Ministério Público diz que gravação envolveria padre em trama de morte
Escute essa reportagem

Gravações encontradas em equipamentos eletrônicos do padre celebridade Robson de Oliveira, que costumava reunir multidões em suas missas pelo Brasil, segundo investigações do Ministério Público de Goiás (MP-GO), apontariam o religioso tramando a morte de um membro da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), localizada em Trindade (GO).
“Se você pudesse matar ele para mim, eu achava uma benção. Acaba com esse cara, bicho. Isso aí só vai atrapalhar nossa vida. Para mim, até hoje, foi um atraso”, teria dito o sacerdote, em conversa com um advogado.
O desafeto do religioso, segundo MP-GO, seria Anderson Fernandes, envolvido em esquemas de pagamento de suborno. As gravações de reuniões, feitas pelo próprio padre, foram apreendidas em agosto do ano passado na operação Vendilhões, desencadeada pela promotoria.
As mensagens foram divulgadas neste domingo pelo programa Fantástico, da Rede Globo. A defesa do religioso sustenta que o padre é vítima de extorsão e perseguição por meio de montagens e adulterações de mensagens.
As gravações foram periciadas a pedido do Ministério Público de Goiás. Houve comprovação técnica de que a voz era do padre Robson. Em nota enviada ao Fantástico, Anderson Fernandes disse que o padre, ao mencionar que queria matá-lo, estava fazendo uma brincadeira.
O material apreendido também revelaria, segundo o MP-GO, indícios de pagamento de suborno a alguns desembargadores do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) por meio da compra de sentenças.
Em nota, a presidência do TJ-GO comunicou que não se pode presumir a ocorrência de irregularidades no julgamento de processos a partir de conversa mantida entre advogado e cliente.
Em outubro do ano passado, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás decidiu arquivar investigação criminal contra o padre Robson de Oliveira, suspeito de desviar R$ 120 milhões de doações de fiéis. A decisão provocou uma série de críticas nas redes sociais que foram consideradas “manifestações hostis e caluniosas” pela associação de magistrados.
Em dezembro do ano passado, a Justiça autorizou a retomada das investigações. Em seguida, o Ministério Público denunciou o religioso e outras 17 pessoas. Logo depois, uma decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) ratificou a paralisação do processo. O Ministério Público recorreu da decisão.
Padre Robson era investigado pelos crimes de organização criminosa, lavagem de capitais e apropriação indébita, na Operação Vendilhões. O padre é o principal nome que atrai milhares ao Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO).
O novo templo em construção teve a obra iniciada em 2012, deve consumir R$ 1,4 bilhão e ainda não foi concluído. Após a operação, o padre foi afastado da presidência da Associação dos Filhos do Pai Eterno (Afipe), da qual é fundador e que intermediava o uso do dinheiro dos fiéis.
Comentários