Na cartografia do Recife, o IFPE abre caminho até a final da Olimpíada de Geografia

No traçado sinuoso dos rios que cortam Pernambuco, na cartografia invisível das ruas do Recife, jovens e educadores transformam mapas em conquistas. Como o Capibaribe e o Beberibe, que deságuam no Atlântico, assim navegam os estudantes do IFPE, campus Recife, prontos para desbravar o horizonte de Campinas (SP), na final da Olimpíada Brasileira de Geografia (OBG).
Em novembro, os Geófilos, como se denominam, estarão na final da OBG, depois de passar por provas árduas, competindo com 2.340 equipes do estado e mais de cem mil estudantes de todo o país. A medalha de ouro conquistada na fase online foi a correnteza que os empurrou para além das margens conhecidas.
A equipe, formada por alunos de Eletrotécnica do Campus Recife, foi aprovada como a melhor de Pernambuco, com a nota 107,156. O resultado não só garantiu a vaga na etapa nacional, como também projetou o grupo para a quarta colocação no país — um marco no mapa da disputa.
As margens da conquista
Dois rios não se encontram iguais, e na competição também não. Apenas três grupos de cada estado seguiram viagem até a etapa nacional. De Pernambuco, como já frisei, um deles é a equipe Geófilos, formada por Beatriz Eloi, Gabriel Araújo e Agatha Dutra, estudantes do segundo período do curso de Eletrotécnica, orientados pelo professor e doutor em Geografia, Enildo Gouveia.
O destino agora é a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, onde, entre os dias 25 e 28 de novembro, eles disputarão presencialmente a fase final da olimpíada.
Travessias desafiadoras
A jornada até aqui exigiu atravessar três etapas. Cada fase trouxe questões que desdobraram temas como cartografia, geotecnologia, geopolítica, meio ambiente e atualidades. Era como avançar por um terreno cheio de relevos, onde cada pergunta representava uma montanha a ser escalada. A OBG é conhecida justamente pelo alto nível de exigência e pela precisão de suas trilhas intelectuais.
Um mapa de escolas pernambucanas
Na geografia da competição, as categorias se dividem em três: escolas públicas, escolas públicas de seleção e escolas particulares. O IFPE se encaixa na segunda. Mas ele não estará sozinho em Campinas: Pernambuco terá ainda a equipe Rosa dos Ventos, da Escola de Referência em Ensino Médio Aníbal Falcão (pública), e As Guardiãs do Mapa, do Colégio Imaculada Conceição (privada).
Na fase online estadual, o relevo das conquistas foi vasto: 234 equipes conquistaram ouro, 351 prata e 585 bronze. Ao todo, 1.170 grupos pernambucanos foram premiados — um verdadeiro arquipélago de talentos espalhados pelo estado.
Vozes no curso das águas
Para Beatriz Eloi, cada questão foi um mergulho em águas profundas:
“O que mais me impressionou foi a profundidade dos temas e o nível das perguntas. A olimpíada exige muito raciocínio, conhecimento interdisciplinar e atenção aos detalhes. Cada questão é um verdadeiro desafio, e isso torna a experiência ainda mais enriquecedora.”
Gabriel Araújo descreveu o momento como um farol erguido sobre o mar:
“Representar Pernambuco e o IFPE na OBG é uma honra enorme. Sabemos que a competição em Campinas será acirrada, com estudantes brilhantes de todo o país, mas estamos confiantes e determinados a trazer esse ouro para o nosso estado. É uma oportunidade única.”
Já para Agatha Dutra, a conquista é como chegar a um porto seguro, ainda que provisório:
“Sermos escolhidos entre os melhores de Pernambuco e do país já é uma conquista incrível. Participar de uma olimpíada nacional como a OBG mostra que podemos ir além da sala de aula, explorar novos conhecimentos e se destacar. É uma experiência que marca a nossa trajetória acadêmica e pessoal.”
Bússolas para além da prova
Para o professor Enildo Gouveia, a olimpíada não é apenas um destino, mas um mapa que ensina a atravessar fronteiras:
“A profundidade dos temas e o nível das perguntas realmente exigem que os participantes conectem saberes de diferentes áreas, pensem criticamente e mantenham foco absoluto. Raciocínio lógico, conhecimento interdisciplinar e atenção aos detalhes são habilidades que vão muito além da prova, pois são ferramentas para a vida. Os nossos alunos entenderam o objetivo da olimpíada.”
Horizontes internacionais
Criada em 2015, a OBG é composta por fases online e presenciais, mas não se limita ao território nacional. Existe ainda a International Geography Olympiad (Igeo), voltada para os estudantes de melhor desempenho na etapa presencial em São Paulo. Para chegar até lá, os selecionados enfrentam atividades técnicas e precisam mostrar proficiência em inglês.
No mapa da vida acadêmica, o traço dos estudantes pernambucanos segue como um curso de rio: às vezes estreito, às vezes largo, mas sempre correndo em direção ao mar aberto — onde a geografia do conhecimento não conhece fronteiras.

Arcoverde pulsa com o coração do coco pernambucano
Arcoverde vai se transformar em palco de tradição neste sábado (27), às 15h, na Casa Maria da Assunção, bairro São Cristóvão, com a temporada de encerramento do projeto “Casa da Cultura em Movimento”.
O evento gratuito prova que os ciclos carnavalesco, junino e natalino do Estado não são apenas folclore, mas patrimônio vivo, pulsando nas mãos de mestres, jovens e crianças.
Entre as atrações, o Kapinawá Raiz Caroá, de Buíque, e o Coco Trupé, de Arcoverde, mostram que a dança, o canto e o maracá carregam resistência e identidade.
Mais que apresentações, a iniciativa desperta consciência sobre a riqueza cultural de Pernambuco e confirma: quem desconhece seus ciclos festivos, perde uma parte da própria história.

PEBA: entre matas, quilombos e memórias que nos sustentam
Nesta quinta (25), a partir das 17h, a CAIXA Cultural Recife se transforma em um território de ancestralidade e resistência com a 3ª edição do Projeto PEBA, celebrando matas e quilombos e conectando Pernambuco e Bahia.
Mais que uma exposição, a mostra é uma rede de olhares, saberes e memórias, com 56 fotógrafos, artesãos e apresentações que vão do toré do povo Fulni-ô ao Bacnaré – Balé de Cultura Negra. As foios são belíssimas, emocionantes!
Segundo o idealizador Sérgio Figueiredo, a proposta é reafirmar identidades e história: “Arte, cultura e ancestralidade se entrelaçam como uma rede que nos sustenta e projeta para o futuro.”
O PEBA não apenas exibe, mas educa, emociona e transforma, conectando estudantes, artistas e comunidade em um diálogo vivo sobre herança cultural e combate ao racismo.
Se a arte tem o poder de atravessar tempo e território, o PEBA mostra que Pernambuco e Bahia são duas pontes que nos lembram quem somos.
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