Fernando de Noronha caminha para ter energia 100% limpa até 2027
Anúncio do projeto foi feito às vésperas da COP 30 e marca início da descarbonização da ilha
Fernando de Noronha deu um passo importante rumo ao futuro. Às vésperas da Conferência do Clima (COP 30), o governo de Pernambuco e a Neoenergia lançaram neste final de semana as obras da Usina Solar Noronha Verde, que promete tornar o arquipélago a primeira ilha habitada da América Latina a ter energia 100% limpa até 2027.
A descarbonização — termo usado para indicar a redução do uso de combustíveis poluentes, como o diesel — vai mudar a forma como Noronha produz e consome eletricidade. Hoje, boa parte da energia da ilha vem de geradores movidos a combustível trazido do continente. A nova usina vai usar a luz do sol e baterias de armazenamento, eliminando gradualmente essa dependência.
Energia do sol para 9 mil casas
O projeto prevê a instalação de mais de 30 mil painéis solares, com investimento de R$ 350 milhões. Essa estrutura terá força para gerar energia suficiente para cerca de 9 mil residências, o que dobra a capacidade atual da ilha.
Na prática, isso significa menos poluição, menos gasto com transporte de combustível e mais autonomia para o arquipélago. Além disso, o sistema de baterias — que guarda a energia gerada durante o dia para ser usada à noite — garante fornecimento constante, mesmo em dias nublados.
Qualidade de vida
A governadora Raquel Lyra destacou que o objetivo é cuidar da ilha pensando nos moradores e no turismo.
“Este projeto se soma aos mais de R$ 500 milhões investidos pelo Governo de Pernambuco em Fernando de Noronha. Acreditamos que um local é atrativo para turistas quando também é bom para seus moradores” Raquel Lyra (PSD), Governadora de Pernambuco
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, lembrou que o lançamento ocorre num momento estratégico para o País, às vésperas da COP 30.
“Fernando de Noronha dá exemplo para o mundo. Essas iniciativas são fundamentais para a sustentabilidade do planeta”, afirmou.
O presidente da Neoenergia, Eduardo Capelastegui, destacou que a usina reforça o compromisso da empresa com a preservação ambiental.
“Mostramos que é possível ter energia limpa e eficiente em um santuário como Noronha”, comentou.
Duas etapas até 2027
As obras serão feitas em duas fases: a primeira deve entrar em operação até maio de 2026, e a segunda, em 2027. Segundo o governo, o licenciamento foi aprovado pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), com apoio do ICMBio, que cuida das áreas de preservação da ilha.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Cavalcanti, classificou o projeto como “um passo gigante rumo ao futuro”.
“Estamos dobrando a capacidade de geração de energia da ilha. É um avanço definitivo”, disse.
O administrador de Noronha, Virgílio Oliveira, acrescentou que o investimento em energia limpa fortalece o turismo e a infraestrutura local.
Exemplo para o mundo
Com o Noronha Verde, o governo de Pernambuco e a Neoenergia querem colocar o arquipélago em um novo mapa — o das ilhas sustentáveis. A mudança pode inspirar outros destinos turísticos que ainda dependem de combustíveis fósseis.
Mais do que um projeto tecnológico, a usina representa uma mudança de mentalidade: um futuro em que a beleza natural de Noronha será preservada também pela forma como a ilha produz sua energia.
Comentários