Dia de despedida de Leonardo Dantas, pesquisador que era "carnaval o ano inteiro"
Jornalista, que teve influência na criação da data de fundação do Recife, será sepultado
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Às 16h deste domingo (12), quase no crepúsculo, Pernambuco se despende, no Cemitério Parque das Flores, do jornalista e pesquisador Leonardo Dantas Silva, o “brincante”, homem que “era o carnaval o ano inteiro”, segundo nota enviada hoje pela Prefeitura do Recife.
Leonardo morreu na tarde deste último sábado (11), no Hospital Unimed. Estava internado para tratar de uma fibrose pulmonar, mas não resistiu. Em 2022, Leonardo foi eleito Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco.
“Leonardo deixa para Pernambuco a preservação da sua história e cultura popular. Papai fez tudo isso por amor", disse à filha Mariana Dantas, a jornalista Gabriela Castello Buarque, da produção da TV Tribuna.
Mariana era um das maiores fãs do pai, que tinha mais dois filhos (Antônio e Isadora). (Veja documentário mais abaixo).
Fundação do Recife
O pesquisador desempenhou um papel fundamental na criação da Data de Existência Histórica do Recife, estabelecendo o dia 12 de março de 1537 como o marco histórico da fundação da Cidade do Recife.
"Brincante devotado das mais genuínas tradições momescas do estado, era Carnaval o ano inteiro", afirmou Marcelo Canuto, presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, por meio de nota.
"Só um homem que conhecia como ele a história do lugar onde vivia seria capaz de preparar o futuro. Leonardo conjugava todos os tempos da nossa cultura. Agora cabe a nós seguirmos tocando e contando a história que ele ajudou a escrever", acrescentou.
Primeiro presidente
Leonardo Dantas desempenhou o papel inaugural como presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife e ocupou diversas posições no âmbito do poder público estadual. Além disso, era membro efetivo do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico de Pernambuco.
Sua trajetória inclui passagens em renomadas redações de jornais na cidade, assim como experiências marcantes como pesquisador no Arquivo Nacional português e em vários outros arquivos na Europa, evidenciadas por diversos carimbos em seu passaporte corporativo.
Torcedor do Santa Cruz
Torcedor do Santa Cruz, Leonardo Dantas, referiu-se ao clube, em certa entrevista, como O cão sem plumas, de João Cabral de Melo Neto, tendo entrado em sua vida por influência dos familiares.
Nascido em 10 de dezembro de 1945 na cidade do Recife, deu início à sua carreira no jornalismo em 1965 como repórter especial do Jornal do Commercio, destacando-se na condução da "Página Carnavalesca".
Na década de 1970, ampliou sua atuação, contribuindo também para a coluna da editoria de Cidades. Com uma passagem notável pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), assumiu a direção da Editora Massangana da Fundação Joaquim Nabuco de 1987 a 2002.
Leonardo, jornalista prolífico, foi autor e/ou organizador de 64 obras de estudos sociais, predominantemente focadas em Pernambuco. Em 1975, a convite do governador José Francisco Cavalcanti, assumiu a liderança do Departamento Estadual de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura de Pernambuco.
Cinco anos depois, em 1979, recebeu o convite do prefeito Gustavo Krause para criar um plano cultural na cidade do Recife, resultando na fundação da Fundação de Cultura Cidade do Recife.
Para se despedir do pai, a filha Mariana escreveu no instagram. a evocação nº 3 do Bloco da Saudade. "Partiu para eternidade. Deixando na sua cidade um mundo de saudade sem igual!".
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