Pernambuco é 2º em intoxicação por metanol no país; Saúde encerra Sala de Situação
Estado teve oito casos confirmados e cinco mortes, ficando atrás apenas de São Paulo, segundo o Ministério da Saúde
Pernambuco terminou 2025 como o segundo estado do país com mais casos confirmados e mortes por intoxicação por metanol, ficano atrás apenas de São Paulo.
O cenário aparece no balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, que também anunciou, nesta segunda-feira (8), o encerramento da Sala de Situação criada em outubro para monitorar o surto.
A decisão foi formalizada na Portaria nº 9.169, assinada pelo ministro Alexandre Padilha (Saúde) e publicada no Diário Oficial da União.
O último caso confirmado da intoxicação ocorreu em 26 de novembro, em um paciente que manifestou os primeiros sintomas no dia 23. Com a redução acentuada das notificações e dos óbitos, a pasta afirma que o país atingiu estabilidade epidemiológica.
Distribuição de antídotos e reforço da vigilância
Para o ministro Alexandre Padilha, “o país respondeu de forma rápida, coordenada e eficaz, garantindo diagnóstico, assistência e distribuição de antídoto a todos os estados”. Ele reforça que o acompanhamento continuará: “Mesmo com o encerramento da Sala de Situação, seguimos atentos e preparados. O cuidado permanece, e a vigilância segue sem qualquer interrupção”, afirmou.
Com a normalização dos indicadores, o atendimento e a vigilância voltam ao fluxo rotineiro do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
Segundo a pasta, todos os estados estão abastecidos com antídotos e têm maior capacidade de diagnóstico.
A Sala de Situação havia sido instalada em 1º de outubro, poucos dias após o alerta nacional emitido em 26 de setembro pelo Sistema de Alerta Rápido da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad/MJSP).
Durante dois meses, equipes técnicas acompanharam dados enviados por todos os estados, orientando ações urgentes — desde protocolos de atendimento até medidas de combate às bebidas adulteradas.
O grupo reuniu representantes de várias áreas do Ministério da Saúde, além de Anvisa, Fiocruz, Ebserh, Conass, Conasems, Conselho Nacional de Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e secretarias estaduais. Ministérios da Agricultura (MAPA) e da Justiça (MJSP) também atuaram no controle e na investigação da origem das bebidas fraudadas.
Fornecimento de insumos
Durante o período de monitoramento ampliado, o Ministério da Saúde distribuiu 1.500 ampolas de fomepizol e 4.806 unidades de etanol aos estados, priorizando regiões com maior concentração de casos. A pasta também manteve estoque estratégico de 2,6 mil ampolas de antídoto.
Segundo Padilha, “a garantia de antídoto foi fundamental para evitar mais mortes. Atuamos de forma preventiva, reforçando o estoque nacional e ampliando a capacidade de resposta dos serviços de saúde”.
Ações de repressão
Paralelamente, o Governo Federal intensificou ações contra a produção e a venda de bebidas adulteradas. No início da crise, o ministro Ricardo Lewandowski determinou a criação de um comitê coordenado pela Senacon e autorizou a Polícia Federal a abrir inquéritos para rastrear a origem do metanol.
“O que aconteceu foi uma ocorrência gravíssima, que trouxe grande reflexos na saúde pública. O Ministério da Justiça e Segurança Pública atuou rapidamente, determinando que todas as ocorrências fossem apuradas e investigadas, com a abertura de inquéritos para verificar a procedência da droga e a possível rede de distribuição. A estabilidade que alcançamos agora é resultado de todo o esforço e empenho dos envolvidos, principalmente do Governo do Brasil”, disse.
Em 16 de outubro, a PF deflagrou a Operação Alquimia, mirando 24 empresas do setor sucroalcooleiro e distribuidoras de metanol em cinco estados. As amostras coletadas estão em análise no Instituto Nacional de Criminalística.
Outra ofensiva, a Operação Fronteira, apreendeu 215 mil litros de bebidas alcoólicas em depósitos clandestinos em Fortaleza e Maringá, além de garrafas, álcool etílico, corantes e recipientes lacrados.
Entre 29 de setembro e 27 de novembro, o MAPA realizou 137 ações de fiscalização, que resultaram na apreensão de 793 mil litros de bebidas irregulares, avaliados em R$ 11,8 milhões. Houve ainda o fechamento cautelar de 22 estabelecimentos e lavratura de autos de infração.
A Senacon orientou Procons e varejistas desde o início. Já a Senad capacitou peritos e compartilhou protocolos para identificar metanol em bebidas.
Cenário epidemiológico: Balanço de casos e mortes no Brasil
Entre 26 de setembro e 5 de dezembro de 2025, foram registradas 890 notificações relacionadas à intoxicação por metanol:
• 73 confirmadas
• 29 suspeitas, ainda sob análise
• 788 descartadas
Os estados com mais registros foram:
• São Paulo – 578 notificações e 50 confirmações
• Pernambuco – 109 notificações e 8 confirmações
• Paraná – 6
• Mato Grosso – 6
• Bahia – 2
• Rio Grande do Sul – 1
• demais estados, casos pontuais
Óbitos
Ao todo, 22 mortes foram confirmadas:
• 10 em São Paulo
• 5 em Pernambuco
• 3 no Paraná
• 3 em Mato Grosso
• 1 na Bahia
Outros 9 óbitos permanecem em investigação (5 em SP, 3 em PE e 1 em AL). Mais de 20 notificações foram descartadas após análise.
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