Uma média de 149 mulheres sofrem violência doméstica por dia em Pernambuco
Instituto Banco Vermelho realiza protesto no Marco Zero estendendo camisas manchadas de sangue em varal
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No Marco Zero, ponto turístico onde pulsa o coração do Recife, 22 camisas penduradas em um varal chamaram a atenção de quem passava por ali nesta segunda-feira (25), Dia Internacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher.
Mas essas camisas manchadas de sangue não eram apenas peças de roupa. Cada uma delas trazia uma mensagem pesada, denunciando uma triste realidade: o feminicídio.
Somente em Pernambuco, o Estado do Nordeste com o maior índice de violência contra a mulher, 44.796 mulheres já registraram queixas de violência de janeiro a outubro. Uma média de 149 casos por dia, um número que pode ser ainda maior, considerando que muitas mulheres não denunciam.
No ano passado, 81 mulheres foram vítimas de feminicídio no estado, e, segundo a Polícia Civil, em 86% dos casos, não houve denúncia.
Camisas manchadas de sangue
Com o tecido manchado de vermelho, as camisas também representavam as mais de mil mulheres assassinadas no Brasil. Um símbolo da dor e do grito por justiça cobrado em cada esquina.
A ação foi organizada pelo Instituto Banco Vermelho, criado há um ano por duas mulheres que perderam amigas vítimas dessa violência extrema. Em suas redes sociais, o instituto compartilhou uma mensagem impactante.
“Hoje, no Marco Zero do Recife, estendemos um varal diferente. Não era para roupas comuns, mas para carregar uma mensagem urgente e dolorosa. Camisas manchadas de vermelho representavam as mais de mil mulheres assassinadas pelo feminicídio no Brasil entre janeiro e novembro de 2024.”
O Instituto Banco Vermelho, por meio de suas redes ainda, fez um alerta: “O feminicídio não é um problema distante ou isolado. Ele não vive apenas nas páginas policiais que esquecemos no dia seguinte. Ele está mais perto do que imaginamos: pode alcançar sua irmã, sua amiga, sua filha. No ritmo em que seguimos, as chances são grandes de que, ao seu lado, haja uma vítima em potencial.”
Com um tom desafiador, o instituto não se calou: “Se for preciso, ‘lavaremos roupa suja’ e a penduraremos em todos os varais do mundo. Mas não vamos aceitar essa realidade. O feminicídio é o único crime que grita antes de acontecer, anunciando sua chegada. E é com o meu e o seu compromisso que podemos interromper esse ciclo e salvar vidas.”
As camisas no Marco Zero são apenas o começo para denunciar a violência contra as mulheres. As agressões, que variam entre as modalidades física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, deixam cicatrizes visíveis e invisíveis. Por isso, a orientação é ligar para o número 180, linha direta para buscar ajuda.
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