Para acabar com boatos, Canadá exige comprovação da morte de escritor em Guarapari
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A morte do escritor canadense e empresário Michel Brûlé, aos 56 anos, em um acidente em Guarapari, no Espírito Santo, teve grande repercussão no país de origem, sobretudo à condenação que ele teve na Justiça por assédio sexual.
Por faltar menos de 20 dias para a audiência judicial final, quando seria confirmada ou não a condenação, e pelo fato de Michel ter morrido em outro país, gerou boatos no Canadá de que a morte teria sido forjada.
A Procuradoria Geral do Canadá informou ao Tribuna Online que a morte de Michel ainda não foi confirmada para a Justiça canadense e será exigida documentação que comprove a morte do escritor.
O advogado de Michel, Charles Brochu, declarou que vai apresentar os documentos necessários à Justiça. Diante das alegações, o irmão do escritor, o engenheiro Martín Brûlé passou o velório e o enterro fazendo diversas filmagens e fotos.
“Não acreditar na morte de Michel está sendo uma grande maldade deles. Foi uma fatalidade. Michel foi vítima de um complô político, que uma pessoa fez uma acusação horrível por dinheiro, e acabou destruindo a vida do meu irmão. Depois desse evento, ele não pôde mais trabalhar como editor, a reputação dele acabou. E as pessoas acreditam que foi verdade. Outros países mais evoluídos proíbem de fazer acusações sem o último julgamento. Sem provas, meu irmão é acusado de colocar a mão no ombro de uma pessoa sem o consentimento dela. Não foi nada mais grave do que isso”, declarou o irmão.
Morte confirmada no local do acidente, diz Bombeiros
O acidente que matou Michel Brûlé aconteceu na segunda-feira (31), por volta das 14h40, na localidade de Buenos Aires, em Guarapari, segundo acionamento feito ao Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo.
Por telefone, o solicitante informou que Michel chocou-se de bicicleta contra uma cerca, estando inconsciente no local. O resgate dos Bombeiros foi acionado, e chegando ao local constatou que a vítima já estava morta.
Em seguida, com a chegada a perícia da Polícia Civil, o corpo de Brûlé foi levado para o Departamento Médico Legal (DML), em Vitória, e liberado para sepultamento na manhã desta terça-feira (1) pelos familiares. A causa da morte foi confirmada pela polícia como "traumatismo torácico por ação contundente".
"Meu irmão acabou se tornando vítima de um golpe", alega irmão
Michel foi condenado por assédio sexual em outubro de 2020, mas sua defesa recorreu da decisão e a sentença final era aguardada. Estava marcada para o dia 18 de junho. O assédio teria acontecido em 2014, segundo a denunciante, e o caso veio à tona em 2019, durante período eleitoral.
Foi justamente quando Michel se candidatou a prefeito na cidade de Montreal que a mulher o acusou de assédio. Para Martín, a acusação foi um golpe e ele acredita que foi um erro o irmão buscar uma carreira política.
“Foi um erro tentar a carreira política, pois meu irmão acabou se tornando vítima de um golpe. Ele denunciava muitas fraudes do governo. Michel foi uma pessoa que lutou a vida inteira para que Quebec ficasse somente como francês. E estava sempre contra os golpes políticos que lá existem. Quando se candidatou, criou-se a denúncia para destruir a campanha de Michel, e ele decidiu se afastar”, disse Martín.
A mulher que o acusa de assédio sexual, segundo o irmão, teve a publicação do livro recusada. “Ele recusou e disse que não seria publicado. Eles tiveram um ‘flerte’ (paquera), e eram pessoas da mesma idade”, completa Martín.
Escritor estava em Guarapari há sete meses
Michel vivia em Guarapari desde dezembro de 2020, e o irmão ressalta que ele nunca fugiu do Canadá. “Na primeira vez que voltaria, testou positivo para Covid. Na segunda vez, no último dia 09, ele já estava dentro do avião, quando o gerente o chamou informando que ele deveria sair porque os Estados Unidos não aceitariam o desembarque dele por ter que ir para o Canadá, e teria que ser um voo direto para o Canadá. Só que no Brasil não há”, explicou.
Martín ainda garantiu que Michel aguardava a sentença final no Brasil pelo fato das audiências estarem acontecendo de forma online.
“Não mudaria nada ele ter ficado aqui ou no Canadá. A videoconferência se faz pelo computador, e estando aqui ou lá, nada mudaria, pois bastava estar na frente do computador. Quando foi condenado, poderia ter pago a condenação em trabalho comunitário, mas ele decidiu ir até o fim, e recorrer da decisão do juiz”, finalizou Martín.
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