Primeira audiência do caso “Chacina da Tabatinga” é realizada em Camaragibe
O Tribunal de Justiça convocou 12 testemunhas e a acusação para participar do processo
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A primeira audiência de instrução e julgamento do caso que ficou conhecido como “Chacina da Tabatinga” foi realizada nesta sexta-feira (6). O Tribunal de Justiça convocou 12 testemunhas e a acusação para participar do processo, que acontece no Fórum de Camaragibe, Região Metropolitana do Recife.
Durante a manhã, houve intensa movimentação de policiais no local. O caso envolve 12 policiais militares que figuram como réus no processo. Desses, cinco estão presos preventivamente, enquanto os outros sete foram afastados das suas funções.
Este foi um dos maiores casos de violência cometidos pelo Estado. Envolveu suposta trama e vingança com a participação de agentes públicos que deveriam zelar pela lei e segurança. Até agora, ninguém foi condenado ou indenizado.
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Memória da Chacina da Tabatinga: nove mortos e uma luta por Justiça
Em setembro de 2023, há mais de um ano, a chacina da Tabatinga, ocorrida em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, marcou um dos episódios mais brutais da violência cometida pelo estado. Ao todo, nove pessoas perderam a vida, entre elas uma mulher grávida e três irmãos de uma mesma família, em uma sequência de eventos que começou com a morte de dois policiais militares durante uma abordagem e culminou em uma suposta retaliação.
O caso: da abordagem à tragédia
A violência teve início quando Alex da Silva, conhecido como Alex Samurai, foi abordado por policiais após disparos em uma festa na comunidade de Tabatinga. No confronto inicial, dois policiais foram mortos.
Na madrugada seguinte e durante o dia, um grupo de 12 PMs teria retornado à área, dando início a uma série de homicídios. Entre as vítimas, estava Ana Letícia Carias da Silva, que, grávida, foi atingida na cabeça. Após mais de um mês em coma, ela deu à luz sua filha, Ana Vitória, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu, simbolizando a brutalidade do caso.
Além de Ana Letícia, outras seis pessoas, incluindo três irmãos de Alex Samurai, foram mortas. Testemunhas relataram episódios de tortura e agressão física contra os sobreviventes, gerando ainda mais indignação na comunidade e entre as famílias das vítimas.
Investigações e processo judicial
Os 12 policiais militares envolvidos no caso foram denunciados pelo Ministério Público de Pernambuco por homicídio qualificado e tortura. Até o momento, cinco estão presos preventivamente, enquanto sete respondem ao processo em liberdade, afastados de suas funções.
Apesar das denúncias, o caso ainda levanta questões sobre o uso excessivo de força e o cumprimento de direitos humanos por parte das forças de segurança.
A chacina da Tabatinga deixou não apenas a dor da perda, mas também um bairro marcado pelo medo e pela descrença na justiça. Ana Vitória, a bebê que sobreviveu, se tornou um símbolo de resiliência em meio à tragédia.
Veja a relação dos mortos
Eduardo Roque Barbosa de Santana (33 anos) e Rodolfo José da Silva (38 anos), policiais militares mortos durante o confronto com Alex Silva.
Ana Letícia Carias da Silva (19 anos), uma jovem grávida, que foi usada como escudo humano por Alex e morreu mais de um mês após ser baleada.
Ágata Ayanne da Silva (30 anos), Amerson Juliano da Silva (25 anos), e Apuynã Lucas da Silva (25 anos), irmãos de Alex, cujos assassinatos foram transmitidos ao vivo.
Maria José Pereira da Silva, mãe de Alex, e Maria Nathalia Campelo do Nascimento, esposa de Alex, que foram assassinadas em um canavial em Paudalho, Zona da Mata. Ambas não tiveram as idades reveladas.
Alex da Silva Barbosa, que também foi morto em confronto com a polícia.
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