Quando o dinheiro cria raízes
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De vez em quando, eu paro e penso no caminho que o dinheiro faz quando sai da nossa mão. Parece pouco — uma moeda que cai no cofre do troco, uma nota que vai para o bolso de alguém — mas, quando esse dinheiro encontra um lugar chamado cooperativa de crédito, ele não para ali.
Ele se espalha como semente em terra fértil. Outro dia li um estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que me deixou de olhos arregalados.
Descobri que, no Brasil, cada real emprestado por uma cooperativa não vale só um real: vale R$ 2,56 na economia. É como se o dinheiro ganhasse pernas, mãos, vontade própria.
A cada real, vem junto R$ 1,17 de valor adicionado, R$ 0,11 de imposto que volta pro nosso asfalto, pra escola da esquina, pra farmácia pública. E meio real vira salário no contracheque de quem acorda cedo pra abrir a loja, tocar a roça, rodar o caminhão.
Pode parecer exagero, mas a cooperativa de crédito muda o lugar onde mora. Um município com cooperativa tem, em média, um PIB per capita quase quatro mil reais maior por habitante.
Ganha mais emprego — 25,3 vagas formais pra cada mil moradores — e o salário de todo mundo cresce junto: R$ 115 a mais na massa salarial por pessoa. É como se todo mundo ganhasse um décimo terceiro extra, mas todo mês.
E quando o assunto é empreender? Mais 3,2 negócios brotam em cada mil habitantes. Tem mais oficina na esquina, mais padaria na rua de cima, mais gente testando receita de bolo pra vender na vizinhança.
E a roça também sente o vento bom: cresce 1,92 ponto na área plantada, cada hectare rende R$ 1.371 a mais, e a produção dispara: R$ 466 a mais por hectare.
Mas não é só de números que vive uma comunidade. A cooperativa mexe com a vida real: são 20,5 famílias a menos vivendo na pobreza a cada mil habitantes. E 12,3 famílias que saem do Cadastro Único, voltam a sonhar, voltam a planejar.
E a educação agradece: 3,2 estudantes a mais na faculdade por mil moradores. Pode parecer pouco, mas imagine três estudantes a mais na sua rua. Três futuros engenheiros, enfermeiras, professores.
No fim das contas, não é só sobre dinheiro. É sobre gente. É sobre ver o vizinho crescer e crescer junto. Sobre acreditar que cooperar é muito mais do que dividir lucro — é multiplicar futuro.
Da próxima vez que alguém me perguntar por que eu escolhi uma cooperativa, eu vou responder sem pestanejar: porque eu não quero que meu dinheiro durma parado.
Eu quero que ele acorde cedo, trabalhe o dia todo, plante esperança, colha prosperidade e, quando voltar, me conte tudo o que ajudou a transformar.
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