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Entretenimento

Galo da Madrugada mata saudade com homenagens e mensagem contra racismo

Foram mais de nove horas de desfile do Galo da Madrugada, neste sábado (18), pelas ruas do Recife com a participação de artistas nacionais


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Imagem ilustrativa da imagem Galo da Madrugada mata saudade com homenagens e mensagem contra racismo
Multidão participou do Galo da Madrugada |  Foto: Wesley D'Almeida/PCR

Foram mais de nove horas de desfile do Galo da Madrugada neste sábado (18) pelas ruas do Recife. A saudade passou em grande estilo. Artistas nacionais e celebridades estiveram no bloco ao lado dos músicos locais e dos protagonistas da festa, os foliões.

Logo cedo, por volta das 7h, as ruas do centro já estavam com foliões, ansiosos para o começo do desfile.

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Segundo a organização do Galo da Madrugada, o público ultrapassou 2,5 milhões de foliões. A tradicional alegoria gigante foi batizada de Galo Preto Ancestral, em homenagem aos povos negros e à cultura afro-brasileira. Foi a primeira vez que a escultura maior do bloco teve essa temática.

Por volta das 9h, fogos de artifício anunciavam o início do desfile do Galo, após dois anos seguidos de ausência. Foram a partir daí 30 trios elétricos comandados por artistas locais com a presença de convidados nacionais. Ao todo, dez alegorias, e o clima predominante foi de tranquilidade ao longo do desfile.

Imagem ilustrativa da imagem Galo da Madrugada mata saudade com homenagens e mensagem contra racismo
Galo da Madrugada retornou às ruas do Recife |  Foto: Wesley D'Almeida/PCR

"A gente tem que estar aberto à diversidade e entender que cada um tem seu espírito e aceitar todos", disse Patrícia Brasil, que foi ao Galo em um grupo de 30 pessoas fantasiadas de diversas formas. "Esse ano ainda tem muita gente receosa por causa da pandemia, mas no ano que vem com certeza vai aumentar esse número", acrescentou, frisando que em anos anteriores o coletivo chegava a cem integrantes.

Uma das principais atrações do Galo foi a cantora Pabllo Vittar, que fez duetos com Romero Ferro e Juliette a partir de uma plataforma montada no camarote oficial do bloco. Juntos, eles cantaram "Frevo Mulher" e outras letras tradicionais da festa local. Em seguida, Pabllo seguiu no trio elétrico rumo ao final do percurso.

Em entrevista à Folha, Pabllo disse que o Carnaval também é, para ela, uma comemoração do novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Estou muito feliz de estar aqui no Carnaval comemorando o novo governo. Espero que a gente tenha anos melhores." Durante a campanha eleitoral, Pabllo foi uma das cantoras que apoiaram Lula.

"É a minha segunda vez no Galo, estou muito feliz. O público está bem animado", disse ela, que fez a sua estreia no bloco em 2020.

O tema do 44º desfile do bloco foi "Viva a vida, viva o frevo, viva Enéas", em alusão à volta do Carnaval após dois anos de restrição por causa da pandemia e ao fundador do bloco, Enéas Alves Freire, que morreu em 2008, aos 86 anos --as homenagens pelo centenário dele não puderam ser feitas em 2021 em razão da Covid.

Ary Nóbrega, morto em abril de 2020 e responsável pelas alegorias do bloco por 30 anos, e o cantor Claudionor Germano, 90, também foram homenageados no Carnaval deste ano.

O camarote oficial do Galo da Madrugada reuniu outros artistas e famosos neste sábado.

"O Galo de volta representa recomeço e renovação da esperança. Para mim, representa a fé no homem, depois de tanto obscurantismo que vivemos. [Vou ficar] os quatro dias em Pernambuco no Carnaval", disse ator pernambucano Armando Babaioff.

A cantora paraense Gaby Amarantos também esteve presente, assim como o cantor pernambucano Otto.

"Hoje o povo, seja rico ou pobre, e de todo o Brasil, faz uma festa de paz. Desde os 10 anos de idade, eu vinha pro Galo na cacunda do meu pai. E o bloco hoje forma foliões do Brasil todo. É um grande encontro de artistas também, vemos gente que nunca encontramos no ano", disse Otto.

No início do desfile, o presidente do Galo da Madrugada disse que "a ficha caiu" na volta do bloco, após semanas de expectativa e organização.

"Agora estamos sentindo a realidade e vendo o povo na rua. A força do povo faz o Galo da Madrugada se fortalecer", afirmou Rômulo Meneses.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, chegou por volta das 13h ao camarote oficial do bloco e fez duetos musicais com cantores dos trios elétricos, como o pernambucano Almir Rouche.

"O Galo tem uma representatividade e um destaque grande no Carnaval do Brasil. É uma festa da cultura brasileira. Vou passar por Salvador e também irei ao desfile da Mangueira, no Rio de Janeiro", disse.

Além do enfrentamento ao racismo, outras manifestações marcaram o dia. Um grupo de 30 pessoas levou mensagem sobre o enfrentamento à violência contra a mulher ao Galo da Madrugada. "Numa mulher não se bate nem com uma flor", dizia uma faixa exibida pelo grupo no bloco.

A cabeleireira Joelma Ribeiro faz parte do grupo e disse que matou a saudade do Galo da Madrugada na manhã deste sábado.

"A gente vê muitas mulheres agredidas e passamos essa mensagem necessária", acrescentou.

Um grupo de cinco foliões que participa do Galo da Madrugada definiu o retorno ao bloco como renascimento e esperança em dias melhores.

"Vida, renascimento, esperança. Voltar ao Galo não é só a festa, é ver as pessoas depois de tudo que a gente passou. Você encontra pessoas no Galo que só se vê aqui", disse a funcionária pública Silvana Araújo, participa do Galo há 30 anos

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Artistas nacionais participaram do bloco |  Foto: Wesley D'Almeida/PCR

As fantasias relativas a personagens do cinema e do dia a dia predominaram no Galo. Diferentemente de edições anteriores, os componentes políticos não foram expressivos por parte do público e da classe artística.

O médico Renan Mesel, 28, que esteve na linha de frente do enfrentamento à Covid, celebrou o retorno do Galo. "A estrutura está maravilhosa e o pernambucano merece uma volta triunfal, como está sendo aqui. É muita energia positiva. Foram dois anos difíceis para o Brasil e o mundo, mas merecemos um pouco de alívio e alegria, que é isso que o Carnaval proporciona."

Após a realização do bloco, foliões reclamaram da saída nas imediações do Forte das Cinco Pontas. Uma fila grande se formou para a espera de táxis, além de relatos de dificuldade para encontrar corridas dos carros de transporte por aplicativo.

Já os comerciantes comemoraram o faturamento durante o Galo de 2023. A vendedora Maria José, 63, vende bebidas no bloco há mais de uma década. "Foi horrível [ficar dois anos sem vendas no Galo]. O dinheiro ajuda para comer, pagar conta de luz. Sem isso, fica difícil."

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