Querem nos enganar: Livro de professor da UFPE aborda prejuízos das pseudociências
Segundo Ulysses Paulino de Albuquerque, as pseudociências prometem soluções rápidas, aliviam inseguranças e oferecem uma sensação de controle
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Docente do Centro de Biociências (CB) da UFPE, Ulysses Paulino de Albuquerque transformou suas inquietações na obra “Querem nos enganar! Uma introdução à pseudociência”.
“Vivemos em uma sociedade na qual o conhecimento científico nem sempre é acessível para todos, e é justamente nesses vazios de conhecimento que as pseudociências prosperam. Isso me incomoda profundamente como educador e cientista”, conta Albuquerque sobre uma das motivações que o levaram a produzir o livro, que integra um conjunto de obras escritas pelo professor e disponibilizadas on-line para download gratuito (ABAIXO).
Segundo Ulysses Paulino, as pseudociências geralmente ancoram-se no prestígio que a ciência dispõe. Com isso, aos olhos e ouvidos de pessoas não treinadas, práticas e crenças que adotam jargões e conceitos vagamente inspirados na ciência – como “energia”, “ressonância”, “quântica” e “frequência vibracional” – podem confundir e enganar. “São palavras que podem soar convincentes. Mas que, sem definições precisas, perdem qualquer valor científico”, alerta Albuquerque.
Conforme expõe o docente, a disseminação de pseudociências pode provocar impactos bastante negativos tanto para a sociedade como para indivíduos. Um dos grandes riscos está na saúde pública, na qual movimentos antivacina ou tratamentos alternativos sem comprovação são capazes de pôr vidas em risco.
“Quando uma pessoa abandona terapias científicas comprovadas em favor de soluções mágicas, ela não apenas compromete a própria saúde, mas também expõe outras pessoas, como no caso da disseminação de doenças infecciosas”, explica Albuquerque.
Por que as pseudociências são tão sedutoras?
De acordo com Ulysses Paulino, as pseudociências costumam apelar à emoção e ao senso comum. “Diferente da ciência, que exige um esforço intelectual para compreender teorias e métodos, as pseudociências oferecem explicações simplistas e intuitivas, que muitas vezes ressoam com nossos vieses cognitivos. Elas prometem soluções rápidas, aliviam inseguranças e oferecem uma sensação de controle”, explica.
As pseudociências também podem se tornar sedutoras quando adotam narrativas conspiratórias. Para Ulysses, tal discurso constrói uma narrativa de “nós contra eles”, o que é fortemente atraente em um mundo polarizado.
“Fatores como viés de confirmação e negligência epistêmica desempenham um papel central. O viés de confirmação nos leva a valorizar informações que confirmam nossas crenças preexistentes, enquanto ignoramos evidências contrárias. Já a negligência epistêmica ocorre quando aceitamos informações sem submetê-las a um exame crítico, seja por falta de conhecimento ou por comodidade”, conclui o professor Ulysses Paulino.
O livro "Querem nos enganar! Uma introdução à pseudociência" faz parte de uma série que começou com o livro “Errados são os outros!: ceticismo, pseudoceticismo e ciência”, e que é resultado de reflexões e desafios enfrentados pelo professor Ulysses Paulino de Albuquerque ao longo de 2024.
Outras obras escritas pelo autor e que podem ser lidas gratuitamente são "Cartas à Minha Orientadora", que reflete sobre os desafios e o amadurecimento na relação orientador-orientando; e "Filosofias de um eu revisitado", que explora as influências que moldam a essência humana, incentivando o autoconhecimento e a transformação pessoal.
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