Criança de 9 anos tem olho atingido por bala de gel. Veja riscos dessa brincadeira
Batalhas com fuzis de brinquedo que atiram balas de gel estão se tornando muito comuns, mas escondem riscos reais
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Com informações do repórter Carlos Simões, da TV Tribuna
Uma criança de 9 anos de idade foi atingida por um tiro de bala de gel e precisou passar por cirurgia no olho. O caso foi apresentado no Jornal da Tribuna, 1a. edição, apresentado por Artur Tigre, nesta terça-feira (3). Este não foi o primeiro acidente envolvendo uma arma de balas de gel no Grande Recife. No último dia 27, um homem foi assassinado em Olinda por conta de uma confusão surgida a partir de uma guerra de balas de gel.
Kauê Gomes está se recuperando do tiro que levou no olho no último domingo (1), quando brincava com coleguinhas no bairro de Pau Amarelo, em Paulista, Região Metropolitana do Recife. Ele participava de uma brincadeira que está se tornando comum entre as crianças, adolescentes e até adultos: a batalha de balas de gel, que são disparadas por uma arma de brinquedo que simula tiros de um fuzil automático (inclusive no barulho). O brinquedo utliza pequenas bolinhas de gel, que deveriam ser inofensivas, mas não é o que acontece quando atingem órgãos sensíveis do corpo, como os olhos.
Segundo o repórter Carlos Simões, o pequeno Kauê estava utilizando uma espécie de óculos justamente para se proteger dos tiros. Foi num momento de descuido, ao tirar a proteção, que ele foi atingido. O menino passou por cirurgia na Fundação Altino Ventura, já tirou o tampão do curativo que foi feito e volta aos poucos a enxergar. Mas o susto foi grande.
Kauê foi socorrido pelo tio, Rafael Gomes, que acompanhava a brincadeira justamente para intervir caso houvesse algum excesso. "Quando eu vi, ele botou a mão no olho e começou a gritar e a chorar. Na hora, não vi nada de errado no olho dele mas depois, começou a ficar vermelho, da cor de sangue, foi quando me desesperei", disse o tio de Kauê, que até postou um vídeo nas redes sociais para alertar sobre os perigos e os cuidados que se deve ter com a arma de balas de gel:
ATENDIMENTO MÉDICO
A médica oftalmopediata Geórgia Parente, da Fundação Altino Ventura, disse a Carlos Simões que o que Kauê teve foi um hematoma hemorrágico, e, apesar de estar evoluindo bem no tratamento, ainda existe um pequeno risco de perda de visão. Para a médica, o melhor conselho para as famílias é não permitir que as crianças brinquem com armas de gel.
"Existe um potencial muito grande de lesionar os olhos nessa brincadeira. Desde uma abrasão na córnea, que é um machucadinho na frente do olho, ou algo mais grave, como um trauma contuso, ocasionando uma hemorragia, como foi o caso de Kauê, ou ainda descolamento de retina ou mesmo perfuração ocular, que, neste caso, tem uma resolução muito difícil", alertou a médica.
O QUE DIZ A POLÍCIA
A reportagem da TV Tribuna ouviu ainda o especialista em segurança, Giovane Santoro, que disse que essas armas de gel, que são vendidas livremente no Brasil, podem ser configuradas como contrabando (já que são fabricadas na China e podem estar entrando irregularmente no Pais).
Giovane Santoro disse ainda que o Estatuto do Desarmamento proíbe a venda e o uso de "simulacros" de armas no País. Mas, no caso das armas de balas de gel, o Exército já se posicionou que essas armas não são consideradas simulacros. "Como ainda não há regulamentação, portar esse tipo de arma não é crime, mas entendemos que essas armas podem sim serem confundidas com armas de fogo e expor crianças e adolescentes a uma tragédia", diz Santoro.
Para o especialista em segurança, um grande risco é essas "batalhas" de rua, serem confundidas com ocorrências criminosas. "Nessas batalhas em locais públicos, pode haver a impressão de que está ocorrendo um arrastão ou briga entre gangues, e um policial pode ser acionado por alguém que confunda esse tipo de brincadeira por algo mais sério, e daí haver uma confusão, um acidente. Também já há indicios que tem gente congelando essas balinhas de gel para causar um dano maior, o resultado pode ser uma lesão corporal ou uma cegueira. É preciso regulamentar esse tipo de arma para que se proíba o uso em locais púlicos e que pessoas possam ser reponsabilizadas pelo mau uso", afirma Santoro.
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