Ocupação Naná Vasconcelos: um tributo aos tambores ancestrais

Evento convida o público a um passeio cheio de ritmo pela vida e obra do artista celebrado em todo o mundo |  Foto: Marcos Pastich/PCR

Para celebrar e dobrar reverências aos tambores ancestrais de Naná Vasconcelos, que até hoje ecoam e embalam ruas, celebrações e alegrias pernambucanas, o MAMAM recebe, a partir deste domingo (16), a exposição Ocupação Naná Vasconcelos.

Com curadoria do Itaú Cultural, expografia de Isac Filho e Juliana Rabello, da Casa Criatura, a mostra estreou em São Paulo no ano passado e agora chega ao Recife, convidando o público a um passeio cheio de ritmo pela vida e obra do artista celebrado em todo o mundo.

Cortejo abre a exposição

Abrindo alas para a mostra, um cortejo de maracatus sairá do Marco Zero, às 15h do domingo, em direção ao MAMAM. “Não podíamos deixar de fora os nossos maracatus, que até hoje são responsáveis por um dos momentos mais apoteóticos do nosso Carnaval. Naná foi o grande maestro das nações de maracatu, por tantos anos, então veio a ideia de integrar alguns desses grupos à mostra”, explica a secretária de Cultura, Milu Megale.

A concentração para o cortejo será no Marco Zero, a partir das 14h. Na chegada ao museu, os músicos promoverão um encontro simbólico entre os tambores de hoje e o legado de Naná, acrescentando instrumentos ao acervo da exposição.

Recife recebe Naná de volta

“A Ocupação Naná Vasconcelos ganha um significado especial ao ser acolhida no Recife, cidade que o viu nascer, crescer como artista e se tornar essa figura celebrada por todos”, afirma Galiana Brasil, gerente de Curadorias e Programação Artística do Itaú Cultural. “Naná é um símbolo da cultura local que ganhou reconhecimento mundial, com raízes no maracatu, no coco e em outros ritmos tradicionais pernambucanos”, completa.

A espiral da vida e da obra de Naná

A exposição é dividida em seis eixos temáticos, guiados pelos nomes de álbuns do artista. O percurso segue uma espiral do tempo, acompanhando sua trajetória através de cerca de 90 peças, incluindo objetos originais nunca antes expostos, como um tapete que ele usava durante os shows e seu icônico berimbau.

O berimbau de Naná: um símbolo da mostra

O berimbau original de Naná Vasconcelos está no coração da ocupação dedicada a ele. Construído pelo próprio artista em 1967, com uma corda de piano afinada em Fá, foi o único instrumento do tipo que ele utilizou durante toda a sua carreira. Guardado pela família desde sua morte, em 2016, foi exibido pela primeira vez em São Paulo e agora protagoniza a mostra no MAMAM.

Prêmios, fotos e registros inéditos

O acervo da exposição conta ainda com fotos, vídeos, vestimentas, instrumentos e objetos pessoais, incluindo o Grammy Latino conquistado por Naná em 2011 pelo álbum Sinfonia e Batuques.

Os álbuns Sinfonia e Batuques, Isso Vai Dar Repercussão, Codona, Contando Estórias e Africadeus conduzem o visitante por diferentes fases da vida do artista. O sexto eixo leva o próprio nome do homenageado, completando a espiral de sua jornada.

Sinfonia e Batuques: o espírito carnavalesco

O visitante é recebido com um grande vídeo da abertura do Carnaval de 2024, registrado especialmente para a exposição. Esse espaço destaca o fervor carnavalesco de Naná, exibindo roupas usadas por ele durante a festividade e entrevistas com outros carnavalescos, como André Brasileiro e Fábio Sotero, da Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco.

O menino do Batutas de São José

A trajetória de Naná começou na infância, observando os ensaios do pai e tocando percussão no bloco Batutas de São José. Autodidata, ele dominou diversos instrumentos e especializou-se no berimbau, levando sua arte para o mundo.

As parcerias e os grandes encontros musicais

Nos eixos Isso Vai Dar Repercussão e Codona, a mostra explora as mais de 400 colaborações do artista desde 1966. Aqui, o público encontra fotos, vídeos e playlists de músicas gravadas com ele, além da capa original do disco Codona, preservada pela família.

A música de Naná para as crianças

O álbum Contando Estórias, gravado em 1994, inspira o espaço dedicado à relação de Naná com a infância. Projetos como ABC Musical e Língua Mãe, que envolviam crianças do Brasil, Angola e Portugal, também ganham destaque.

Africadeus: a essência do berimbau

O álbum Africadeus, gravado em 1971, marca o momento em que Naná expandiu as possibilidades do berimbau. No centro desse eixo, seu instrumento é exibido como um objeto nobre, cercado por uma instalação de pedras usadas na percussão.

Intimidade e legado

O último espaço da mostra traz depoimentos da filha de Naná, Luz, e de sua companheira Patrícia Vasconcelos, além de fotografias raras do arquivo da família.

Realização e acesso à exposição

A Ocupação Naná Vasconcelos é uma realização do Itaú Cultural, com curadoria da gerência de Curadorias e Programação Artística, consultoria de Patrícia Vasconcelos e pesquisa do jornalista Mateus Araújo.

A temporada no MAMAM conta com apoio da Prefeitura do Recife, da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife.

Conteúdos exclusivos, como entrevistas e vídeos, estão disponíveis no site itaucultural.org.br/ocupacao.