Fundação Joaquim Nabuco amplia tratamento técnico do acervo de Josué de Castro
Instituição ainda cria agenda para geração do conhecimento e difusão da obra do médico e geógrafo pernambucano
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Às vésperas do aniversário de 116 anos de Josué de Castro, uma boa notícia. Uma agenda entre a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e o Centro Josué de Castro será firmada para lançamentos de publicações e seminários nacionais e internacionais voltados para o legado do médico e geógrafo pernambucano.
Os eventos serão realizados a partir dos documentos que estão sob a guarda do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira (Cehibra) da Fundaj.
Os arquivos que já estão no Cehibra seguem em processo de catalogação e digitalização para que fiquem acessíveis online para pesquisadores e estudiosos.
São documentos, correspondências e registros que traçam a trajetória de um dos mais importantes pensadores brasileiros sobre a questão da fome: 657 fotos, 1.863 correspondências expedidas, 2.039 correspondências recebidas, cerca de 6.000 recortes de jornais e 7.333 livros e fascículos de periódicos, dos quais 2.662 já estão disponíveis para pesquisa.
“Muito importante que este acervo do renomado intelectual Josué de Castro esteja acessível aos pesquisadores e à sociedade. Viabilizar este acesso é uma das tarefas prioritárias do Cehibra/Fundaj”, destaca a presidenta da Fundaj, Márcia Angela Aguiar.
“O acervo está bem conservado. E o processo de digitalização e de abertura ao público está avançado. Hoje mesmo já se pode incluir pesquisadores de Pernambuco, do Brasil e do Mundo para consultar parte dos arquivos. A equipe é dedicada e o nível de trabalho avançado. Em geral, a minha impressão foi superior à esperada, em relação à organização e ao cuidado. Este importante acervo para o Brasil e para Pernambuco está em condições de ser apresentado ao público, especialmente os pesquisadores”, afirmou o presidente do Centro Josué de Castro, José Arlindo Soares.
Sobre Josué de Castro
Josué Apolônio de Castro, conhecido como Josué de Castro, nasceu no Recife em 1908 e formou-se em medicina aos 21 anos.
Além de médico, ele também foi geógrafo, cientista social, político e escritor, destacando-se como um dos principais ativistas brasileiros no combate à fome.
Com reconhecimento internacional, ele foi um pioneiro no estudo da fome e da desnutrição, dedicando sua carreira à luta contra a escassez de alimentos e a injustiça social. Suas pesquisas abordam as interações entre insegurança alimentar, desigualdade e pobreza.
Autor de mais de 30 obras, Josué de Castro descreveu a fome como um problema social. Em “Geografia da Fome no Brasil”, publicado em 1946, ele analisou as condições da fome no país e suas causas, desmistificando a pobreza e explicando os fatores geográficos, biológicos, culturais e políticos que contribuem para esse problema. Uma de suas frases mais célebres é: “Toda a terra dos homens tem sido também até hoje terra da fome”.
Suas obras são fundamentais para a compreensão das relações de poder e da questão fundiária no Brasil, além de sua crítica ao subdesenvolvimento, que ele via como uma relação de poder entre países.
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