência física, o trauma psicológico segue aberto. "É algo que vou carregar para sempre”.
Suspeita de outras vítimas
Mesmo após sobreviver, a jovem demorou a denunciar porque foi ameaçada. Tinha medo. Evitava sair na rua. Agora, após a prisão, o chefe da investigação, Fúlvio Brito, informou que familiares do casal continuam a ameaçá-la. O policial garantiu, no entanto, que providências imediatas estão sendo tomadas contra os suspeitos. Segundo ele, o casal foi preso de forma temporária.
A Polícia Civil investiga se há outros crimes ligados ao casal. O caso é considerado um dos mais perturbadores já registrados na região. A vítima segue em acompanhamento médico e psicológico.
Veja nota da polícia divulgada nesta quarta-feira
“A Polícia Civil de Pernambuco informa que cumpriu um mandado de prisão, por meio da 15ª Delegacia Seccional - Belo Jardim, no dia 28 de novembro, contra uma mulher de 41 anos e um homem de 38 anos. Após serem localizados pela equipe policial em uma residência no bairro de Sanharó, os indivíduos foram conduzidos à delegacia para a realização dos procedimentos cabíveis, ficando em seguida à disposição da Justiça”.
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