Câmara Criminal decide, por unanimidade, manter prisão do Padre Egídio
Vida de luxo e gastos do religioso são investigados
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A Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) anunciou, por unanimidade, neste terça-feira (30), a decisão de manter a prisão do padre Egídio de Carvalho e das ex-diretoras do Hospital Padre Zé, Jannyne Dantas Miranda e Silva, e Amanda Duarte da Silva Dantas (ex-tesoureira). Os três são suspeitos de participação em um esquema de desvio de recursos e fraudes na administração do hospital, localizado em João Pessoa.
O padre é suspeito, por exemplo, de possuir 29 imóveis de alto padrão, distribuídos entre Paraíba, Pernambuco e São Paulo, além de realizar investimentos milionários em vinhos, decorações e obras de arte, todos supostamente adquiridos com dinheiro desviado do Hospital Padre Zé e outras instituições.
A determinação de manter sua prisão foi estabelecida durante a 2ª Sessão Ordinária realizada por videoconferência nesta terça-feira (30). No desfecho, Amanda Dantas permanecerá em prisão domiciliar, enquanto padre Egídio e Jannyne Dantas continuarão detidos em unidades prisionais.
O pedido de habeas corpus, formulado pelo advogado Luciano Santoro, representante do padre Egídio, e pelo advogado Hoberdan Coelho, defensor das ex-diretoras, foi submetido à apreciação durante a sessão.
Alegando a ausência de fundamentos para a manutenção das prisões, os advogados argumentaram a inexistência de riscos à ordem pública e à continuidade das investigações.
Contrapondo as alegações da defesa, o Ministério Público da Paraíba (MPPB) defendeu a permanência das prisões, enquanto o desembargador Ricardo Vital, relator do processo, refutou os argumentos apresentados pelos advogados. A Câmara Criminal, em decisão unânime, seguiu a posição do relator, mantendo as prisões dos envolvidos no controverso caso do Hospital Padre Zé.
Padre Egídio tem vida de luxo investigada
A prisão preventiva do Padre Egídio revelou detalhes impressionantes sobre suas suspeitas de enriquecimento ilícito e desvio de recursos hospitalares. A investigação do caso também destacou que, apesar do salário líquido do padre girar em torno de R$ 16 mil, ele custeava uma mensalidade de R$ 13 mil para um curso de medicina em São Paulo, demonstrando gastos incompatíveis com sua renda.
A suspeita também recaiu sobre a aquisição de um carro de R$ 122 mil, supostamente pago à vista com recursos públicos destinados ao Instituto São José.
Os gastos extravagantes analisados incluem inúmeros orçamentos pagos para reformas e ambientação dos imóveis, eletroeletrônicos de luxo e peças de decoração incompatíveis com seu padrão financeiro. O padre também é acusado de desviar R$363.9 mil na compra de 38 monitores multiparamétricos destinados ao tratamento de pacientes com Covid-19.
A investigação revela ainda que, em um único dia, o padre teria gasto mais de R$ 29 mil em vinho, totalizando R$ 109,9 mil ao longo do ano. Saques expressivos de até R$ 350 mil foram destinados à compra de itens de decoração, reforçando a suspeita de expansão de seu patrimônio pessoal.
O padre está afastado das funções religiosas desde setembro.
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