Seis jovens plantam mais de 15 mil mudas e fazem renascer o mangue em Itamaracá
Há quem diga que o futuro nasce no concreto, entre máquinas e prédios iluminados. Mas talvez o futuro também esteja nas águas turvas do mangue. É ali que o planeta ensaia sua resistência silenciosa — e que jovens de Itamaracá, no litoral Norte de Pernambuco, têm escrito uma das mais belas páginas do cuidado com a Terra, com o nosso estado.
Em 28 de março de 2021, quatro jovens se juntaram para fazer o que parecia simples: recolher o lixo das praias da ilha. Hoje, são seis.
As garrafas plásticas e as latas de alumínio não eram apenas restos do descuido humano — eram símbolos de um tempo que esqueceu de agradecer. Naquele primeiro mutirão, eles não imaginavam que estavam plantando mais que limpeza: estavam plantando um movimento. E é sobre eles que a coluna Pernambuco que encanta fala nesta semana.
Um movimento que brota da lama
O grupo cresceu como cresce o mangue, devagar, firme, entrelaçado. Eles descobriram que a lama que parece suja, é fértil. E sustenta nossa existência.
O que era mutirão virou projeto, e o projeto virou o Instituto Itamaracá Preservada, uma força viva dos que acreditam que amar a natureza não é um discurso pesado que precisa de muitas reuniões políticas, é um gesto cotidiano.
Hoje, quatro anos depois, eles já plantaram mais de 15 mil mudas de mangue em Itamaracá, algumas já estão com mais de 2 metros. Eles também se tornaram especialistas em proteger dezenas de ninhos de tartarugas marinhas, duas espécies delas — a tartaruga-de-pente e a tartaruga-oliva — que escolhem as praias da Ilha para o milagre da desova.
Cada ninho cercado pelo Instituto Itamaracá Preservada é uma promessa de continuidade. Cada filhote que encontra o mar pela primeira vez é um lembrete de que o tempo da natureza é outro. Que a pressa humana é miúda diante do ritmo das marés.
Veja feito no dia das tartarugas em junho
Plantar, cercar, educar: o tripé da esperança
Esses jovens — estudantes de ciências biológicas, de engenharia de pesca e cuidadores da natureza — desafiam o que parece impossível. Em vez de esperar, fazem. O trabalho deles, muitas vezes a sol a pino, precisa ser ouvido numa época em que se fala tanto sobre mudanças climáticas, mas se age tão pouco. Enquanto o mundo se reúne em conferências e redige relatórios, em Itamaracá há quem pratique a esperança com as próprias mãos.
Plantam. Cercam. Educam.
Já levaram mais de 300 estudantes da Ilha para visitas ao projeto Peixe-Boi, onde transformaram curiosidade em consciência ambiental. Montaram ecobarreiras para conter o lixo que tenta fugir para o mar. Criaram pontes entre o que somos e o que deixaremos de ser se não mudarmos o olhar.
E tudo isso sem patrocínio milionário, sem câmeras, sem grandes estruturas. O que move o Itamaracá Preservada é o que move o próprio mangue: a força do coletivo. Um organismo vivo, que resiste junto.
O abraço do mangue
O mangue é mais que paisagem. É o abraço da terra no mar. É o lugar onde o sal se mistura ao doce, onde o novo nasce da mistura.
Num tempo em que a COP reúne líderes mundiais para falar do planeta, talvez o exemplo mais puro venha desses meninos e meninas que entendem, intuitivamente, o que é equilíbrio. Para esses meninos, cada muda é uma oração silenciosa, cada ninho de tartaruga é uma canção de futuro.
Entre 2014 e 2023, há estimativas de que 35 hectares de mangues foram devastados em Pernambuco em Pernambuco, ou seja, 49 campos de futebol, segundo o padrão Fifa.
Pernambuco, terra que resiste
E é bonito ver que o Brasil ainda é capaz disso — de gerar gente que não se conforma. Que entende que a natureza não precisa de plateia, mas de parceria. Que o planeta não quer heróis, quer aliados.
O mangue é o berçário dos peixes, o escudo contra as marés, o filtro natural do carbono. É um santuário invisível, tantas vezes pisoteado. Ainda assim, insiste em renascer.
Assim como o projeto de Itamaracá.
Ver aquela juventude com os pés na lama é ver que a esperança ainda tem corpo e rosto.
Porque o mangue — esse organismo ancestral e misterioso — é, no fundo, a imagem de Pernambuco.
Nascido da mistura, sobrevivente por natureza, e belo mesmo quando a maré está baixa.
HFN e Super Mix movimentam R$ 900 milhões no Recife
As feiras HFN – Hotel & Food Nordeste e Super Mix 2025 encerraram, no Centro de Convenções de Pernambuco, com R$ 900 milhões em negócios e público de 32 mil visitantes. Organizados pela Insight Feiras & Negócios, os eventos reuniram 1.500 marcas de todo o país e consolidaram o Estado como polo de alimentos, varejo e hospitalidade. A próxima edição acontece de 4 a 6 de novembro de 2026, no Recife.
Clima de confiança entre os expositores — e a sensação de que o setor reencontrou seu fôlego no Nordeste.
Criatividade em jogo
O Recife vem se firmando como um dos polos criativos mais vibrantes do país — e o universo dos games é mais uma prova disso. Nesta quarta (13), o Instituto de Ciência e Tecnologia do Senac PE abre as portas para um bate-papo gratuito sobre Jogos Digitais, às 19h, no auditório do ICT, no Recife Antigo.
O encontro vai reunir Miguel Doherty e Daniel Manginelli, fundadores do estúdio Pixel Hound, que já desenvolveu títulos como Across the Abyss: Voidborn e Raccon Out. Os dois falam sobre o caminho entre a paixão pelos games e a construção de uma carreira criativa no setor.
O evento é gratuito, e as inscrições podem ser feitas pelo site www.pe.senac.br/evento.
Música que navega
O Recife vai ganhar um espetáculo inédito: a Orquestra Criança Cidadã vai trocar o palco pelo rio. O ensaio do primeiro concerto flutuante acontece nesta quinta (13), às 16h30, nas margens do Parque das Graças — uma prévia do grande encontro de domingo (16). A ideia de levar música clássica para o Capibaribe é poética e poderosa: aproxima a arte da cidade e faz o público lembrar que cultura e natureza podem — e devem — remar juntas.
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