Dia do Fonoaudiólogo destaca avanços da profissão e desafios no acesso
Data destaca avanços da categoria e alerta para a falta de profissionais na rede pública de saúde e educação
A comunicação humana — falar, ouvir, mastigar, deglutir — depende, muitas vezes, do olhar especializado de profissionais essenciais ao sistema de saúde. No Dia do Fonoaudiólogo, celebrado em 9 de dezembro, ganha destaque a atuação de quem está presente em maternidades, escolas, hospitais e empresas, promovendo prevenção, avaliação e reabilitação de funções fundamentais da vida cotidiana.
Entre o choro que anuncia um recém-nascido e a fala madura que envelhece conosco, há um profissional que conduz cada detalhe da comunicação humana.
Acesso ainda limitado e desigual
Apesar da expansão da atuação profissional, o Conselho Regional de Fonoaudiologia da 4ª Região (Crefono 4) — que abrange Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba — alerta para a necessidade de ampliar o acesso aos serviços, especialmente nas redes públicas de saúde e educação.
Para a presidente do Crefono, Jonia Alves Lucena, a presença desses profissionais em escolas, unidades básicas de saúde e hospitais é essencial para garantir diagnósticos precoces, intervenções adequadas e inclusão de pessoas com deficiência. A entidade reforça que a oferta ainda é insuficiente diante das demandas crescentes.
O Brasil contabiliza cerca de 57.263 fonoaudiólogos registrados em todo o país, segundo dados de maio de 2025 do Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa). Já no conjunto dos estados do Nordeste atendidos pelo CREFONO 4, há 6.690.
Desigualdade territorial e déficit na saúde pública
Apesar do crescimento expressivo nas últimas décadas, a cobertura da categoria na atenção básica de saúde continua aquém do ideal.
Segundo o estudo Fonoaudiologia na Atenção Básica à Saúde no Brasil, da UNIFESP, em 2024 havia 5.335 fonoaudiólogos atuando na atenção básica do sistema público, quando o ideal estimado — com base no parâmetro de um profissional para cada 10 mil habitantes — seria 21.258. Isso revela que o atendimento cobre apenas cerca de 25% da demanda necessária.
O levantamento aponta ainda que os estados com maior déficit relativo incluem São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul e Pernambuco — o que reforça a desigualdade na distribuição dos serviços de fonoaudiologia no país.
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Desafio nas políticas públicas
A Fonoaudiologia vem conquistando espaço nas políticas públicas em áreas estratégicas, como alfabetização, inclusão de pessoas com deficiência, saúde do trabalhador, envelhecimento e desenvolvimento infantil. Mesmo assim, ainda há um caminho a percorrer para consolidar sua presença de forma mais ampla e integrada.
“A data é uma oportunidade para celebrar os avanços da Fonoaudiologia e, ao mesmo tempo, sensibilizar gestores públicos sobre a necessidade de garantir acesso universal aos cuidados fonoaudiológicos. Investir em comunicação humana é investir em cidadania, inclusão social e saúde integral”, afirma Jonia Alves Lucena, presidente do Crefono 4.
Veja áreas nas quais o profissional de fonoaudiologia pode atuar
- Linguagem infantil – atrasos de fala, dificuldades na aquisição da linguagem.
- Linguagem adulta – afasias após AVC, dificuldades de comunicação adquiridas.
- Audiologia – avaliação da audição, adaptação e acompanhamento de aparelhos auditivos.
- Voz – tratamento de disfonias, acompanhamento de profissionais da voz (professores, cantores, radialistas).
- Motricidade orofacial – respiração, mastigação, deglutição, funções orais alteradas.
- Fonoaudiologia escolar – apoio a processos de alfabetização e inclusão.
- Saúde do trabalhador – prevenção e cuidados com profissionais que usam intensamente a voz.
- Reabilitação neurológica – pacientes com sequelas neurológicas e dificuldades de comunicação.
- Fonoaudiologia hospitalar – cuidados a recém-nascidos, disfagia, comunicação alternativa.
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