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Política

Mulher transgênero na disputa por prefeitura


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O Espírito Santo que já ostentou o fato de possuir a primeira presidente de câmara municipal transexual do Brasil, através da ex-vereadora de Nova Venécia, Moa Selia Filho, falecida em 2017, poderá ter a partir de 2021 uma mulher transgênero no comando de uma prefeitura.

Trata-se da cabeleireira Bianca Biancardi, de 52 anos, pré-candidata este ano à prefeita de Cariacica pelo Partido da Mulher Brasileira (PMB).

O que mais chama atenção, porém, em Bia do Salão, como é mais conhecida, é a sua identificação com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que já se envolveu em várias polêmicas com a comunidade LGBTQIA+ (sigla para lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, transexuais e travestis, queer, intersexo, assexuais e outras possibilidades de orientação sexual e identidade de gênero).

Uma das polêmicas, foi quando em maio, deste ano, o Presidente postou um vídeo do autoproclamado filósofo conservador Olavo de Carvalho com uma fala considerada transfóbica.

“Porque no século XX, agora XXI, todo mundo está sendo submetido a esse tipo de opressão do politicamente correto. Se você vê um homem que diz que é mulher, você tem que dizer que ele é mulher, se não você pode ir para a cadeia. Como que é isso? Então eu estou vendo um rinoceronte e tenho que dizer que é uma galinha.”

Bianca Biancardi, que também se autodeclara conservadora tira por menos e diz que muitas coisas Bolsonaro fala da boca para fora e que seu governo possui políticas para pessoas do grupo LGBTQIA+.

A Tribuna – Você é apoiadora do Bolsonaro?
Bianca Biancardi – Sou eleitora dele, penso bastante como direita. Eu não aprovo e nem me enquadro  muito nessas questões e pensamentos da esquerda. Eu me defino como uma pessoa conservadora. Sou cristã, católica, contra algumas coisas que a esquerda defende. Se uma pessoa trans tiver direito a estudo ao trabalho  ela vai ser feliz.

Mas não existe aí uma controvérsia já que o Bolsonaro já fez críticas a essas pessoas?
As pessoas às vezes falam coisas mal faladas, mal pensadas. Se ele tivesse problema com isso não teria uma ministra que defende a classe como a Damares (Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos)  está defendendo.  Anos atrás ele falou coisas, mas não vi o Presidente dar depoimento hoje em dia que vai contra o gay. Já vi alguns vídeos editados de anos atrás quando era deputado ainda e nem era tão conhecido.

Imagem ilustrativa da imagem Mulher transgênero na disputa por prefeitura
Bia do Salão se identifica com o Presidente, que se envolveu em polêmicas com a comunidade LGBTQIA+ |  Foto: Fábio Nunes/ AT

Você gosta, tem simpatia por ele então?
Ele é honesto, coisa que na minha vida inteira nunca vi em um presidente. Com essa questão da pandemia, nunca vi tantas pessoas tendo assistência que está tendo agora. Pessoas que não tinham o que comer e ele não está deixando elas passarem fome.

Você falou de projetos do governo para as pessoas trans. Quais são?
A ministra Damares tem projeto muito legal para mulheres trans, que fala de profissionalização, de torná-las pessoas produtivas, não colocá-las como seres inferiores. O que vejo muito é colocá-las como coitadas, pois são pessoas que podem lutar pela vida delas. 

Você participa de algum movimento LGBTQIA+?
Tenho o salão, várias funções da igreja que participo e sou síndica de condominio. Essas entidades também precisam de pessoas atuantes, tenho amigas que são atuantes, eu não tenho essa disponibilidade toda.

O que acha destes movimentos?
Não me sinto representada por eles e não sei sobre suas pautas.

Qual foi o momento da sua vida que você se deu conta da sua identidade de gênero feminino?
Tomei essa consciência com 7 anos, quando na escola fui proibida de ir no banheiro feminino. Com 15 anos eu já era uma menina. Com 12 anos havia iniciado o processo de hormonioterapia, para adequar meu corpo à minha cabeça, ficando por último o órgão genital, que foi modificado para adequar totalmente minha mente com o corpo.

Quando fez a operação de troca de sexo?
Foi há 22 anos com a cirurgia de transgenitalização genital feita pela Hucam (Hospital Universitário da Ufes Cassiano Antonio Moraes).

Sobre a política, por que quer ser prefeita?
Está muito complicada a vida das pessoas em Cariacica. Muito deficiente em vários aspectos, Saúde muito ruim, segurança péssima, atendimento a idosos.

Esse será seu plano de governo quando for registrar sua candidatura?
Isso tudo será minha pauta para gestão. Também gostaria que houvesse centro de acolhimento para moradores de rua. A prefeitura também possui  muitos funcionários sem trabalhar. Isso tem que mudar. Quero economizar com esses funcionários e investir na Saúde e em escolas de tempo integral.

Quem é

Apoio a Bolsonaro

  • Bianca Biancardi: transgênero feminina e cabeleireira, de 52 anos, pré-candidata esse ano à prefeita de Cariacica pelo Partido da Mulher Brasileira (PMB). Ela é conhecida como Bia do Salão.
  • Trabalha há 36 anos na profissão e possui salão próprio há 31. O seu estabelecimento fica no Shopping Campo Grande, em Cariacica.
  • A pré-candidata se autodeclara conservadora e é apoiadora do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido).

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