Santa Cruz sofre, resiste e canta alto: está na final da Série D
Com defesas de Rokenedy e apoio da torcida, tricolor garante vaga ao empatar com o Maranhão

No jogo decisivo da semifinal, o Maranhão entrou na Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, como se fosse sua casa. Assustou cerca de 41 mil torcedores. Chegaram mordendo, velozes e furiosos, com vontade de passar para a grande final. O Santa entrou mais fechado, precisando apenas de um empate para chegar à decisão que vale quase R$ 1,4 milhão e mais 100 pontos no ranking da CBF para o campeão. Foi um estímulo e tanto. O placar terminou favorável ao Tricolor do Arruda. Não teve grito de gol, mas foi 0 a 0 mais barulhento do ano.
A aposta mais arriscada do treinador Marcelo Cabo na Quarta Divisão, não titubeou. Rokenedy, de novo, salvou o time de gol certo no primeiro tempo e na etapa complementar. André Radija, do Macão, tirou tinta da trave tricolor. Igor Nunes fez Rokenedy crescer 10 centímetros para espalmar a bola. Clessione tentou cobrí-lo, mas não teve jeito. O arqueiro virou o nome do jogo de tantas defesas, merecendo os aplausos no final.
A torcida Santacruzense do Arruda desceu o morro novamente e viajou para outra cidade da Região Metropolitana do Recife de metrô, de ônibus, de carro, moto e bicicleta. Cantou com pinta de pura riqueza e com cara de SAF assinada.
Não se calou e iniciou a partida com o hino que marcou a Série D. “... É tradição não é moda, você diz que acabou, eu digo nada mudou”. Foi de arrepiar. Como sempre. A torcida com maior presença em campo na série D, com média de público de série A, dá inúmeras demonstrações de que nunca acabou. É um fenômeno social, com média de público de mais de 23 mil torcedores ao longo dessa jornada dificílima, num campeonato tenebroso, do qual todos querem sair.
O próximo adversário da Cobra Coral é o Barra-SC, em data ainda não definida pela CBF. São mais 180 minutos de emoção que aguardam os santacruzenses e o separam do título de campeão ou de vice.
1º tempo: pressão inicial do Maranhão
O primeiro tempo terminou sem gols, mas com muita movimentação na Arena de Pernambuco. Logo nos minutos iniciais, o Maranhão mostrou mais organização e partiu para cima. Jorge, camisa 10 do time visitante, arriscou de fora da área e chegou a assustar Rokenedy. O ponta Ryan também levou perigo constante pela direita, exigindo atenção redobrada da defesa coral.
O Santa Cruz teve dificuldades na saída de bola e rifou passes durante boa parte da etapa. A torcida não escondeu a tensão com os erros do time e chegou a reclamar da arbitragem. Eurico, que evitou um lance perigoso de Ryan com um carrinho providencial, acabou punido com cartão amarelo em outra jogada dura.
Chances mais claras
Apesar da pressão inicial do Maranhão, as chances mais claras foram do Santa Cruz na reta final do primeiro tempo. Aos 29 minutos, Willian Júnior cobrou escanteio e Pedro Favela cabeceou para grande defesa de Jean, goleiro do MAC. Pouco depois, o mesmo Favela aproveitou rebote na entrada da área e chutou rente à trave esquerda, levantando a torcida tricolor.
Destaques do primeiro tempo
Do lado maranhense, Jorge foi o nome mais perigoso, com bons arremates de longa distância e participação ativa na criação das jogadas. Ryan também se destacou pelo drible e velocidade. Já pelo Santa Cruz, Pedro Favela foi o mais efetivo, chegando com perigo duas vezes e sendo protagonista das melhores oportunidades do Tricolor.
2º tempo: troca de golpes

O segundo tempo foi intenso, de tirar o fôlego, mas com o mesmo 0 a 0. Santa Cruz e Maranhão entraram em campo com fome de gol, travando um duelo aberto, lá e lô. O Tricolor conseguiu se impor mais, criando boas investidas no setor ofensivo. Mas, a cada passe errado da Cobra Coral, o Maranhão reagia com velocidade, obrigando o goleiro Rokenedy a trabalhar duro.
Pressão final

Aos 34 minutos do segundo tempo, a torcida virou protagonista novamente, com celulares acesos e hinos de todos os tipos. “Sempre vou te amar, nunca vou te abandonar”. Aos 44, por sua vez, entrou no módulo defesa absoluta com Marcelo Cabo, vendo o time com quatro zagueiros e três volantes. Eram quase 41 mil torcedores em desespero. Vagalume, do Mac, acendia em todos os lugares, parecia multiplicado.
Ariel, experiente, encantou e catimbou na medida certa. Quase fez a torcida soltar o grito de gol. Pedro Favela, William Júnior também fizeram alegria da torcida. Os acertos de todos os jogadores superaram os erros.
7 minutos de tensão e esperança
Separando o Santa da decisão final, foram 7 minutos de prorrogação dados pelo juiz Léo Simão. Uma eternidade. Muita tensão. Muita esperança. Tudo era muito. Anos de sofrimento passando na memória.
O Santa Cruz venceu o primeiro jogo contra o Maranhão por 1 a 0 jogando fora de casa, no final de samana passado. Conseguiu a vantagem e mereceu chegar à final. O bode também arrasou sendo mais um nome do Nordeste a subir para a Série C. Ninguém vai esquecer os vagalumes em campo que ainda têm muito campo para brilhar. Mas não nesta final.
Ficha do jogo
Santa Cruz 0
Rokenedy; Yuri Ferraz (Hiago Ribeiro), Eurico Lima, William Alves e Rodrigues; Pedro Favela (Jonatas Paulista), Gabriel Galhardo, Wagner Balotelli, Willian Junior (Matheus Vinicius); Geovany (Adailson) e Thiago Galhardo (Ariel). Técnico: Marcelo Cabo
Maranhão 0
Jean; Igor Nunes, Julio Nascimento (Fernando), Keven, André Radija (Lucas Manga); Dudu, Rosivan (Anderson Paraiba), Jorge; Ryan, Clessione e Vagalume. Técnico: Marcinho Guerreiro
Local: Arena de Pernambuco, em São Lourenço da Mata (PE)
Árbitro: Léo Simão Holanda (CE)
Assistentes: Jose Moracy de Sousa (CE), Eleutério Felipe Marques (CE), Emerson Souza Silva (BA)
VAR: Leonardo Rotondo Pinto (MG) e Frederico Soares Vilarinho (MG)
Gols:
Cartões amarelos: Eurico, Rokenedy (STA); Ryan (MAC)
Público: 40.892 pessoas
Renda: R$ 1.464.705,00
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