Santa Maria da Boa Vista: a cidade em foco após o caso Ingrid Vitória
Município em luto é considerado como “Capital da Reforma Agrária”, produzindo mais de 75 mil quilos de acerola por dia
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Atualizada às 22h18 com inclusão de links

Santa Maria da Boa Vista entrou no noticiário com o caso de Ingrid Vitória, uma pequena menina de 13 anos morta após um sequestro. Porém, o que mais se sabe sobre essa cidade sertaneja, localizada no Sertão do São Francisco, em Pernambuco?
Os vídeos onde carros potentes da polícia passam em ruas de terra batida, com poeira levantada, não revelam tudo sobre o município, que está de luto por três dias decretados pela prefeitura local deste o último sábado (29).
A cidade também mescla belezas naturais e desafios socioeconômicos. A pouco mais de 600 quilômetros do Recife, o município é considerado “a Capital da Reforma Agrária Popular” pelo Movimento Sem Terra (MST).
É o segundo maior polo de assentamentos do Nordeste, cerca de 20, caracterizado tanto por conflitos de terra e dificuldades quanto por períodos de prosperidade.
De acordo com informações do Instituto Nacional de Reforma Agrária, divulgadas em fevereiro deste ano de 2025, os assentamentos em Santa Maria da Boa Vista estão se consolidando como um dos principais polos de produção de acerola do Estado.
Mesmo com os desafios climáticos, o Incra registrou uma mega safra da fruta que chega a 75 mil quilos por dia em Santa Maria da Boa Vista, beneficiando os agricultores familiares, assentados e acampados.
O MST chegou ao município em 1995, quando realizou a ocupação da Fazenda Safra ou “Mãe de Todas”,, então abandonada pela proprietária, uma empresa do setor de alimentos. A invasão resultou em muitos conflitos.
A CIDADE

Com uma população estimada de 40.578 habitantes, segundo o IBGE, e uma área de 3.000,77 km², Santa Maria da Boa Vista apresenta uma densidade populacional de 13,52 habitantes por quilômetro quadrado.
Historicamente, a economia local tem sido impulsionada pela agricultura irrigada, destacando-se o cultivo de uvas, mangas e bananas. Além disso, a criação de caprinos, ovinos e bovinos desempenha um papel significativo na subsistência de muitas famílias.
Quem atravessa o Velho Chico, neste município, pode chegar à Bahia.
OS DESAFIOS
Entretanto, o município ainda enfrenta desafios em termos de desenvolvimento humano. De acordo com dados de 2019, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de Santa Maria da Boa Vista é de 0,590, ocupando a 104ª posição entre os municípios pernambucanos.
No âmbito econômico, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) revelam que nos três primeiros meses de 2025, foram registradas 103 admissões e 64 desligamentos, com um saldo positivo de 38 empregos, especialmente no setor do comércio.
A LIGAÇÃO COM O VELHO CHICO

A história de Santa Maria da Boa Vista é marcada por sua relação com o Rio São Francisco, que não apenas molda sua geografia, mas também influencia a vida cotidiana de seus habitantes.
O município é conhecido por sua rica cultura e tradições, bem como vistas belíssimas e uma orla convidativa, onde o pôr do sol e o rio se abrançam.
No centro histórico, existem várias fachadas de casas com frases de músicas boêmicas e a serenata faz parte dos festejos anuais da local. A igreja matriz, por sua vez, é uma construção do século 19.
As águas do Velho Chico tornam a vida mais bela e próspera, mas a cidade guerreira também espera, neste momento, respostas das autoridades para crime tão grave contra uma adolescnete de 13 anos, cometido por um homem que morava em Juazeiro (BA).
A cidade é palco de manifestações culturais que refletem a identidade sertaneja, preservando tradições que atravessam gerações.
Apesar dos desafios, Santa Maria da Boa Vista continua a buscar caminhos para o desenvolvimento sustentável, valorizando sua cultura e potencialidades econômicas, enquanto enfrenta as adversidades típicas do sertão pernambucano.
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