Pernambucana é primeira pessoa intersexo a retificar registro de nascimento no País
Depois de sofrer mutilação e passar por 15 cirurgias, Céu Ramos comemora vitória
Escute essa reportagem
Céu Ramos, aos 33 anos, é uma mulher multifacetada. Engenheira Civil com especialização em Segurança do Trabalho, jornalista e fotógrafa com mais de uma década de experiência em fotografia intimista, ela não se limita a apenas uma área de atuação.
Porém, sua trajetória ganhou contornos mais significativos ao se tornar a primeira pessoa do país a redefinir os limites do registro de nascimento, ao alterar o campo sexo de feminino para intersexo. Ela abriu as portas e quebrou tabus.
No site da Associação Brasileira Intersexo, ela dá um testemunho. "Sou a primeira pessoa do Brasil a retificar o registro de nascimento com mudança do campo sexo de feminino para intersexo, uma conquista para toda a comunidade intersexo", afirma Céu.
"Além disso, sou ativista intersexo e dedico-me ao importante trabalho de conscientização da causa intersexo há mais de uma década", acrescentou.
Atualmente, Céu dedica-se a esse trabalho por meio de sua plataforma no Instagram, "Intersexualizando", onde compartilha informações, histórias e reflexões sobre a experiência intersexo.
Com 33 anos de idade, ela já enfrentou oito cirurgias desde os 15 anos para reparar uma mutilação sofrida na infância. Em uma jornada marcada por desafios, ela dirigiu-se ao Cartório de Registro Civil de Olinda, onde reside atualmente e foi registrada ao nascer, para obter o documento necessário.
A 2ª Vara de Família e Registro Civil da Comarca da cidade publicou a autorização da mudança no dia 8 de fevereiro, quase três anos depois que ela entrou na Justiça.
“Meu nome é Céu Ramos, tenho 33 anos. Sou uma mulher lésbica e intersexo, Engenheira Civil com Pós-graduação em Segurança do Trabalho, Jornalista e Fotógrafa com 11 anos de experiência em fotografia intimista. Sou a primeira pessoa do Brasil a retificar o registro de nascimento com mudança do campo sexo de feminino para intersexo, uma conquista para toda a comunidade intersexo", diz ela.
Quais as características de uma pessoa intersexo?
Segundo Céu, há 23 milhões de pessoas interesexo no Brasil que estão desamparadas. "Quando consideramos políticas públicas para a comunidade intersexo, visualizo algo simples: precisamos de um sistema que reconheça as pessoas intersexo dentro de suas anatomias corporais, acolhendo suas famílias e direcionando-as para hospitais que ofereçam assistência voltada para a qualidade de vida da criança", explica.
Uma pessoa intersexo, é aquela que nasce com características sexuais que não se encaixam tipicamente nas definições binárias de sexo masculino ou feminino. Isso pode incluir variações biológicas como genitais ambíguos, cromossomos sexuais atípicos ou diferenças nas características hormonais. Mas isso não é considerado um transtorno,
Em outras palavras, a intersexualidade é uma variação natural da anatomia sexual que não se alinha claramente com as definições tradicionais de masculino ou feminino. As pessoas intersexo podem se identificar como homens, mulheres, ambos, nenhum ou com outras identidades de gênero, e cada indivíduo tem sua própria experiência única com sua intersexualidade.
É importante reconhecer que a intersexualidade não é uma escolha ou uma condição médica que precise ser corrigida
Comentários