“Não sabia se eu ia deixar o hospital vivo”, diz vereador curado da Covid-19
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Após 19 dias com sintomas do novo coronavírus, o vereador de Vila Velha, Heliosandro Mattos, 54 anos, contou como foi a luta contra a doença. Nesta segunda-feira (29), ele recebeu alta, após quatro dias de internação e contou que se apegou a fé e à vontade de estar com a filha, Helina, de 7 anos, para reverter o quadro clínico. “Eu não tinha nenhuma certeza de que deixaria o hospital vivo”.
A Tribuna – Quando começou a apresentar os sintomas?
Heliosandro Mattos – Foi no dia 11 de junho, uma quinta-feira. No final da tarde, comecei a sentir náuseas e dores de cabeça. Interrompi as visitas que estava realizando em bairros de Vila Velha. Avisei minha mulher que estava com sintomas da Covid-19 e eu iria ter que me isolar.
Buscou tratamento?
Na sexta-feira (dia 12), fiz contatos com a rede municipal de saúde e relatei meus sintomas. O médico de saúde da família entendeu por bem iniciar o tratamento em casa com remédios. Desmarquei todas as agendas de trabalho presencial.
Os sintomas eram leves?

Leves não. Este vírus é muito agressivo. O sofrimento é absurdo. Do dia 22 de junho para cá, iniciei quadro do “corpo tremer” sem parar. Fiquei tentando administrar em casa. Porém, na última quinta-feira, comecei a ter muita dificuldade respiratória. Aí tive de me hospitalizar pelo meu convênio. Os exames verificaram lesões em mais de 33% de meus pulmões.
Quais medicações tomou?
Os médicos me colocaram, de modo muito honesto, a inexistência de remédios contra o vírus. Me trataram com antibióticos, remédio para verme, para dores de cabeça e para febre. Só remédios para controlar os sintomas. Também me deram remédio à base de corticoide. Precisei de auxílio mecânico para compensar a falta de ar.
O que considerou a parte mais difícil desse período?
Medo de contaminar outra pessoa e carregar remorso. Ninguém merece passar pelo que passei.
Em algum momento achou que poderia se agravar mais?
Se agravou muito após a falta de ar. Mas jamais perdi a fé. Quando me vi isolado num leito de hospital, tinha total certeza de que só Jesus me tiraria daquele leito.
Hoje já está recuperado?
Ainda tenho muitos dias para superar a lesão dos pulmões. Estou com restrição para uso de telefone e falar por médio ou longo tempo em reunião. Mas estou em casa com minha família. Sobretudo com minha filha de 7 anos que chorou muito numa chamada de vídeo ao me ver com cateter para respiração no nariz. Ela foi grande motivação para eu não desanimar.
Sabia que tinha de manter a confiança em Deus. Vi muita gente chegar bem arrumado no hospital e sair com seus corpos em sacos plásticos. Não é uma “gripezinha”.
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