Um passeio pelos vinhedos de inverno
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Chegar às Montanhas Capixabas no coração do inverno, caro leitor, é como abrir a porta para um cenário inesperado. O frio corta o ar, a paisagem respira mais devagar, e entre colinas e chalés surge uma surpresa: uvas maduras, brilhando no sol da estação. É impossível não sentir que estamos diante de um pedacinho da Toscana em terras capixabas.
Quem me recebeu foi o empreendedor Gustavo Vervloet, com o entusiasmo de quem aposta alto em um sonho.
Ali, diante dos parreirais, descubro a novidade: vinhedos que desafiam o calendário. Enquanto o mundo inteiro colhe uvas no verão, aqui a colheita acontece no inverno.
O segredo está na dupla poda, técnica que “engana” a planta para que produza seus cachos na época mais fria e seca do ano.
Passeando entre as fileiras, vejo cachos da variedade Syrah prestes a serem analisados. O frio das noites, que chega a 5 graus, e os dias de sol com até 26 graus criam uma combinação perfeita: acidez preservada, açúcar no ponto certo e uma fruta que promete vinhos de excelência.
Nada acontece por acaso. Cada etapa do cultivo é planejada, do gotejo que irriga e nutre as plantas ao calendário semanal de nutrientes que segue à risca a consultoria de especialistas. Cuidar das videiras, diz Gustavo, é como cuidar de um bebê.
Mas não é só sobre a uva.
O projeto também envolve turismo. Ao lado do vinhedo, um restaurante consolidado e uma pousada charmosa com oito chalés recebem visitantes em busca de vinho, comida e descanso. No wine garden, taças se erguem em brindes que unem paisagem e sabor, criando experiências que ficam na memória.
Enquanto caminho pelas parreiras, penso no futuro. Outras variedades já estão chegando, como Malbec e Cabernet Sauvignon, ampliando o potencial enoturístico das montanhas. As plantas ainda são jovens, mas carregam promessas de vinhos cada vez mais sofisticados. Gustavo me confidencia que tudo isso é apenas a ponta do iceberg.
E, olhando aqueles cachos brilhando na luz suave da tarde de inverno, tenho certeza de que estamos assistindo ao início de uma história que vai transformar as Montanhas Capixabas em referência no mapa do vinho brasileiro.
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