Oropouche já é considerada maior epidemia deste ano, mas ainda é pouco conhecida
Seminário tem como objetivo fortalecer os estudos sobre a doença e alinhar as estratégias de monitoramento
Escute essa reportagem
A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) realizou, nesta quinta-feira (1º), o I Seminário sobre Oropouche em Pernambuco 2024, no auditório do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz), no Recife.
A doença já é considerada a maior epidemia do ano, segundo o Ministério da Saúde. No Brasil, o número total de casos chega a 7 mil, com duas mortes confirmadas na Bahia. Em Pernambuco, 89 casos registrados.
O evento contou com três mesas de discussão e um painel integrado, que promoveram debates sobre o panorama da doença no país, métodos de diagnóstico, monitoramento de casos e os desafios enfrentados pela saúde pública.
Estudiosos investigam se vírus sofreu mutação
Os pesquisadores estão investigando se o aumento dos casos de febre está relacionado a uma mutação do vírus provocada por mudanças climáticas.
O seminário tem como objetivo fortalecer os estudos sobre a doença e alinhar as estratégias de monitoramento no Estado. Em Pernambuco, foram registrados dois casos de fetos que testaram positivo para a doença, em Rio Formoso e Ipojuca.
“Nossa equipe está focada, desde a confirmação do primeiro caso, em contribuir com o desenvolvimento da pesquisa e continuar atuando fortemente na vigilância dos casos. Reforço que é uma condição que tem se mostrado emergente e necessita de acompanhamento”, destacou a secretária estadual de Saúde, Zilda Cavalcanti.
De acordo com a Secretaria de Saúde, a atenção é redobrada devido ao risco de morte fetal e lesão neurológica em crianças, o que representa um perigo significativo para gestantes.
Ponto de equilíbrio entre o alarme e a necessidade de proteger as pessoas
Segundo a Secretária Zilda Cavalcanti, o governo tem o desafio de não ser alarmista, mas, ao mesmo tempo, informar o cidadão da gravidade da doença.
"Estamos ponto de equilíbrio de não ser alarmantes, com algo que não tem evidência científica concreta, mas, ao mesmo tempo, precisamos dividir a informação que empodera para ter consciência da necessidade de autoproteção. A oropouche é transmitida pela muriçoca e maruim.
“Desde uma missão que aconteceu no Acre em fevereiro, nós identificamos que os casos de dengue estavam um pouco diferentes. O Ministério da Saúde instituiu uma missão para investigar os casos e de mais de 300, cerca de 200 não eram dengue, eram oropouche e isso acendeu um alerta”, disse Ethel Maciel, secretária executiva nacional de Vigilância.
Ethel Maciel destacou a relevância do evento em Pernambuco e ressaltou a importância da pesquisa em conjunto.
“O Brasil hoje é o país que tem condições de fazer o diagnóstico para a Febre do Oropouche. Vamos trabalhar juntos em prol do Brasil e das regiões das Américas. É fundamental que a comunidade científica esteja unida com esse propósito”, finalizou.
Desafios do diagnóstico e do manejo clínico
Durante o encontro de profissionais de saúde, foram discutidos temas como o cenário epidemiológico da Febre Oropouche nas Américas, no Brasil e em Pernambuco; os desafios enfrentados no diagnóstico e manejo clínico da doença; e as dificuldades na vigilância em saúde.
Um painel integrado apresentou especialistas que compartilharam suas experiências com a Febre Oropouche, incluindo relatos dos estados do Amazonas e da Bahia.
O seminário foi transmitido pelas páginas da SES-PE e da Fiocruz no YouTube e contou, ao longo do dia, com a participação de representantes da Secretaria de Saúde, do Ministério da Saúde (MS), da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), da Fiocruz, do Instituto Evandro Chagas (IEC), além de gestores estaduais de vigilância em saúde e membros da comunidade científica.
Comentários