População vivendo em situação de rua soma 1.806 pessoas no Recife
Do total recenseado, 1.443 estavam vivendo efetivamente nas ruas e 363 estavam acolhidas em algum equipamento de assistência social

A população em situação de rua no Recife é de 1.806 pessoas. A informação é do Censo da População em Situação de Rua, divulgado nesta sexta-feira (26) pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas sobre Drogas do Recife; construído em conjunto com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
Do total de pessoas recenseadas, 1.443 estavam nas ruas no momento da contagem e outras 363 estavam acolhidas em algum equipamento institucional. Os dados mostram um fato já conhecido pelas equipes de Abordagem Social, o de que a realidade das ruas é majoritariamente masculina, representando 76% das pessoas, quando as mulheres estão em 19%. Os homens cisgêneros representam 75% da população em situação de rua, mas os números de mulheres cisgêneros e de mulheres trans são grandes e têm crescido, correspondendo a 25%. Em relação à raça e cor, constatou-se que cerca de 80% da população em situação de rua do Recife é composta por pretos e pardos.
O Censo Pop Rua faz parte do Programa Recife Acolhe, cujo objetivo é reduzir os riscos sociais da população em situação de rua, contribuindo para a diminuição da desigualdade social na cidade. A pesquisa foi baseada não apenas na identificação das pessoas, mas principalmente na criação de vínculos entre os profissionais e as pessoas, que foram humanizadas em suas trajetórias e experiências, levando em consideração nome, cor, identidade/expressão de gênero, que ocupam lugares específicos da cidade, por razões particulares.
De acordo com a secretária de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventudes e Políticas sobre Drogas, Ana Rita Suassuna, o propósito do Censo é conhecer os que vivem em situação de rua no Recife para otimizar e ampliar os serviços prestados a essa população. “A forma como o documento foi construído também foi muito importante, porque contou com a participação de profissionais e colaboradores que já têm a vivência com a população de rua, o que tornou o processo muito mais valoroso. O documento será essencial para agregar valor às nossas atividades e qualificar os nossos serviços”, reforçou Ana Rita.
O levantamento revela ainda que a maior parte da população em situação de rua é composta por adultos em idade economicamente ativa (80%), mas há um percentual representativo de pessoas idosas (11%), crianças e adolescentes (4%), que fazem parte do grupo que vivencia maior vulnerabilidade e que estão sujeitos à proteção integral. Em relação a tais critérios de vulnerabilidade, a pesquisa mostra que 26,5% das pessoas estavam nas ruas há menos de um ano, indicando uma condição adquirida. Aproximadamente 19% das pessoas vivem entre um e três anos nas ruas; 13% vivem entre três e cinco anos; e 35% vivem há mais de cinco anos na mesma situação.
Destaca-se também que 47% dessa população é resultante de fluxo migratório e, inclusive, um dos principais motivos que conduz as pessoas às ruas, de acordo com a pesquisa, são os conflitos familiares, como apontam mais de 50% dos casos. Ainda segundo dados do Censo, 22% desse grupo não sabe ler e escrever convencionalmente. A maioria, cerca de 38%, largou a escola durante ou logo após concluir os anos finais do ensino fundamental.
AÇÕES
Entre diversas considerações, o Censo da População de Rua do Recife concluiu que as pessoas em situação de rua necessitam de um apoio material e humano, que os incentivem a superar as dificuldades, uma vez que, após uma longa permanência, é difícil reverter a condição. Entretanto, o Censo também tem o propósito de disseminar a compreensão de que não há soluções simples para questões cuja complexidade foi tramada ao longo da história.
Considerando os principais dados do Censo da População de Rua do Recife, a Prefeitura anunciou ainda o lançamento de novas iniciativas dentro Programa Recife Acolhe, uma vez que o documento passa a ser um produto que irá nortear as ações voltadas para a população em situação de rua. São elas:
Projeto piloto Moradia Primeiro Recife - Inspirado em uma iniciativa mundial chamada “Housing First”, o projeto que pretende ofertar 50 moradias permanentes para famílias em situação de rua que não aderem aos atuais modelos de acolhimento provisório ou que estejam nos acolhimentos há mais tempo.
Centro Popinho - Unidade do Centro de Referência de Atendimento à População em situação de Rua (Centro Pop) destinada ao atendimento de crianças e adolescentes, entre 11 e 17 anos, que estejam dormindo nas ruas desacompanhados de adultos responsáveis.
Programa Pão e Letra - Iniciativa realizada em parceria com UFRPE que contempla ações educativas e comunicativas com a população em situação de rua do Recife, focadas em práticas de cuidado, alfabetização, letramento e promoção da cidadania.
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