Estudantes do Recife estão em Belém para apresentar projeto sobre lixo eletrônico
Delegação pernambucana participa do Observatório do Clima Marista com ação que já mobilizou mais de 900 toneladas de resíduos
Os avanços das mudanças climáticas e os impactos ambientais do consumo tecnológico estão sendo debatidos por estudantes pernambucanos que já estão em Belém (PA) participando do encontro nacional do Observatório do Clima Marista. O evento, realizado do dia 10 até esta sexta-feira (14), ocorre de forma paralela à COP30, conferência mundial da ONU sobre o clima. Uma instituição de ensino do Recife integra a delegação brasileira formada por jovens e educadores engajados em soluções sustentáveis e na ampliação da consciência socioambiental.
Projeto sobre lixo eletrônico é destaque
O grupo apresenta o projeto “Gincana Eletrônico Não é Lixo”, iniciativa que mobiliza escolas, empresas e comunidades do Nordeste para discutir o destino dos resíduos tecnológicos. Criada em 2009 e desenvolvida em parceria com a REEEcicle, a ação estimula o descarte responsável de eletrônicos — que, em 2024, resultou em mais de 900 toneladas de resíduos arrecadados na região. Alunos e professores participam ativamente da coleta, transformando a escola em um espaço dinâmico de cidadania ambiental.
Riscos do descarte irregular
A proposta incentiva uma mudança de mentalidade ao discutir “a vida após a morte dos eletrônicos” e os riscos do descarte inadequado para o meio ambiente e para a saúde pública. Sem tratamento correto, os aparelhos liberam metais tóxicos que contaminam solo e águas subterrâneas, gerando impactos cumulativos. O debate acontece em um cenário global no qual apenas 22,3% dos resíduos eletrônicos produzidos no mundo são reciclados.
Protagonismo estudantil
Para o professor Leandro Alberto, orientador do grupo, o diferencial do projeto é o protagonismo dos jovens. “Os próprios alunos assumem o papel de delegados ambientais, visitando turmas, sensibilizando colegas e envolvendo as famílias. É uma prática educativa que sai do campo teórico e se transforma em ação concreta, com resultados mensuráveis e efeito multiplicador”, afirma.
Resultados e novas iniciativas
A experiência impulsionou novas frentes de ação, incluindo a criação de um grupo de trabalho estudantil de sustentabilidade, a instalação de uma estação drive-thru de coleta de resíduos eletrônicos e a adesão ao programa Vale Luz, da Neoenergia, que troca materiais recicláveis por descontos na conta de energia. As iniciativas reforçam o compromisso da escola com a economia circular e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Educação como vetor climático
Para os organizadores, a presença dos estudantes reforça o papel estratégico da educação na transição ecológica. O Observatório reúne jovens de todas as regiões do país para debater temas como justiça climática, consumo consciente e soluções comunitárias. “Quando estudantes assumem a palavra em um evento que ocorre ao lado da COP30, mostram que as respostas às mudanças climáticas também nascem das escolas e das experiências locais”, avalia a coordenação nacional do projeto.
Juventude nordestina em ação
Ao representar Pernambuco já em solo paraense, os estudantes ampliam uma mensagem essencial: a de que o futuro climático do planeta exige transformar conhecimento em ação coletiva. A participação da juventude nordestina nesse espaço simboliza o reconhecimento de uma boa prática ambiental e a urgência de repensar o papel da educação diante da crise climática. Em meio a desafios cada vez maiores, o protagonismo jovem se apresenta como uma chave para uma sociedade mais sustentável e consciente.
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