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Entretenimento

Fundaj promove exposição para refletir sociedade e cultura africanas

Mostra fotográfica do artista nigeriano Mallam Mudi Yahaya será aberta ao público nesta quinta, em Casa Forte, Zona Norte do Recife


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Imagem ilustrativa da imagem Fundaj promove exposição para refletir sociedade e cultura africanas
|  Foto: Divulgação

Pela primeira vez no Brasil, as obras do artista nigeriano Mallam Mudi Yahaya serão reveladas ao público na Fundação Joaquim Nabuco na exposição “ECOAR - Refletindo A Sombra Africana da Memória”. A mostra fotográfica é uma parceria do Consulado-Geral da Alemanha em Recife com a Fundaj, por meio do Museu do Homem do Nordeste, equipamento cultural vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca).

Reúne mais 70 registros do artista contemporâneo focados em rastrear como as sociedades africanas, que estavam no centro do comércio transatlântico de escravizados, foram influenciadas ao longo dos séculos nas esferas sociais e culturais. Instalada na Pinacoteca da Fundaj, no Solar Francisco Ribeiro Pinto Guimarães, no campus Gilberto Freyre, em Casa Forte, a exposição será aberta ao público em 2 de novembro, ficando em cartaz até 29 de fevereiro de 2024.

Com curadoria das curadoras e artistas berlinenses Gisela Kayser, Suely Torres e Mireya Palmeira, e produção da produtora alemã Modern Art Film Archive, a mostra foi proposta pelo Consulado da Alemanha, por meio do seu Cônsul-Geral da Alemanha no Recife, Sr. Johannes Bloos, que encontrou na Fundaj um local expositivo para a pesquisa artística de Mudi Yahaya.

Para Johannes Bloos é importante que a Alemanha busque fortalecer sua relação com o Brasil e com outros países também através de intercâmbios culturais. “A exposição “ECOAR – Refletindo a sombra da memória africana” nos demonstra similitudes às vezes inesperadas entre culturas e povos bem distantes e destaca a importância da consciência histórica para o entendimento desse fenômeno. É proveitoso prestigiar a diversidade e ao mesmo tempo reconhecer os fortes vínculos culturais nas relações entre a África, o Brasil e a Europa”, atesta.

Ao explorar em seu trabalho a profunda complexidade das culturas africanas e as interpretações diversas que percorrem pelas identidades híbridas do continente em seus diferentes dialetos visuais e vocabulários, Mudi Yahaya buscou trabalhar nesta mostra com o seu próprio arquivo fotográfico, que foi criado ao longo de mais de 20 anos durante suas extensas viagens pela Nigéria, Benin, Gana e Senegal, países do continente africano.

“Esta exposição é dedicada à maior influência intelectual da minha vida. Sra. Jumoke Ali Baba, que me apresentou a história da Nigéria e particularmente a terra, cultura, história e tradições Kalabari. Foi ‘Aunty’ quem primeiro me levou ao Delta do Níger e me conectou à influência portuguesa na história do povo da região”, rememora o artista.

Já no Recife para acompanhar a montagem da exposição, o artista nigeriano falou sobre a motivação das fotografias. “Fiz essas imagens e montei essa mostra para passar a mensagem de que as pessoas busquem suas origens, suas ancestralidades. Para que saibam de onde vieram e onde querem chegar. A África tem mais de 200 idiomas e apenas um dos seus 54 países não foi colonizado, que é a Etiópia”, detalha Mudi Yahaya. Nas imagens coloridas que compõem a exposição há pessoas, casas, manifestações culturais e religiosas, objetos e texturas.

Sobre sua relação com a fotografia, o artista conta que o pai era fotógrafo e desde muito cedo se interessou pela arte. “Mesmo quando estava no exército, embora nunca tenha participado de nenhuma guerra, aprendi a utilizar a fotografia para ações de inteligência. E sempre gostei de incluir pessoas para entender a cultura, os costumes, a identidade.”

Casa Xambá

Em Pernambuco, o artista nigeriano quer conhecer a Casa Xambá, em Olinda. “Uma das coisas que me levou a fotografar os quatro países desta mostra foi a questão religiosa. Tenho muito interesse em aprender sobre religiões e fiquei sabendo sobre esse quilombo urbano. Gostaria muito de fotografar lá”, adianta.

Para Moacir dos Anjos, Coordenador-Geral do Museu do Homem do Nordeste, “as fotografias de Mudi Yahaya são espécies de ecos visuais dos violentos processos de colonização empreendidos, a partir do final do século 15, por diversas nações europeias. Processos que promoveram a escravização de milhões de pessoas negras oriundas de lugares distintos do continente africano para trabalhar nas economias coloniais, enredando povos antes separados pela geografia e pela história. Como resultado dessa aproximação forçada, crenças, desejos e modos de fazer diferentes se cruzaram, em estratégia de resistência e de afirmação da vida em meio à barbárie. Nas imagens que apresenta, o artista parece buscar vestígios contemporâneos das formas híbridas de pertencimento (inventivas e belas) criadas em meio a esses acontecimentos traumáticos”.

A coordenadora de Exposições e Difusão cultural do Muhne, Silvana Araújo, relata que é interessante expor ao público e promover o debate presente nas 70 fotografias, em grandes formatos, que registram a influência afro-brasileira de escravizados libertos que retornaram para África e os efeitos disso nas tradições socioculturais do continente.

“Para a Fundaj, particularmente para o Museu do Homem do Nordeste, receber o trabalho do fotógrafo e ativista cultural nigeriano, Mallam Mudi Yahaya, enriquece nossa pauta de discussão, reflexão e estudos sobre a relação Brasil-África e todas as suas influências nas diversas heranças culturais aqui deixadas e também levadas hibridamente ao outro lado do oceano”, afirma.

SERVIÇO:

Exposição “ECOAR - Refletindo A Sombra Africana da Memória”

Período da exposição: 02/11/23 – 29/02/24

Visitação: Terça a sexta, das 10h às 16h30, e sábado a domingo, das 13h30 às 16h30

Localização: Solar Francisco Ribeiro Pinto Guimarães, no campus Gilberto Freyre, em Casa Forte

Entrada gratuita

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