Engenho Massangana convida à reflexão por meio de objetos étnicos africanos
A exposição "Para que as estátuas não morram" será aberta ao público neste sábado (11), a partir das 13h
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O Engenho Massangana, equipamento cultural vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), receberá a exposição "Para que as estátuas não morram", a partir deste sábado (11), na abertura da Semana Nacional dos Museus.
A exibição apresenta uma seleção cuidadosamente restaurada de objetos étnicos africanos pertencentes ao acervo do Museu da Abolição, provenientes de diversas regiões do continente, como Camarões, Costa do Marfim, Gabão, Gana, Guiné, Libéria e República Democrática do Congo.
Cada artefato, meticulosamente preparado pelo Laboratório de Pesquisa, Conservação e Restauração de Documentos e Obras de Arte Antônio Montenegro (Laborarte) da Fundação Joaquim Nabuco, oferece aos visitantes uma experiência imersiva na riqueza cultural e estética da África.
"Nesta exposição, pretende-se desmistificar a aura primitivista que a visão eurocêntrica da etnografia por tanto tempo atribuiu aos objetos culturais africanos. Os estereótipos que marcam suas práticas, seus objetos e ritos têm raízes profundas, e certamente podem reincidir sobre as imagens desta coleção", comentou Silvia Barreto, chefe de serviço de Estudos Museais e do Engenho Massangana, da Coordenação de Museologia do Museu do Homem do Nordeste (Muhne).
Ao explorar a exposição, os visitantes serão convidados a mergulhar nos significados e usos desses objetos, ao mesmo tempo em que são estimulados a refletir sobre questões de identidade, diversidade e memória. Através de suas materialidades visuais, os artefatos revelam não apenas a habilidade técnica de seus criadores, mas também as complexas cosmovisões e formas estéticas das culturas africanas.
“A exibição desse acervo no Engenho Massangana contribui para o reencontro entre Brasil e África, confluência transatlântica que ajuda a compreender a potência estética e cultural de povos e culturas que só geograficamente estão distanciados", completou Silvia Barreto.
Para Daiane Carvalho, museóloga do MAB, a exposição do acervo de cultura material africana no Engenho Massangana, além da parceria com a Fundaj, que possibilitou a conservação e a restauração das peças, reforça os laços entre as instituições.
"São duas instituições públicas que têm competências similares e que se fortalecem com iniciativas como esta. Além disso, o fato de esses objetos estarem publicamente dentro desse que foi um engenho, e provavelmente teve escravizados que vieram dentro desse 'sequestro' de países africanos e agora expõe objetos étnicos africanos que estão no museu a partir desse processo de perdimento da Receita Federal, mas que não temos muitas informações de como chegaram ao Brasil, faz com que reflitamos sobre esses processos diaspóricos tanto dos humanos quanto dos objetos a partir da colonização e da globalização."
A presidenta da Fundaj, a professora doutora Márcia Angela Aguiar, ressalta o valor cultural dessa exposição que diz muito da essência do povo brasileiro. A mostra estará aberta ao público a partir das 13h deste sábado (11), no Engenho Massangana, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife.
SERVIÇO:
Data da inauguração: neste sábado, 11 de maio de 2024
Horário: 13h
Local: Engenho Massangana, Rodovia PE 60, Km 10, s/n, Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife
Horário: Terça a Sábado das 9h às 16h; Domingo das 10h às 15h
Entrada gratuita
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