Pernambuco no topo: João Gomes conquista o Grammy Latino com “Dominguinho”
Projeto gravado no Sítio Histórico de Olinda reúne João Gomes, Mestrinho e Jota.Pê e conquista o prêmio antes da cerimônia principal
Pernambuco festeja mais uma vez sua força musical ao ver João Gomes erguer o troféu da categoria Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa no Latin Grammy Awards 2025 com o projeto Dominguinho — assinado por ele, Mestrinho e Jota.Pê. A vitória confirma que o estado está na vanguarda quando o assunto é música de raízes e identidade cultural.
Gravação e conceito
O álbum Dominguinho foi gravado no emblemático Sítio Histórico de Olinda (PE), cenário escolhido por sua atmosfera nostálgica, nordestina e intimista, que casa perfeitamente com a proposta do trio: 12 faixas onde sanfona, violão de aço e percussão se abraçam em releituras e faixas inéditas.
No repertório, uma faixa inédita intitulada “Flor”, de Mestrinho, além de releituras como o medley Mete Um Block Nele / Ela Tem e “Pontes Indestrutíveis”, clássico do Charlie Brown Jr..
A direção musical é compartilhada entre o trio e o produtor Daniel Mendes. O resultado é um álbum que oscila entre o aconchego de domingo, a nostalgia sertaneja e a força das raízes nordestinas.
Por que o anúncio veio antes da cerimônia principal
O Latin Grammy 2025 adotou um formato em que parte das categorias — especialmente de “raíz” ou de línguas portuguesa/espanhol — são entregues ou anunciadas em uma première realizada antes da cerimônia principal, diferenciando-se das categorias mais “populares” ou de grandes estrelas. Neste contexto, Dominguinho foi declarado vencedor antes mesmo do evento principal da noite.
Além disso, o álbum estava entre os destaques dos brasileiros indicados, o que mobilizou torcida, repercussão e chegada antecipada da notícia ao mercado — reflexo da atenção global que a obra recebeu.
O impacto para Pernambuco
Essa conquista reforça o protagonismo pernambucano na música brasileira contemporânea. João Gomes — já conhecido por aliar o piseiro e a cultura popular nordestina — atinge novo patamar. Segundo reportagem, o cantor vem se apresentando com presença massiva e traduzindo o sertão para o grande público nacional.
Para o estado, é mais do que um troféu: é um símbolo de que a música de raiz, a cultura nordestina e a produção independente podem conquistar vitrines internacionais.
Contexto da disputa
Vale lembrar que o álbum concorria frente a outros quatro trabalhos já indicados nesta mesma categoria — entre eles, projetos de outros artistas brasileiros que também representam trajetórias fortes. A vitória de Dominguinho, portanto, marca não só uma premiação individual, mas o reconhecimento de um movimento cultural crescente.
Ele concorria na categoria Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa ao lado de outros quatro nomes. Mais três deles também são pernambucanos — Casa Coração, de Joyce Alane; Universo de Paixão, de Natascha Falcão; Transespacial, de Fitti. O único artista de fora era Camané, com o álbum Ao Vivo no CCB: Homenagem a José Mário Branco.
Emoção ao receber o prêmio
As primeiras reações ao prêmio revelam a dimensão afetiva do projeto. João Gomes celebrou a conquista com simplicidade e fé: "Só tenho a dizer muito obrigada, toda turma de eu sou, agradecer a toda turma que fez a gente chegar aqui. Todo santo dia eu tenho que agradecer a Deus pelos amigos que a música me deu".
Ao lado dele, Mestrinho reforçou o caráter íntimo do encontro entre os três artistas: "Esse disco foi um encontro de três pessoas que se amam e vivem a música. A gente se amou muito gravando esse álbum".
Já Jota.Pê sintetizou o espírito coletivo da obra ao afirmar: "É muito bonito fazer parte de algo maior do que eu". Juntas, as declarações reforçam que Dominguinho ultrapassa o troféu — é resultado de afeto, parceria e devoção à música brasileira.
Vídeo do momento exato da premiação
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